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Novo decreto desaponta bares e restaurantes do Amazonas

Escaldado por mais uma atualização do decreto governamental sem mudanças para o horário de funcionamento da atividade, o segmento de alimentação fora do lar também viu seu movimento cair, logo após os ataques criminosos generalizados de uma facção criminosa em diversos pontos do Amazonas. As empresas encerraram a semana, contudo, com um viés de alta no Dia dos Namorados. Foram registrados crescimentos de 10% a 20%, mas estabelecimentos mais vocacionados para a noite e a madrugada ficaram praticamente estagnados.  

Vigente desde esta segunda (14), o novo decreto estadual trouxe poucas novidades para os setores econômicos do Amazonas, sendo a principal a permissão do funcionamento do comércio de rua, aos domingos, até às 13h. Sua validade se estende até o dia 28 de junho, quando as medidas devem passar novamente pelo crivo do Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19. Principal obstáculo apontado para o crescimento do segmento, o toque de recolher diário, de 0h e 6h, foi mantido para todo o Estado – que segue na fase laranja e de risco moderado para a transmissão do vírus, conforme o comitê.

Assim como ocorrido nas revisões mais recentes, que também não haviam apontado mudanças para o horário de atendimento nas empresas do segmento de alimentação fora do lar, a Abrasel-AM (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seção Amazonas) não se manifestou oficialmente a respeito da permanência do status anterior, que ainda limita o horário de funcionamento das empresas até as 23h, com limitação da ocupação em 50%.

Assim como nas ocasiões anteriores, a expectativa dos empresários era pelo menos adiar o horário de encerramento dos bares e restaurantes para 1h. Procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Abrasel-AM, Fabio Cunha, ressaltou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vê mais motivos para a restrição à circulação de pessoas, em face da retração das estatísticas de contaminação no Estado. O dirigente reforça ainda a necessidade de acelerar a vacinação, “em um ritmo bem administrado”, para garantir que a retirada dessa restrição tenha ainda maior respaldo, o quanto antes, já que o segmento precisa dessa abertura para reagir.    

“Sábado normal”

Em sintonia, o proprietário do Salomé Bar, do All Night Pub, Rodrigo Silva, assinala que a esperança sempre é que a situação do setor avance para permitir “livre iniciativa”. O empresário diz que o impacto do fechamento nos dias 6 e 7 por conta da insegurança foi “muito grande”, dada a necessidade de qualquer tempo disponível para manter o faturamento. Já o Dia dos Namorados “não refletiu muito”, porque a empresa – que tem foco no movimento noturno – já trabalha no limite da capacidade e horário.

“Se houvesse aumento de horário ou de capacidade de atendimento, poderíamos faturar entre 50% e 100% a mais, mas a expectativa era de ficar na média dos sábados. Comparando com qualquer sábado de junho de 2019, as vendas foram 40% inferiores, e naquele ano o Dia dos Namorados caiu numa quarta. Não fizemos nenhuma ação especial, porque isso só iria atrair consumidores que não tínhamos capacidade de atender, tanto que as filas foram maiores que o normal. Os restaurantes mais tradicionais devem ter tido experiência completamente diferente, já que bar é para os solteiros”, lamentou.

“Libera ou flexibiliza”

Na mesma linha, o sócio proprietário dos restaurantes Mercato Brazil e Expresso 73, Rodrigo Zamperlini, considera que a involução das estatísticas mais recentes da FVS-AM poderiam dar guarida a uma redução no horário de restrição à circulação de pessoas para 2h às 6h, o que permitiria que estabelecimentos com vocação noturna conseguissem voltar a se sustentar. “Não dá para ficar sentado esperando uma terceira onda que nunca chega. Se não tem indicador que justifique, libera ou flexibiliza”, opinou.

O empresário reforça que clima de medo decorrente dos atos criminosos derrubou o movimento em até 50%, no começo da semana passada, além de gerar transtornos no transporte de funcionários. Zamperlini salienta, contudo, que a insegurança acabou em tempo das comemorações do Dia dos Namorados. “Tivemos vendas acima das expectativas, com ampliação de 10% em relação a 2019, com a ressalva que a data comemorativa caiu em uma quarta-feira, naquele ano e, talvez, isso tenha ajudado”, ponderou. 

“Melhorias contínuas”

Embora concorde que o toque de recolher atrapalha, o sócio-proprietário do grupo Alemã, Raul Andrade, avalia que já era esperado que o governo estadual mantivesse as restrições para mostrar um sinal de alerta e que “todos precisam fazer sua parte para evitar novas ondas”. O empresário lembra que o clima de terror foi péssimo para a capital, que teve lojas vazias e shoppings fechando mais cedo, assim como trabalhadores sem transporte e clientes inseguros, além de “criar uma péssima imagem de Manaus”. Mas, considera que o medo “não persiste mais” e que a situação melhorou.

“O Dia dos Namorados foi muito bom e variou em algo em torno de 20% de aumento em relação à 2019m quando esperávamos alta de 10%. Foi surpreendente e mostra que as pessoas estão realmente ávidas por voltar a sair, confraternizar, encontrar amigos, parentes e celebrar a vida. Há uma grande demanda reprimida e as pessoas querem voltar a sair. Minha expectativa é de melhorias contínuas nas vendas, nos próximos meses, principalmente se a vacinação em massa controlar a epidemia”, amenizou.

“Sem problema”

Para os estabelecimentos com foco no delivery, a ausência de mudanças no novo decreto não trouxe impactos. “A flexibilização do horário trás estabilidade de vendas. A circulação de pessoas é permitida até 0h, o que nos dá mais de 10 horas de funcionamento. Percebo que as famílias têm se adequado aos horários, consumido nos horários permitidos e, o que antes começava às 20h, hoje começa as 16h. O decreto já não é um problema”, justificou a gerente operacional da franquia do Bob’s da Djalma Batista, Sidyanny Silva de Menezes. 

A executiva conta que o estabelecimento não ficou imune ao clima de medo gerado pelos ataques criminosos, embora destaque que o movimento não demorou a normalizar. Da mesma forma, salienta que as vendas para o Dia dos Namorados superaram as expectativas. “Naqueles dias, nossas vendas caíram até 90%. Isso aconteceu até mesmo no delivery, pois os motoboys não aceitavam circular em determinados bairros. Mas, o medo foi logo contido e controlado. No Dia dos Namorados, por outro lado, a meta era alta de 16% em cima de 2019 – nossa melhor venda, até então –, mas conseguimos alcançar 20%”, arrematou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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