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Amazonas tem saldo negativo de empregos em fevereiro

A segunda onda de covid-19 e o fechamento provisório de praticamente todas as lojas do Amazonas se refletiram no saldo negativo de empregos com carteira assinada de fevereiro. Depois da expansão de janeiro, o Estado amargou um abate de 625 postos de trabalho celetistas no segundo mês do ano, gerando queda de 0,15% na variação mensal, dada a predominância dos desligamentos (-11.027) sobre as admissões (+10.402). Foi o pior resultado desde dezembro de 2020 (-1.250). Os cortes de fevereiro se concentraram em Manaus (-626) e foram puxados pelas atividades de comércio e construção.

O desempenho do Amazonas seguiu na trajetória inversa da região Norte (+0,67%) e da média nacional (+1,01%). Apesar da performance negativa de fevereiro, o Estado conseguiu manter no azul os saldos acumulados no ano (+1.016 e +0,24%) e nos últimos 12 meses (+7.331 e +1,74%). Com isso, o estoque – que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos – registrado no mês passado foi de 414.687 ocupações formais. Os números estão na mais recente edição do “Novo Caged”, divulgada pelo Ministério da Economia, nesta terça (30).

A mesma base de dados informa que o Brasil apresentou saldo de 401.639 empregos celetistas, em fevereiro, em decorrência de 1.694.604 contratações e de 1.292.965 demissões. No acumulado de 2021, foram criadas 659.780 vagas, com a entrada de 3.269.417 trabalhadores e a saída de outros 2.609.637. O estoque de fevereiro de 2021 contabilizou 40.022.748 vínculos empregatícios em todo o país, o que representa uma variação de 1,01% em relação ao dado do mês anterior.

Cortes de fevereiro foram puxados pelas atividades de comércio
Foto: Divulgação

Comércio e construção

Dos cinco setores econômicos listados no Amazonas pelo “Novo Caged”, apenas comércio (-733 e -0,73%) e construção (-358 e -1,65%) amargaram quedas mensais em fevereiro, período em que ambas amargavam o segundo mês seguido de restrições ao atendimento presencial, em decorrência da segunda onda.  No acumulado do ano, tanto a atividade comercial (-1.687 e -1,66%), quanto a de construção (-527 e -2,41%), sustentam saldos negativos em postos de trabalho com carteira assinada. 

A despeito de parte significativa de seus segmentos sofrer a mesma limitação, os serviços (+23 e +0,01%) tiveram resultado melhor, na variação mensal. Isso só foi possível em função dos desempenhos de saúde humana e serviços sociais (+332 e 1,79%) e de atividades administrativas e serviços complementares (+297 e +0,50%), entre outros. Na outra ponta, alojamento e alimentação (-425 e -2,54%), assim como transporte, armazenagem e correio (-193 e -0,61%) foram as principais influências negativas. No bimestre, os empregos subiram 0,80% (+1.502), nos serviços do Amazonas.

A indústria amazonense (+406 e +0,38%) registrou a melhor performance da lista em números absolutos, ao criar vagas celetistas pelo segundo mês consecutivo – após a debacle de dezembro (-277). Os números foram puxados pela indústria de transformação (+380 e +0,39%), sendo seguida por água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (+51 e +1,08%) e indústria extrativa (+16 e +0,97%), mas não pelo subsetor de eletricidade e gás (-41 e -1,28%). No acumulado do ano, foram gerados 1.691 postos de trabalho (+1,59%). 

Depois de estagnar no começo do ano, a agropecuária amazonense gerou 37 postos de trabalho formais, em fevereiro, ao apresentar incremento de 1,14% sobre o estoque de janeiro. O melhor dado veio da produção da agricultura em lavouras temporárias (+36 e +4,24%), sendo seguida de longe por horticultura e floricultura (+3 e +2,17%). Pesca e aquicultura (-1 e -1,75%), assim como produção florestal (-1 e -0,89%) foram na direção contraria, enquanto a pecuária pontou estabilidade. Em dois meses, a atividade avançou 1,14% (+37). 

Restrições e desabastecimento

O diretor de Relações de Trabalho do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas), José Carlos Paiva, o dado negativo para o setor, em fevereiro, é resultado da segunda onda e das consequentes restrições governamentais a atividades com potencial de gerar aglomerações. O dirigente avalia que outros fatores, como a queda de confiança do consumidor e o desabastecimento de insumos, entre outros fatores políticos e econômicos, podem contribuir para uma recuperação mais tardia.

“Do final de 2020 para cá, os casos de covid-19 dobraram e o governo estadual teve de tomar providências. Infelizmente, os decretos impactaram negativamente o trabalho nas empresas, e muitas tiveram de demitir. Acredito que março ainda será de saldo negativo, assim como abril. Só devemos ter crescimento em maio e junho, embora isso dependa de muita coisa que vai acontecer no Congresso, que só conseguiu aprovar o Orçamento na semana passada. Preocupa também essa retomada dos juros, embora seja um problema menor”, ponderou. 

Vacinação e auxílio

Na mesma linha, o presidente da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, assinala que, em função da segunda onda e do isolamento social, o resultado para o setor não poderia ser outro, em termos de empregos. No entendimento do dirigente, problemas de estoque e de confiança do consumidor contribuem para vendas mais fracas, a despeito da reabertura das lojas, e vários fatores podem contribuir para que a velocidade da retomada seja mais rápida ou não – especialmente a vacinação.  

“Com dois meses de portas fechadas, não tinha como ser diferente. Quando entra o ano, é comum que as lojas aproveitem funcionários, apesar das demissões da época, o que não foi possível neste ano. Minha preocupação é que as pessoas ainda estão amedrontadas e tudo indica que teremos um repiquete. Dependemos muito da imunização em massa, mas estamos sem vacinas. E ainda tem as chuvas e a demora as dificuldades em torno do auxílio emergencial. Mas, já passamos pelo pior e esperamos respirar melhor, a partir de meados de abril”, finalizou. 

Foto/Destaque: Fátima Garcia

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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