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Atividade do PIM cresce, mas vendas e empregos sofrem redução

Após encerrar um mês com todos os seus indicadores no azul e se recuperar das perdas do começo do ano, a indústria do Amazonas voltou a tropeçar em abril. Faturamento, horas trabalhadas, empregos e massa salarial voltaram ao campo negativo e o único crescimento veio do uso da capacidade instalada do setor. Com exceção das vendas, o Estado perdeu da média nacional em praticamente todas as frentes. É o que revelam os números locais dos Indicadores Industriais da CNI, compilados pela Fieam.

Conforme a estudo, o faturamento real da manufatura local encolheu 15,4% na variação mensal, em resultado muito aquém ao do levantamento precedente (+51,9%). Confrontado com o valor de abril de 2020 – já sob os efeitos do começo da primeira onda –, as vendas decolaram 754,8%. No quadrimestre, o aumento foi de 136,7%. Na média brasileira, a queda mensal foi mais amena (-1,3%), assim como os incrementos nas variações anual (+46,3%) e acumulada (+15,4%). 

Em paralelo, as horas trabalhadas nas linhas de produção da indústria amazonense recuaram 12,1%, entre março e abril deste ano, em movimento praticamente simétrico ao dado anterior (+19,6%). Na comparação com a marca de 12 meses atrás, reforçando o acumulado para uma alta de 22,6%. Em todo o país, o setor cresceu em todas as comparações (+0,7%, +35,1% e +12,4%, respectivamente). 

O único dado positivo da lista veio da UCI (utilização da capacidade instalada) da indústria amazonense – que trata do percentual de máquinas comprometidas na produção. O índice subiu 12,32% entre o terceiro (71,4%) e o quarto (80,2%) mês deste ano, no melhor número da série histórica de 13 meses fornecida pela CNI. Em relação a abril do ano passado (57,5%) – e já sob a pandemia – a expansão foi de 39,48%. Já a UCI do quadrimestre teria ficado 3,4 pontos percentuais abaixo da marca do mesmo intervalo de 2020, segundo análise da Fieam. Em contraste, o indicador nacional avançou na variação mensal dessazonalizada (de 81,1% para 82,3%), mas ficou devendo ante abril de 2020 (69,7%).

Empregos e salários

Os dados relativos à mão de obra emplacaram mais um mês com dados negativos para o Amazonas. O saldo de contratações das fábricas instaladas no Estado caiu 1,4%, na comparação com fevereiro de 2021, revertendo o crescimento anterior (+1,3%). No confronto com o mesmo mês do ano passado, houve um novo acréscimo de 12,2%, fortalecendo o quadrimestre (+8,9%). Em âmbito nacional, houve o novo incremento mensal consecutivo (+0,3%), sendo acompanhado pelos respectivos comparativos (+4,2% e +1,8%).

Já a massa salarial da manufatura amazonense foi comparativamente pior na variação mensal (-1%) – contra a alta de 1,8% de março. A variação anual (-0,6%) também emendou um outro mês no vermelho, ajudando a erodir ainda o resultado no acumulado dos quatro meses iniciais do ano (-8,4%). A média brasileira foi positiva no confronto com março deste ano (+1,6%) e abril de 2020 (+4,9%), mas continuou negativa no quadrimestre (-1%). 

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, avalia que a persistência do indicador nacional da atividade industrial em alta reflete a busca pela recomposição de estoques. “Todo esse movimento, com utilização da capacidade instalada elevada e crescimento constante no emprego, é resultado do rápido crescimento do segundo semestre do ano passado e da resiliência na indústria nos primeiros meses do ano”, justificou.

“Otimização da produção”

Diante dos números de abril, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, destaca a necessidade de diferenciar os indicadores de produção e faturamento, ao apontar que a primeira diz respeito “ao momento da manufatura do bem em si”, enquanto o segundo “trata do momento em que o produto sai efetivamente da planta fabril”.

“Dito isto, os números são compreensíveis. Houve um aumento da utilização da capacidade instalada como forma de otimização da produção para um momento futuro de retomada da atividade econômica. Esse aumento na utilização não necessariamente se reflete no faturamento, uma vez que os produtos permanecem na planta. De igual modo, não se configura em um acréscimo das horas trabalhadas ou do número de empregos, haja vista a automação de muitos processos fabris que operam com quantitativo reduzido de operadores”, explicou.

Na análise do dirigente, apesar de ainda enfrentar dificuldades no fornecimento de insumos e retração do consumo, a indústria do Amazonas vem demonstrando sinais de força e traz boas perspectivas de curto prazo. “A expectativa é de que, com o abrandamento das restrições relacionadas à pandemia no final de abril, tenhamos uma melhora nos demais indicadores e consigamos replicar cenário salutar no segundo trimestre. Se não tivermos novos agravamentos da pandemia, deveremos ter um segundo semestre alvissareiro”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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