Pesquisar
Close this search box.

Amazonas tem pequena recuperação no saldo de empregos em março

Em sintonia com a reabertura e o gradual refluxo da segunda onda, o Amazonas voltou a registrar saldo negativo de empregos com carteira assinada, em março. Depois da retração amargada em fevereiro, o Estado criou 1.855 postos de trabalho celetistas no terceiro mês do ano, gerando alta de 0,44% na variação mensal, dada a predominância das admissões (+14.738) sobre os desligamentos (-12.883). Foi o suficiente para repor as perdas do mês passado (-0,15% e -625). Os acréscimos se concentraram principalmente em Manaus (+1632) e foram puxados pelas atividades de serviços e construção.

O desempenho do Amazonas seguiu na mesma trajetória da região Norte (+0,48%) e da média nacional (+0,46%), embora em menor velocidade. Com a performance positiva de março, o Estado conseguiu se manter no azul nos saldos do trimestre (+0,61% e +2.555) e do acumulado dos últimos 12 meses (+3,04% e +12.511). Com isso, o estoque –que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos –registrado no mês passado foi de 424.288 ocupações formais. Os números estão na mais recente edição do “Novo Caged”, divulgada pelo Ministério da Economia, nesta quarta (28).

A mesma base de dados informa que o Brasil apresentou saldo de 184.140 empregos celetistas, em fevereiro, em decorrência de 1.608.007 contratações e de 1.423.867 demissões. O resultado, contudo, perdeu para fevereiro (+401.639). No acumulado de 2021, foram criadas 837.074 vagas (+2,13%), com a entrada de 4.940.568 trabalhadores e a saída de outros 4.103.494. O estoque de março de 2021 contabilizou 40.209.100 vínculos empregatícios em todo o país, o que representa uma variação de 0,46% em relação ao dado do mês anterior. 

Serviços e construção

Todos os cinco setores econômicos listados no Amazonas pelo “Novo Caged” conseguiram saldos positivos, na passagem de fevereiro para março. Em números absolutos, o melhor dado veio de serviços (+0,48% e +910), com os melhores números em atividades administrativas e serviços complementares (+871), atividades profissionais, científicas e técnicas (+293), transporte, armazenagem e correio (+126) e educação (+123). Os piores desempenhos se situaram em saúde humana e serviços sociais (-347) e alojamento e alimentação (-153). 

O segundo melhor número de criação de empregos no Amazonas, em março, veio da construção (+562), que também obteve a melhor variação relativa mensal (+2,64%). Foi seguida de longe por comércio (+0,23% e +227), indústria (+0,13% e +144) –puxada por indústria de transformação (+145), água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (+51) e indústrias extrativas (+24), a despeito do enxugamento em eletricidade e gás (-76). A agropecuária (+0,37% e +12), por sua vez, ficou na última posição. 

No acumulado dos três primeiros meses do ano, o comércio (-1,50% e -1.524) é o único setor econômico do Amazonas que segue devendo nos postos de trabalho celetistas. Na outra ponta está a indústria (+1,70% e +1.806), com o maior número relativo, e serviços (+1,17% e +2.201), com o melhor dado absoluto –especialmente em atividades administrativas e serviços complementares (+6.133). As atividades de construção (+0,09% e +20) e agropecuária (+1,60% e +52) também conseguiram alcançar recuperação no trimestre, embora com números mais acanhados.

Terceira onda

No entendimento do presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, o agravamento da pandemia é o fator chave para justificar os desempenhos dos setores de serviços e comércio, em termos de criação de postos de trabalho celetistas. Para o dirigente, a quarentena ajudou alguns segmentos do primeiro, enquanto a flexibilização do atendimento e a proximidade do Dia das Mães alavancou o segundo. Mas, o comerciante avalia que o varejo pode voltar a sair perdendo, na segunda metade do ano, caso se confirmem as expectativas de uma terceira onda.

“Serviços vêm desempenhando bem por causa da quarentena, que aumentou a demanda por compras por internet e entregas, assim como outras atividades. No caso do comércio, ninguém sabe como as coisas vão ficar. Com exceção desses ‘atacarejos’, que não param de comprar e vender, o movimento ainda está fraco no varejo tradicional, apesar da proximidade do Dia das Mães. Minha expectativa é que, se essa terceira onda se confirmar, o segundo semestre não vai ser nada bom para os lojistas”, alertou.  

Vacinação e crescimento

O presidente do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), Frank Souza, lembra que o ano começou com muita apreensão para o setor, em razão do aumento dos insumos e “desequilíbrio de contratos”, fatores que não ajudaram a empregabilidade nas construtoras amazonenses. O dirigente avalia que a tendência é de melhora para a atividade, no segundo semestre, a depender do andamento do processo de imunização em massa.

“Tivemos janeiro e fevereiro com saldos negativos e apenas março com saldo positivo. A variação foi pequena, mas já é favorável. Mas, acredito que o ano vai ser positivo, principalmente com o avanço da vacinação. Devemos ter um retorno ao equilíbrio econômico, incluindo o preço dos materiais, contribuindo para mais contratações. Até porque o estoque imobiliário está baixo e os custos de saúde tendem a reduzir, dando mais possibilidade de investimento em infraestrutura”, ponderou.  

Cautela e dignidade

Para o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, o Novo Caged ratifica que a indústria, a despeito das dificuldades, foi o setor que sofreu menor impacto em decorrência da segunda onda. “Os números atestam também a acertada decisão do governo estadual em considerar o segmento prioritário e mantê-lo ativo durante o mesmo período. A variação positiva, apesar de mínima, é importante também pela manutenção dos postos de trabalho. Nossas expectativas, contudo, mantêm-se cautelosas, muito em razão das medidas restritivas no restante do país, as quais impactam diretamente o Polo Industrial de Manaus”, ponderou.

Na mesma linha, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, salienta que, apesar de “todos os percalços pelos quais o país passa”, e da politização da pandemia, a economia dá sinais de voltar ao crescimento, além de criar postos de trabalho formais, com resultado relevante para o Estado.  “Espero que questões outras não venham a interromper essa curva. Gerar emprego é resgatar a dignidade das pessoas e isso é o mais importante para o país hoje, assim como acelerar o processo de imunização dos brasileiros”, concluiu.   

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar