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Em busca do beat perfeito

Trabalhar com música é, sem dúvida alguma, apaixonante. Imaginar sua música fazendo sucesso é o sonho de todo artista, possuir milhares de streamings nas plataformas digitais, fãs, viagens pelo Brasil a fora e claro, ganhar dinheiro fazendo o que gosta. O cenário musical pode ter mudado a sua forma de propagação, mas os sonhos de quem quer seguir carreira continua o mesmo. E como fazer para começar a trilhar esse caminho? Eu, assim como muitos adolescentes sonhava com o sucesso da minha banda. Em 1999 não era muito comum uma garota de 15 anos dominando a bateria de uma banda e eu achava que esse diferencial, por si só seria suficiente. Mas não foi e nem é nada fácil, é necessário um conjunto de fatores para se alcançar a fama, ainda que qualquer pessoa possa publicar sua música no Spotify e no Youtube (plataformas digitais em que todos os artistas do pequeno ao grande podem divulgar o seu som) Bom, gente! Na minha adolescência, eu imaginava que a única forma de suprir aquele desejo de viver de música, seria com o sucesso. Porém, 20 anos mais tarde, ao participar de um meet and Greet com a banda Garbage no Rio de Janeiro, descobri que eu teria sido maravilhosamente feliz se eu fosse roadie do Butch Vig, baterista da banda (rsrs). O que eu quero dizer com isso, é quando a gente é jovem, a gente se espelha no que a gente conhece, ou seja, artistas ganham mais destaques, porém outras áreas da música podem ser bem retáveis, te dar igual prazer e dinheiro. Quer um exemplo mais direto? Um músico pode ter tudo que precisa para fazer seu álbum em seu próprio laptop, mas sem a contribuição e experiência de outros músicos, escritores, produtores e engenheiros, o projeto pode servir apenas como uma recordação, uma lembrança. Agora este trabalho somado a uma equipe de profissionais experientes opinando, criando linhas e arranjos musicais grudentos e altamente comerciais, pode virar um hit de sucesso e mudar completamente a sua carreira musical.

Dentro deste universo infinito de carreiras que a música proporciona hoje, encontramos a figura do produtor musical. O Produtor Musical no mercado fonográfico é o profissional contratado para dirigir o registro sonoro de obras musicais. Na prática, o produtor precisa aliar duas coisas: técnica e arte. Com um bom conhecimento de música e bastante experiência em técnicas de gravação profissional, é possível entender a mensagem que a música traz e transformá-la em algo que tenha a característica do artista e a identificação do público, o tal apelo popular que cria hits compartilháveis e virais. É importante mencionar que o papel do produtor não é especificamente criar hits de sucesso, mas é claro que se você pudesse escolher entre um produtor que nunca lançou um hit e os renomados Quincy Jones – produtor  de Michael Jackson, Miles Davies, entre outros; Rick Rubin – produtor de Bestie Boys, System of a Down, Run DMC, entre outros, Brian Eno – produtor de U2, David Bowie, Coldplay, entre outros, Dr. Dre – produtor de Eminem, 50 Cent, entre outros, Butch Vig – produtor dos Nirvana, The Smashing Pumpkins, entre outros. Não tenho a menor dúvida de quem você escolheria.

Agora sabe o que é incrível? É que ao contrário dos golden years da gravadoras, até meados de 2000, quando todos os artistas que estouravam estavam atrelados a uma produção multimilionária, com a popularização da música digital e o boom das plataformas de streamings, a gente não sabe mais quem vai ser o “cara” que vai estourar amanhã. Ou seja, compositores, produtores, artistas, são figuras expressivas e “desconhecidas” no mercado, mas que em qualquer momento podem estourar. Se antes, o produtor musical era responsável pela Pré-Produção, gravação, edição, mixagem e masterização, temos agora uma certa democratização do mercado fonográfico. Hoje, ele precisa fazer tudo isso, com uma pitadinha de criatividade e ‘feeling’ do gosto popular atual porque existem muito mais chances dele ser visto.

Falando em produtor queridinho que está fazendo um barulho despretensioso no cenário “desconhecido” Manaura, trago, como meu convidado especial desta semana, Davi Ricardo Lima, produtor musical do Estúdio Sonora Music e Diretor Musical da plataforma de Streaming de Shows Autorais ao vivo, Sonoraplay.

Foto: Divulgação

Ricardo começou sua trajetória na música em 1998, tocando baixo na igreja, em 2000 iniciou seus estudos de piano clássico e em 2002 aceitou o desafio de gravar um disco para a igreja. Trabalhou como gerente de áudio desta mesma igreja durante 10 anos, até que decidiu sair em busca de novos estudos e novas experiências musicais.

Fale um pouco sobre você…?

Eu trabalho atualmente como produtor no Estúdio Sonora Music, em captação de áudio e gravações, e sou Diretor Musical do Sonoraplay. Sou apaixonado por música e busco investir cada vez mais em conhecimento de masterização e mixagem, e no upgrade de equipamentos. Há uns 4 anos atrás, tive a oportunidade de conhecer um grande produtor nacional chamado Josué Godoim, desde então, meu foco é aprimorar é melhorar qualidade final do meu trabalho.

Você teve alguma formação em Áudio?

Sou Técnico em Eletrônica e como profissional de áudio fiz o curso da EMT Eletrônica música e Tecnologia. Esses foram os meus cursos bases, porém com o avanço da música digital, é necessário estar se atualizando sempre. Então estou sempre investindo em cursos e atualizações na área musical e áudio .

Como você começou a trabalhar com música? 

Eu iniciei como músico na igreja tocando baixo e optei por estudar piano clássico. Depois de três anos decidi me dedicar a parte teórica, interessei-me pela música como objeto de estudo mesmo. Esse conjunto de conhecimentos me trouxe a oportunidade de trabalhar na sonoplastia da minha igreja, onde atuei como gerente de áudio durante 10 anos e fiz vários cursos profissionalizantes, com foco exclusivo na parte técnica.

Quanto tempo levou do momento que você teve a ideia até conseguir o primeiro cliente?

Eu trabalhava com isso, mas ainda não via como um negócio. Meu primeiro cliente acabou vindo sem que eu procurasse. Eu não me sentia seguro para produzir profissionalmente uma música. Até que um dia, o Pastor da igreja que eu trabalhava quis gravar um cd e me convidou-me para produzi-lo. Foi um desafio, mas consegui e ficou muito bom. A partir daí começaram as indicações.

Quais foram as suas maiores dificuldades no início? O que tem sido mais difícil hoje?

A maior dificuldade no início foi não ter as ferramentas necessárias, como uma boa placa de áudio, um computador, conhecimento e domínio dos programas de gravação. Hoje a minha dificuldade, por incrível que pareça, é divulgar meu trabalho de produção.

O que te fez enxergar a música como uma forma de ganhar dinheiro e bater o martelo: “É isso mesmo que eu vou fazer”?

Eu sempre amei música, é minha vida, não sei viver sem ela. Percebi que tinha capacidade e as pessoas gostavam do meu trabalho, então resolvi me dedicar cem por cento nessa área.

Muita gente teve que se reinventar para sobreviver na pandemia. E a gente sabe que a parte de cultura e eventos foi super impactada. Como foi para você esse período??

Foi muito difícil. Antes da pandemia conheci a Dani que era a proprietária do Sonora. Ela me chamou para fazemos uma parceria no estúdio, mas aí um mês depois começou a pandemia e com isso acabamos ficando uns 4 meses parado. Ao mesmo tempo, com a pandemia existiu a necessidade de se trabalhar com lives e dar manutenção em equipamentos de som em algumas igrejas. Desta forma, eu consegui me manter trabalhando.

O que você mais gosta nesse trabalho? Produzir uma faixa, produzir o áudio de lives, fazer eventos? 

Eu gosto de fazer tudo que tem a ver com música. Mas o que tenho realmente prazer é trabalhar com áudios para lives ou eventos presenciais. Acho maravilhoso criar um som perfeito em que as pessoas possam curtir a banda ou cantor com qualidade e ter aquela experiência de um showzão ao vivo.

O que você considera o seu maior diferencial como produtor?

Eu acho que é minha sensibilidade e a minha atenção com quem estou produzindo.

Eu respeito muito um cliente seja ele profissional ou amador.

Para você, o que é um profissional de sucesso? 

Um profissional de sucesso e aquele que deixa o cliente feliz e satisfeito com seu trabalho. Ainda sei que falta muita coisa pra melhorar, mas sei que pelos trabalhos que já realizei e pelos Feedbacks que já recebi, eu estou no caminho certo.

Se você tivesse um recado para o seu eu do passado o que você diria? 

Eu diria para ele estudar mais e se dedicar muito, porque a música será o refúgio ideal para lidar com as loucuras que ele vai presenciar no futuro.

O que você diria para aqueles que querem empreender, mas ainda não começaram?

Eu diria que antes de tudo é preciso ter muita humildade e paciência, respeitar o estilo de cada um, principalmente o musical, não julgar ninguém e investir sempre no melhor equipamento. Estude e se mantenha atualizado, porque sem música, sem arte e sem cultura, ninguém vive!

Foto/Destaque: Divulgação

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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