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Acordo entre patrões e empregados do PIM deve encerrar impasse

Tudo indica que a convenção coletiva dos trabalhadores das indústrias metalúrgica e mecânica do PIM está se encaminhando para um acordo, no curto prazo, possivelmente na próxima semana. Há um consenso entre patrões e trabalhadores em torno de que, em razão da piora imposta pelo desabastecimento e pela pandemia, faz-se necessário replicar a dinâmica do acordo firmado no ano passado e conceder reajustes sem elevar encargos.

A alternativa, dentro dessa lógica, seria conceder o aumento pela inflação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – que estima-se fechar em mais de 9%, em julho – e facultar às empresas a concessão do ganho real pedido pelos trabalhadores por meio de abono salarial, até abril de 2022. A partir dessa data, o reajuste deverá ser efetivamente incorporado às folhas de pagamento. Um dado positivo é que os trabalhadores queriam ganho real de 3%, mas entenderam ser necessário reduzir o percentual pela metade, valor que as empresas sinalizam bancar. 

O Sindmetal (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas do Amazonas), contudo, não abre mão de que o percentual seja concedido a todos os trabalhadores, independentemente de faixa salarial, porque isso implicaria em perdas proporcionais para os colegas com contracheque maior. Já o SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), argumenta que conceder o mesmo aumento para todos acabaria aumentando o fosso entre os que ganham mais e os que recebem menos.   

“Temos tido reuniões com os trabalhadores, desde o mês passado, e a proposta deles deve ser analisada neste fim de semana. A ideia é fazer como no ano passado mesmo, mudando apenas os indicadores e concedendo abonos nesse período, para não gerar encargos. É claro que a empresa que quiser, pode conceder o aumento já em agosto. Eles flexibilizaram e vamos discutir a proposta no comitê. Agora, não acho justo dar o mesmo aumento para todos, porque isso acaba aumentando a distancia entre quem está na base e quem está no topo da pirâmide salarial”, comentou o presidente do SIMMMEM,  Nelson Azevedo.

Segundo o dirigente, que também é vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), a situação econômica das empresas piorou significativamente, entre 2020 e 2021, em virtude do desabastecimento de insumos nas fábricas do Distrito. Azevedo lembra que, como muitos fabricantes de bens finais estão sem algumas partes e peças para finalizar produtos, acabam comprando menos dos componentistas locais e ajudando a tingir de vermelho os balancetes das empresas.

“Demanda do mercado há, mas o problema é a oferta. Faltam principalmente componentes eletrônicos e de informática, para os fabricantes de bens finais. Com isso, eles acabam comprando menos daqui e já há muitos componentistas superestocados e com poucos trabalhadores nas linhas de produção. É um problema que se reflete por toda a cadeia produtiva e que implica em aumento da ociosidade. O segmento deve estar trabalhando com 60% de sua mão de obra e capacidade instalada. Mas, tenho conhecimento de empresas que estão trabalhando na faixa dos 10%”, lamentou. 

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus entende que a crise impõe a necessidade de união entre ambas as partes “contra tudo que está ai”. Mas, avalia que, diferente do ocorrido no ano passado, a conversa está se encaminhando para um entendimento de curto prazo. “Em tese, temos todo o mês de agosto, mas acredito que vamos bater o martelo até o dia 15, ou mais tardar, no dia 20”, estimou.

“Costas do trabalhador”

O presidente do Sindmetal e da CUT-AM (Central Única dos Trabalhadores do Estado do Amazonas), Valdemir Santana, concorda que, a despeito do contraponto do reajuste escalonado, o acordo entre capital e trabalho deve sair já na próxima semana. O sindicalista pontua que a celeridade não deve ocorrer apenas pela busca pelo consenso, mas também em função do prazo necessário para que o reajuste pelo índice de inflação do IBGE seja incorporado aos contracheques da categoria. 

“Acredito que devemos fechar com o INPC mais um ganho real de 1% a 1,5% mesmo. A empresa que tiver menos capacidade vai conceder o ganho real escalonado, por auxílio alimentação, até 2022. Dizem que tem que ser assim porque, se não, muitas fábricas vão fechar. O acordo deve sair, até porque já tem fábricas que já querem fechar com a gente. Mas, não vamos aceitar essa proposta de colocar um valor fixo de reajuste para quem ganha mais. A inflação está alta e afeta todo mundo. E olha que o INPC nem reflete a realidade do Amazonas, onde ele não é medido. Isso é colocar a conta nas costas do trabalhador. Não vamos abrir mão”, exclamou.

Outra demanda que também não encontra boa acolhida, conforme Santana, foi o de aumento das contribuições das empresas para o Clube dos Trabalhadores do Sindicato dos Metalúrgicos – situado na rodovia AM-010 (Manaus – Itacoatiara). “Tem lei que prevê que as indústrias têm de dispor de uma área de lazer para os trabalhadores. Como nem todas têm, combinamos uma taxa anual de R$ 21 por trabalhador para manter o clube. Estamos pedindo um reajuste para R$ 30, valor que eles consideraram alto. Mas, creio que isso não vai dar tanto problema”, arrematou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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