O grande número de empresários na capital amazonense despertou o interesse de corretoras do Sul e Sudeste, que desejam implantar em nível regional a cultura de se investir na Bolsa de Valores, alcançando também a população das classes mais populares. Segundo o coordenador do MBA Executivo da Universidade Gama Filho, José Carlos Reston Filho, o Estado tem grande potencial para revelar novos investidores.Veja a entrevista na íntegra.
Jornal do Commercio – Qual o primeiro passo para os investidores das classes mais populares?
José Carlos Reston Filho – A sugestão que eu dou é que esses pequenos investidores se associem a uma corretora de valores e, a partir das análises financeiras, vá utilizando um dinheiro que sobra no fim do mês para incrementar os investimentos e compor uma carteira segura.
JC- Recentemente o Banco Central divulgou que a melhor carteira para se aplicar é o tesouro direto. Como uma pessoa com renda média de até R$ 3.000 pode investir?
Reston – O TD (Tesouro Direto) é um modelo de negociação de títulos de dívidas públicas que o Banco Central põe à disposição do pequeno investidor, a partir do qual poderá ter acesso à compra de letras do Tesouro Nacional com diferentes tipos de indexação. A operação é bem simples: o investidor vai até o gerente do banco de escolha e solicita sua inclusão no cadastro no TD. A partir daí, ele recebe um login e uma senha que dará acesso ao endereço www.tesourodireto.gov.br, onde o próprio interessado faz a escolha pelo título no qual deseja investir, escolhendo entre as notas ou as letras para fazer a aquisição.
JC- A compra das ações será realizada através da agência bancária?
Reston – O banco será apenas uma representação legal para efeitos de cadastro que permite ao investidor fazer aquisições de título pelo Tesouro Direto.
JC- Quais as vantagens de aplicar no TD?
Reston – Diria que o TD é uma das aplicações mais seguras, porque o governo brasileiro não dá calote nos títulos públicos há muitos anos. Desde 1994, nunca mais se teve esse problema. É importante observar a modalidade da nota ou da letra que será comprada agora, a fim de fazer a opção correta. A Selic, taxa de juros que regula a economia brasileira, vem caindo. Toda segunda quarta-feira do mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulga uma queda e a estimativa para o próximo período. Então, todo título público vinculado a Selic, não é interessante comprar, justamente devido a essa tendência à queda.
JC- Como o governo poderia incentivar a entrada de novos investidores das classes mais populares?
Reston – Não resta dúvida que a utilização do dinheiro retido no FGTS para investimentos em ações significa um negócio muito bom. Essa seria uma boa saída. A Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) tem feito esforço de popularizar o investimento em ações na região Norte, onde acreditamos ter um mercado potencial de investidores. No eixo Sul-Sudeste, isso já tem mostrado resultados expressivos. Quando a gente trouxe os agentes da Bovespa e das corretoras de valores no fim de agosto, ficou claro o potencial do Amazonas, mas existe uma total falta de cobertura e divulgação dessas instituições em relação ao mercado local.
JC- Quais os resultados desse encontro?
Reston – Durante o evento, 450 pessoas preencheram cadastro para começar a investir em ações, o que nos aponta que em até cinco anos já teremos um resultado interessante que pode funcionar como chamariz para outros investidores.
JC- Como o senhor encara o desafio de popularizar aplicações na Bolsa de Valores em uma capital que é a segunda do Norte onde mais se compra títulos de capitalização?
Reston – Eu não considero título de capitalização como investimento, mas como loteria, um bingo voltado para pessoas que gostam de jogar, algo que não serve para investidores. Os títulos de capitalização devolvem