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“A decisão mais importante é o start”

Quem nunca sonhou em ter seu próprio bar? Mesmo aqueles que não tem perfil empreendedor e nem manifestaram vontade de abrir uma empresa, já pensaram em como seria legal montar um pub descolado e divertido. Música boa, cerveja gelada, ambiente gostoso. É claro que a premissa básica para esse desejo é gostar de frequentar lugares novos, diferentes e principalmente, apreciar música e a vida noturna. Assim como eventos, shows, música, teatro e dança, os bares estão inseridos no setor de Entretenimento. E como bem sabemos, a situação não está fácil. A expectativa de crescimento de empresas do segmento de entretenimento era de 5,5% ao ano até 2023 no Brasil, porém a pandemia impactou fortemente este setor e agora deve crescer 2,47% ao ano até 2024 no Brasil. E como qualquer outro negócio, pubs, bares e restaurantes envolvem investimentos, riscos, capital inicial, cumprimento de acordos, atendimento de qualidade e claro, ser muito bom em entretenimento. Será que vale a pena arriscar neste setor?  

Bom, por maior que seja a instabilidade econômica do país, as pessoas não deixam de investir em entretenimento e lazer. Inclusive, eles são essenciais para fugir um pouco da rotina incessante do dia a dia. Dentro desse contexto, por mais que estejamos diante de uma crise, assim que a população se sentir segura novamente, é quase certo que o mercado voltará a aquecer. E com isso, é preciso analisar outros pontos. O jovem empreendedor já nasce criativo, cheio de novas ideias, muitas vezes a partir de algo que ele já tinha em mente, mas com um plus, um negócio que faça sentido e que esteja alinhado com seus propósitos de vida. 

Por isso, na coluna de hoje eu tenho como convidado especial o Produtor Cultural e Sócio do La Casa Pub, Guilherme Freitas. 

La Casa Pub – Foto: Divulgação

Guilherme é empreendedor e produtor cultural desde 2014. Iniciou sua jornada com uma marca online de acessórios masculinos que em 2016 se transformou em uma loja colaborativa chamada JOGO DE NÓS. Apaixonado pelo setor de entretenimento, se viu na obrigação de atuar na cultura nortista, criando opções de entretenimento LGBTQ+. Além do Pub, o jovem entusiasta está a frente também da Eitah Produções. 

Enquanto você lê a entrevista que fiz com ele, pode também acompanhar minhas considerações sobre alguns pontos levantados em suas respostas. Confira:

1 – Qual de suas características pessoais mais importantes você agrega ao seu negócio? 

Guilherme Freitas – Acho que a autenticidade. Com o La Casa Pub inspiramos em Manaus uma safra de bares com o nosso formato. O que para nós foi maravilhoso pois nos fez entender que não só acertamos, como iniciamos um novo nicho em uma cidade que sempre foi carente de circuito alternativo voltado para o público LGBTQIA+. Outra contribuição foi o La Casa ser um lugar onde todos são livres para serem o que são, independente de gênero, cor, sexualidade. Enfim, é um ponto de intercessão onde a principal bandeira é a do respeito. 

  • É importante falarmos sobre o consumo ideológico, a ‘economia da diversidade’ e o quanto alguns clientes buscam uma mudança efetiva como resultado da sua compra. Eles esperam que a empresa esteja alinhada em um único propósito, estabelecendo uma relação muito próxima com a voz da marca, com os valores que a empresa possui e com o produto ou serviço que ela vende. Pessoas pertencentes ao grupo LGBTI+, podem se sentir mais confortáveis para frequentar sua empresa ao saberem que ela tem ações voltadas em benefício desse público específico. Além da luta em defesa de uma causa, no Brasil, 9,5 milhões de pessoas se declaram LGBT. E, por trás dessa sigla, não estão somente lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais. Há também todo um mercado em potencial e que já movimenta R$ 150 milhões por ano. É o chamado “pink money”. 

2 – Qual foi sua decisão mais importante na hora de tirar a ideia do papel?  

GF – Acho que a decisão mais importante sempre, é dar o start. Ideia boa todo mundo tem, o que faz um empreendedor é justamente saber a hora de dar o primeiro passo e encarar os riscos que são inerentes.  

3 – Qual a maior dificuldade do ramo que você escolheu?  

GF – Com certeza foi conseguir atender a expectativa do público a partir das necessidades que nós mesmos criamos neles enquanto marca. Conseguindo isso não tem como dar errado. No setor de bares e restaurantes especificamente, é o atendimento. É um trabalho que não acaba, para poder manter um bom atendimento estando sempre sujeito a deslizes. 

  • Ninguém gosta de ser maltratado e acho que isso é até aquela máxima do “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”. Os clientes que buscam esse tipo de serviço buscam se distrair e relaxar. Por isso mesmo, estar atento aos prestadores de serviço e ao atendimento de forma geral é extremamente importante. Afinal, quem procura diversão, não espera ficar irritado devido a um mal atendimento. 

4 – O que foi mais difícil dentro da empresa, nesse período da pandemia? O que você precisou fazer para se manter no mercado?  

GF – O mais difícil foi manter as portas fechadas. Com duas quarentenas, totalizamos sete meses sem operação e por consequência, sem faturamento. O caixa que tínhamos, um ano e meio depois, ainda não foi refeito e nem conseguimos zerar o impacto negativo financeiro da pandemia. Esperamos que o quanto antes tenhamos vacina para que não seja preciso fechar mais uma vez, devido a uma terceira onda.  

5 – Como você identifica oportunidades? Você estuda seu negócio? Busca atualização?  

A gente precisa se manter atualizado, nem sempre temos muito tempo, mas sempre que dá me atualizo. Nesse momento de dificuldade muitos cases vão aparecendo de empreendedores reinventando seus negócios. Sempre dá para tirar bons insights. Por conta da minha formação, sou atraído pelo marketing e pelo processo de condução da marca e manutenção da imagem. Desenvolvimento de programação também é algo que gosto bastante. Em meio a uma pandemia temos que ter muita clareza do comportamento a ser adotado, evitando aglomerações e construindo uma atmosfera atrativa, confortável, segura e que se encaixe nos protocolos sanitários exigidos. 

6 – Pra você, o que é uma empresa de sucesso? 

GF – Pra mim o sucesso está relacionado ao objetivo. Algumas pessoas têm como foco o faturamento, a meu ver preciso prestar um serviço de excelência, preciso entregar experiência. A venda dos meus produtos são consequência de uma experiência de identificação do público com a minha marca. Quando consegui enxergar que o meu público se identifica com a proposta que a gente apresenta e que o La Casa dentro do seu segmento virou referência, entendi que o negócio deu certo. A partir de então nos trouxe muito mais responsabilidade, já que a expectativa do público só vai crescendo e algumas vezes não conseguimos atingir. 

7 – Se você tivesse um recado para o seu eu do passado, o que você diria? 

GF – Sinto que só poderia agradecer por ter acreditado em mim, nas minhas intuições, nas minhas ideias e capacidade de construção. Mesmo os momentos de erro foram de muito aprendizado. Ainda tem um caminho longo pela frente e muitos objetivos a serem alcançados. 

8 – E o que você diria para aqueles que querem empreender, mas ainda não começaram? 

GF – CORAGEM! Empreender é arriscar, apesar de termos ferramentas que teoricamente nos orientam para um caminho mais seguro, o risco nunca vai deixar de existir. Tenha coragem e acredite na sua ideia. 

É importante analisar o comportamento não apenas dos diferentes públicos, mas como os empresários se comportam em relação à retomada do setor de entretenimento. Independente da área de atuação, ainda estamos enfrentando uma pandemia, estar consciente disso e transformar essa consciência em um ambiente seguro é papel de todos nós. Esteja atento! 

Foto/Destaque: Divulgação

Raquel Omena

é especialista em negócios digitais, editora da coluna Mais Empresárias
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