Rocha de arenito, siltita, pedreira, além de areia e argila arenosa foram encontrados no leito do rio Negro onde está sendo construída a Ponte Manaus-Iranduba. É o que aponta estudo realizado pelo consórcio da obra formado pela construtora Camargo Corrêa e que foi apresentado ontem pelo geólogo e professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Antonio Henriques Bentes.
Trata-se da obra de engenharia de fundação denominado de estudo rotineiro para obter informações do projeto de fundação e execução da obra. Bentes disse que o levantamento objetiva extrair informações para projetos de fundações e de execução. O geólogo, que prestou consultoria ao consórcio da obra, explicou que são informações necessárias que precisam estar em mãos antes do início das obras. O trabalho iniciou em novembro de 2007 e terminou no fim do ano passado
Segundo o especialista, o material encontrado no Rio Negro, a uma profundidade de 60 metros, é o mesmo encontrado nesse tipo de trabalho em terra firme. Ele acrescentou que não foi descoberto nada excepcional no fundo do rio. As amostras foram tiradas da área mediante sondas especializadas para a extração de rochas a essa profundidade. O geólogo explicou que na superfície se abre esse equipamento, chamado de barrilete, onde se obtêm cilindros de rochas. É lá que o geólogo vê tudo. “É como um médico cardiologista olhando um cardiograma”, comparou.
Sobre o fato de estarem sendo realizadas obras cada vez mais complexas em Manaus, Bentes disse que estudos geotécnicos são cada vez mais rotineiros. “As obras na capital amazonense não se constituem em mais uma casinha, nem um bloquinho residencial, mas em pontes e viadutos que requerem estudos dessa natureza por serem muito complexos”, disse, ressaltando que na construção de prédios também são exigidos estudos dessa natureza, só que em menor proporção.
Quanto a existência de profissionais na área de geotecnia no mercado local, Bentes disse que ainda são poucos, mas a tendência é aumentar porque já existe curso de formação nessa área. “É um setor em franco crescimento porque Manaus comporta obras de grande proporções”, avaliou.
Semana nacional
A palestra “Caracterização geológica/geotécnica do leito do Rio Negro ao longo da ponte Manaus-Iranduba” faz parte da programação da 1ª Semana Nacional de Fiscalização em Mineração, que prossegue no dia de hoje com várias palestras, entre as quais “Ordenamento da extração artesanal e de pequeno porte”, com o geólogo Frederico Cruz do DNPM (Departamento Nacional de Produtos Minerais.
O evento é uma parceria entre os conselhos regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e os departamentos nacionais de Produção Mineral de todo país. No Amazonas, as atividades se concentram na sede do Crea-AM (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Amazonas).
