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Custo do leite dispara nos supermercados

Um dos itens essenciais no café da manhã na mesa das famílias brasileiras é o tradicional leite. O produto que faz parte do consumo diário do brasileiro parece ser o vilão da vez na lista do supermercado. É o que indica os dados do Boletim CILeite (Centro de Inteligência do Leite) da Embrapa ao apontar que os preços estão em alta desde o segundo semestre do ano passado. Os índices também são confirmados pela Amase (Associação Amazonense dos Supermercados).

Para se ter uma ideia dos crescentes índices dos produtos, nos últimos 12 meses a inflação do grupo de leite e derivados foi de 3,38% refletindo no bolso do consumidor. Normalmente a entressafra no mês de julho eleva o valor do item, no entanto, a pandemia fez essa variação aumentar. Apesar do estoque de produção maior, a oferta não atendeu a demanda.

Por se tratar de commodities a exportação se tem muito mais vantagem recebendo em moeda americana e colocando o preço mais alto porque vai vender em dólar, isso torna  o mercado nacional mais caro porque diminui a oferta do produto. “É aí que o preço sobe da indústria quando vende para os supermercados. É a mesma situação da carne. O crescimento da produção leiteira ou da produção de abate vai se tornando pequena porque a demanda por comida no mundo é grande. Também existe uma situação que como o grão que alimenta esses animais também teve alta, automaticamente o leite e a carne sofrem esses reajustes”. 

Em entrevista ao Jornal do Amazonas, engenheiro agrônomo da Embrapa, Lorido Stock, explicou que o crescimento da produção foi até um pouco maior do que se esperava, no entanto, o consumo  ficou em 2,8% para o Brasil e 2,5% para o mundo, ou seja, houve um consumo maior do que a oferta com isso os preços internacionais subiram e o Brasil começou em algum momento a ser competitivo lá fora.

Além disso, o Amazonas teve uma outra situação, além do aumento do consumo a produção caiu por conta da cheia histórica dos rios levando a transferência dos animais da várzea para a terra firme e a redução da produção. A perspectiva para os próximos meses, segundo o engenheiro, não é tão otimista , mas já pode fazer uma diferença no bolso. “Em relação a produção, o número de vacas vem crescendo ano a ano, os animais mais produtivos tendem a se manter e os menos sair. Com isso, o produtor começa a ficar mais eficiente e vai conseguir no futuro produzir a menos custo e com isso todos ganham”. 

Consumidor reclama

A gerente de um supermercado, Leandra Veras, confirma a alta no valor do item e diz que o setor precisou repassar os valores para o bolso do consumidor.  “O pacote do leite em pó, dependendo da marca, está chegando a R$9,90. Antes era possível localizar o produto por até R$7,90. Aumentou bastante. Se fica cara pro consumidor, imagina para quem revende?”, comenta ela.

Para quem precisa do produto como item principal de receitas, parece sentir os efeitos ainda maiores.  É o caso da dona de casa Raimunda Oliveira, que viu na pandemia uma forma de incrementar a renda com a venda de bolos caseiros. 

“Essa alta vem subindo mês a mês. No início do ano passado, eu adquiria o leite com preço bem mais acessível. Eu observei essa oscilação aos poucos. Este ano, disparou. A única forma de manter as minhas produções é abrir  mão de outros produtos para manter o leite na lista”. 

Opinião

O presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, concorda que o preço do leite disparou nas prateleiras, mas o responsável não é na ponta, ele começa na base,  a procura pelo produto aumentou bastante. Ele atribui a alta ao efeito direto do auxílio emergencial. “A capacidade de consumo das famílias contempladas com o auxílio emergencial  procuraram o produto para consumo. Com essa procura não tem estoque suficiente para suprir tal necessidade. Aquele que tem sobe naturalmente o preço”. 

Conforme Marcus, na economia chama-se isso de ‘efeito da mão invisível’, quando o mercado está escasso de um determinado produto e existe uma demanda muito grande querendo comprá-lo, automaticamente os vendedores aumentam o preço desse item, pois ainda assim haverá consumidores interessados. 

“Agora no momento que normalizar a oferta, a produção aí o preço tende a normalizar”. 

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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