26 de julho de 2024
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Acessórios, design, conceito e cenário juntos

Bom, é difícil falar sobre qualquer negócio hoje sem citar este momento atípico pelo qual vive o mercado. Alguns setores estão indo de mal a pior, outros deslancharam. Enquanto muitas lojas fecharam, outras abriram, e, assim, apesar de serem tempos incertos, provocam a situação ideal para nos reinventarmos. No setor de acessórios e nas marcas que envolvem autorias de joias e bijuterias não seria diferente. Porém, para quem se adaptou a nova situação, houve um aumento considerável no número de vendas online durante os meses de pandemia. Entre os principais motivos estão o foco exclusivo da venda nas redes sociais e o nivelamento do mercado, afinal não importa o tamanho da sua loja física e nem o número de filiais que a sua loja tem, o mercado fechou e o único canal de atendimento permitido era o digital. 

Desde o início da pandemia, houve muita campanha apelando ao sentimento comunitário, oferecendo a opção de comprar do pequeno comerciante, de ajudar as pequenas empresas do bairro e de fortalecer quem tinha menos recurso para se manter num mercado abalado. Entretanto o que me faz acreditar que deu um start na volta as compras foi a necessidade de investir em peças que poderiam ser usadas por bastante tempo, que não sairiam “de moda” rapidamente. Não sabíamos quando tudo voltaria ao “normal”, então a ideia era comprar peças para serem usadas em casa, mantendo, no entanto, a pessoa sempre pronta para uma teleconferência ou uma reunião pelo zoom. 

Acho até interessante mencionar isso porque quando falamos no crescimento de demanda por joias e bijuterias, o “se arrumar” para o trabalho virou o uso de uma bela blusa, brincos, colares, pulseiras e maquiagens. É tudo que você precisa para estar linda em uma videochamada. Seja em reuniões de trabalho ou nas festinhas online que têm crescido exponencialmente, estes são acessórios que dão destaque a qualquer look. 

Mas e aí? será que vale a pena investir no setor de moda e acessórios hoje? Sem dúvida, ele está entre aqueles que mais foram impactados pelo coronavírus. Muitas marcas tentaram se reinventar e migrar para o marketing digital e para as vendas online com promoções agressivas, mesmo assim, o estrago foi muito grande. 

Segundo o Blog Opinion Box, site especializado em comportamento do consumidor, apenas 37% compraram roupas e acessórios durante o isolamento. Se compararmos com o mesmo período, antes da pandemia este número era de 68%, e olha que este mesmo público comprava pelo menos uma vez a cada 3 meses. 

Desta forma, acredito ser esse exatamente o momento certo de enxergar os valores financeiros que o mercado gerava antes da pandemia e pular de cabeça. O mercado está voltando aos poucos e querendo ou não, muitas empresas fecharam, o que nos dá a possibilidade de encontrar uma nova espécie de oceano azul no caminho. A indústria da moda sofreu queda no faturamento com a pandemia, mas de acordo com o Relatório do E-commerce no Brasil Abril/2021 – realizado pela agência Conversion – o faturamento subiu cerca de 63,18% nas vendas online. E é justamente por saber que o pré-pandemia tinha um bom ritmo de vendas e o pós pandemia está voltando com tudo, que eu convidei a Cecilia Silva, idealizadora e proprietária do Hippie Atelier, uma loja de acessórios que começou online antes da pandemia e se mantém ativa até hoje. Com a chegada da “Xica”, uma kombi azul pra lá de descolada, a loja virou móvel e tem se destacado nas vendas alternativas. 

Foto: Divulgação

A Cecília é formada em arquitetura, mas sempre gostou de fazer trabalhos manuais. Ainda cursando a faculdade, em 2015, decidiu criar uma marca de acessórios como fonte de renda e assim nasceu Hippie Atelier. No início as peças eram confeccionadas por encomenda e para amigos mais próximos.  Como a marca foi crescendo, foi a vez de Francisca das Chagas, a mãe de Cecília, assumir a produção e o financeiro da empresa e transformá-lo em um negócio de mãe e filha. 

Qual sua formação? Você teve alguma experiência com o Empreendedorismo antes de abrir o Hippie Atelier? 

Minha formação foi em Arquitetura, porém depois fiz uma especialização em Produção de Moda, em São Paulo para entender um pouco mais do conteúdo de moda e acessórios, área que realmente me encantavam. Antes de abrir a hippie não tinha nenhuma experiência de como empreender, fui metendo a cara mesmo para aprender algumas coisas e fazendo muitos cursos. 

Como surgiu a ideia tanto do modelo de negócio quanto da escolha de uma Kombi como sede? 

 A ideia da Kombi veio principalmente devido a falta de um espaço físico para atender nossos clientes, porém não queria um lugar comum. Procurei então inspirações em outros negócios e encontrei alguns no Rio de janeiro que funcionavam dentro de uma Kombi. 

Fomos atrás de uma para customizá-la e assim dar uma cara à nossa marca. Terminou que a Kombi, que pintamos de azul, além de loja móvel transformou-se numa superidentidade e não tem como passar despercebida. A Xica, apelido carinhoso da nossa Kombi 96, carrega nossa marca pela cidade e abriga tudo o que precisamos, é só chegar, estacionar e tudo funciona. 

É importante mencionar que a Kombi virou o charme dos pequenos negócios. Empreendedores estão investindo na reforma e manutenção do veículo para rodar pelas ruas vendendo cafés, chopes, livros, roupas e qualquer outro produto que caiba dentro do utilitário. Por ser acessível financeiramente, de fácil manutenção e com bom espaço interno, a Kombi virou opção ideal para quem quer ter uma empresa sobre rodas. 

Quanto tempo levou do momento que você teve a ideia até colocá-la no mercado? 

Levou um mês, porque logo que pensei na ideia, criei o instagram e comecei a divulgar as peças. A hippie começou em 2015 e a Xica chegou em abril de 2017. Até hoje vamos reformulando e ajustando nossas ideias ao modelo de negócio conforme a marca cresce. 

Quais foram as suas maiores dificuldades no início do negócio? E quais os desafios você enfrenta atualmente? 

No início nossa dificuldade era fazer com que as pessoas entendessem a proposta da marca, isso foi entrando aos poucos e hoje já temos um público consolidado. E atualmente sofremos bastante com o aumento do valor da nossa matéria prima para confeccionar os acessórios. 

Qual foi o maior motivo que te fez olhar para sua ideia e dizer: “É isso mesmo que eu quero fazer”? 

O fato de ser pioneira nessa forma de negócio, a ideia da Kombi foi o diferencial que me abriu o olhar para algo que ninguém fazia. Então aliamos a venda de acessórios com uma vibe supercolorida e diferente, o resultado foi incrível. Inclusive, a kombi também funciona como cenários, já fizemos casamento, aniversário de 15 anos e outras comemorações. 

Muita gente teve que se reinventar para sobreviver a pandemia. Como tem sido o mercado para você durante esse período? 

 Durante os primeiros meses de isolamento ficamos sem produzir, por conta de ser um momento que nunca havíamos passado. Ao mesmo tempo que produzir garante nossa renda, vivíamos no total desconhecimento do que viria no futuro. Optamos por parar a produção até entendermos o caos que todo mundo estava passando. Aos poucos fomos voltando com as entregas por motoboy e até hoje funciona super bem nosso sistema. 

Qual área da empresa que você mais curte atuar na Hippie Atelier? 

 Sou apaixonada pela parte de produção e marketing, procurar as tendências de acessórios para poder aplicar nas peças é o que mais amo. Depois das peças prontas é hora de fotografar, geralmente sou eu que faço, mas também costumo chamar amigas parceiras tanto para modelar como para fotografar. É quando eu consigo transmitir o que estava pensando na hora de produzir. 

Qual habilidade que você possui que te faz olhar para o seu negócio e pensar … É exatamente esse pilar que está fazendo meu negócio andar. 

Acredito que o atendimento e a exclusividade. Diferente de outras marcas de acessórios, não costumamos repetir peças, então cada cliente nossa sai com uma peça para chamar de sua.  

Para você, o que é uma empresa de sucesso? 

Longe de clichês, mas já tendo experiência com outras empresas, creio que sucesso é ter pessoas felizes por trás da marca e produzindo o que gostam. Eu amo vê as peças prontas por aí e alguém se identificando com o que fiz sabe? Esse é o sentimento de que ´cheguei lá´. E nossa marca vai além de só produzir acessórios, a gente quer que realmente aquele colar ou pulseira, mude o dia da pessoa. 

Se você tivesse um recado para o seu eu do passado o que você diria? 

Valeu a pena não ter desistido, porque foram diversas vezes que pensei que por estar metendo a cara em algo que ninguém fez, seria muito difícil dar certo. 

E para aqueles que querem empreender, mas ainda não começaram? 

Comecem! É extremamente difícil ficar esperando o melhor momento ou o dia certo pra começar, porque ele não existe. Comecem do jeito que der, com o que tiver ao seu alcance e depois vá se desenvolvendo, fazendo cursos ou procurando especializações. Mas também tenha um pouco de noção do que você quer e de onde quer chegar, tenha pessoas que possam te ajudar, familiares, amigos ou parcerias de negócio. 

A loja Hippie Atelier começou em 2015, com o pensamento de produzir acessórios diferentes e com valores acessíveis. São peças produzidas artesanalmente uma a uma e com exclusividade, para que cada cliente tenha um acessório único. A bordo da Xica, Kombi azul de 1996, a Hippie Ateliê expressa muito amor e vibe positiva em acessórios com pedrarias e muitas cores vibrantes. Siga a @hippieatelier nas redes sociais e encomende a sua peça.

Foto/Destaque: Divulgação

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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