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Bioeconomia pode gerar US$ 1 bilhão no Amazonas

Bioeconomia pode gerar US$ 1 bilhão no Amazonas

A possibilidade de fortalecimento da bioeconomia, com ações capazes de fortalecer o empreendedorismo sem devastação, pode gerar mais de US$ 1 bilhão à Amazônia. A discussão sobre as oportunidades que as novas tecnologias podem gerar para o desenvolvimento econômico da região, foi levantada pelo biólogo e doutor em Dimensões Humanas dos Recursos Naturais pela Universidade do Colorado ( EUA), Ismael Nobre, durante a webconferência “Desmatamento e Queimadas na Amazônia: Desafio de Todos!”, realizada pelo TCE/AM (Tribunal de Contas do Amazonas) nesta sexta-feira (17).

Durante sua palestra, o biólogo apresentou o projeto “Amazônia 4.0 – uma terceira via para a Amazônia” no qual propôs ampla discussão sobre como alinhar o conhecimento da biodiversidade amazônica às características da 4ª Revolução Industrial. “O projeto Amazônia 4.0 representa o uso das novas tecnologias que nunca estiveram disponíveis para propiciar um desenvolvimento econômico da Amazônia, com respeito à floresta, a partir dos valores da floresta”, destacou Nobre.

Segundo ele, a bioeconomia promovida pelo projeto é baseada no uso dos ativos biológicos e biométricos para desenvolver a Amazônia. O biólogo exemplificou a bioeconomia com o uso do açaí, de diferentes formas, em distintos lugares, gerando mais de US$ 1 bilhão para a Amazônia, sem devastar a floresta.

No entanto, para Ismael Nobre  os desafios para se agregar valor no interior do território amazônico, são muito grandes  em decorrência do isolamento, da ausência de infraestrutura e logística, bem como de equipamentos e treinamentos. “Todos esses fatores precisam ser equacionados para você ter agregação de valor, do contrário é a economia como ela é tradicionalmente a partir da produção com a matéria-prima amazônica, com mínimos recursos. Aquilo sai da Amazônia e vai ser agregado valor em outros ambientes”, explicou Ismael Nobre.

Em sua palestra, o biólogo também citou alguns exemplos de tecnologias que podem ser usadas para desenvolver a economia na Amazônia até chegar às tecnologias da indústria 4.0, que é caracterizada pelos sistemas ciberfísicos, internet e redes de comunicação.

Desmatamento em níveis irreversíveis

Em outra palestra, durante a  webconferência sobre questões amazônicas, promovida pelo TCE/AM, o presidente do comitê científico do International Geosphere Biosphere Progamme, Carlos Nobre, afirmou que o desmatamento da Amazônia alcançou níveis irreversíveis.

“Não estamos, infelizmente, longe desse ponto de não retorno. Se em meados de 2050, este cenário com a mudança climática, o desmatamento em 20% e os efeitos do aumento nos incêndios florestais, teremos uma parte de savana que tornaria as consequências irreversíveis na floresta amazônica”, ressaltou o pesquisador.

Ele apresentou dados que mostram o porquê da necessidade dos órgãos públicos fomentarem a discussão acerca da temática, sobretudo os que estão diretamente envolvidos na preservação da floresta amazônica.

Com a temática “Está a Amazônia próxima de um ponto de não retorno?” o pesquisador destacou as peculiaridades da floresta amazônica, que consegue gerar umidade e chuva para si mesma, diferente de outros biomas, sendo fator primordial em sua biodiversidade.

“A floresta amazônica existe porque não existe uma estação seca, como é o exemplo do cerrado. A floresta gera condições para sua própria existência, gerando chuva, tornando a estação seca muito curta. Essa evolução biológica faz um solo super úmido e, portanto, quando tem uma descarga elétrica, não propaga fogo. Por isso o tamanho da biodiversidade na Amazônia”, explicou o pesquisador Carlos Nobre.

Ele destacou o avanço do desmatamento na região e afirmou que as queimadas estão convertendo uma grande parte da Amazônia em espécies de savanas, o que irá refletir diretamente na condição climática da região, podendo influenciar, negativamente, na biodiversidade do bioma amazônico. Dados do sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) demonstram, segundo Carlos Nobre, que o país tem falhado em conter o desmatamento, com a ausência de ações efetivas de fiscalização.

Desde 2015 os números de desmatamento vêm aumentando, mostrando, ainda, uma tendência de continuidade para os próximos anos. Segundo ele, o desmatamento tem relação direta com o aumento no número de queimadas. Para o pesquisador, é possível contornar esse ponto de não retorno previsto pelos estudos. Porém, é necessário que se aumentem as ações de controle e combate aos desmatamentos e queimadas na floresta.

Amazonas mobilizado

Durante a webconferência, promovida pelo TCE/AM, o governador Wilson Lima afirmou, que o Amazonas está mobilizado nas ações de prevenção e controle ao desmatamento e queimadas. Segundo o governador, a Amazônia está entrando no período de estiagem, época do ano em que historicamente mais se registram focos de calor na região, exigindo atenção redobrada das forças de vigilância do Estado.

Wilson

“O Amazonas começa a se mobilizar e tem o comitê permanente de controle de desmatamento e queimadas, e aí a gente começa a trabalhar com mais intensidade a partir de maio, montando rodas de conversa e capacitação nos municípios”, afirmou.

Wilson Lima também destacou o planejamento do Governo do Estado, por meio da  Sema (Secretaria de Meio Ambiente), para o combate aos crimes ambientais nesse período, com operações concentradas principalmente no Sul do Amazonas e Região Metropolitana de Manaus.

“Tem alguns movimentos que já fizemos nesse ano, como a adesão à GLO, que é a Garantia da Lei e da Ordem, com ajuda do Exército. Lançamos o nosso plano de controle de queimadas e prevenção, e já temos uma boa notícia, que é a redução de 12% nos alertas de desmatamento nesse mês de junho, em relação ao mesmo período do ano passado”, pontuou.

Wilson Lima reconheceu, ainda, a contribuição do TCE-AM para o avanço nas discussões sobre as questões ambientais no Amazonas. “Quero destacar a agenda que tem sido feita pelo Tribunal de Contas do Estado, entendendo a necessidade de encontrarmos caminhos para esse desenvolvimento sustentável, de garantir a questão social para o nosso povo, mas também que a gente consiga caminhar com a questão da preservação dos nossos recursos naturais”, disse.

Severo Neto

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