26 de julho de 2024
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Ninguém mais respeita a ONU

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As Nações Unidas foram criadas para intermediar crises, evitando conflitos entre países. Tiveram funções determinantes para sacramentar a paz após a Segunda Guerra Mundial. Porém, ultimamente ninguém mais respeita a ONU, algo que está muito bem transparente em todo o mundo.

Ontem, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, manifestou preocupação com o papel da Organização das Nações Unidas frente às guerras que vêm assolando o planeta. Para ele, a entidade está enfraquecida diante de “um momento tão grave da humanidade”.

“Como pode as Nações Unidas estarem inertes, inermes, numa situação tão grave como a que nós estamos vivendo hoje? Eu posso falar um pouco pela minha idade, eu tenho praticamente 60 anos ligados à diplomacia, 82 quase de idade, eu raramente vi uma situação tão grave quanto esta no mundo. Mesmo na famosa crise dos mísseis de Cuba, em que realmente todos corremos riscos gravíssimos, acho que não havia uma disseminação do ódio e não havia uma polarização das mentes tão grave quanto há hoje”, disse o ex-chanceler brasileiro.

Segundo Amorim, o momento atual, com as guerras entre Israel e o Hamas e entre a Ucrânia e a Rússia, denota uma situação muito mais grave que a vivida na crise dos mísseis de Cuba.

“Eu acho que hoje nós vivemos uma situação muito mais grave, com uma multiplicidade de atores e com duas guerras que, de alguma maneira, se misturam. E ver a ONU enfraquecida é algo que realmente preocupa extremamente”, ressaltou.

Amorim fez palestra, ontem, na abertura do Fórum Brasil África 2023, evento organizado pelo Instituto Brasil África que termina nesta quarta-feira (1º), em São Paulo. Em sua fala, Amorim destacou o esforço brasileiro por uma resolução humanitária para a guerra entre Israel e Hamas e considerou algo “heroico” essa tentativa de chegar a um acordo.

“Hoje, nosso ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York fazendo uma tentativa, não digo quase desesperada, mas uma tentativa realmente heroica para ver se aprova uma resolução no Conselho de Segurança da ONU não só para defender todos os que sofrem na região – o povo de Gaza e os israelenses que sofreram com o ataque terrorista – mas também as Nações Unidas”, afirmou ele.

Celso Amorim disse, ainda, que, no próximo ano, o governo deverá dar maior atenção para suas relações com a África. “Eu diria que o ano que vem, em grande medida, será o ano da África na política externa brasileira. Neste ano foi necessário que o Brasil se reinserisse no mundo. Então, o presidente Lula esteve muito presente em eventos internacionais, de várias naturezas, também reconstituindo um pouco aqui a integração da América do Sul, a presença na América Latina, e essa visita simbólica a Angola. Mas eu tenho certeza de que no ano que vem haverá uma atenção redobrada com o continente africano”, disse.

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Seca espalha doenças

A alta estiagem também afeta a saúde de ribeirinhos no Amazonas. As águas começam a retomar o seu curso, sinalizando o início da enchente, mas o cenário adverso por conta da crise climática continua extremamente grave. Além das dificuldades para conseguir alimentos, água potável, entre outros itens de primeira necessidade, moradores estão expostos a muitas doenças nesta época. Hepatite, dengue, diarreia e outras infecções agudas estão sendo registradas no interior do Estado. Nas áreas de difícil acesso, a ajuda só é possível por via aérea. É o que relatam pessoas que conseguem chegar à capital.

Hoje, existem localidades que estão praticamente isoladas. Rios caudalosos deram lugar a bancos de areia. Terras estão rachadas pela falta de chuva. O sol escaldante submete populações inteiras a muito sacrifício. Difícil viver com tantas intempéries. A esperança é que a crise arrefeça, voltando a um cenário abundante que marca a rica biodiversidade amazônica. Não estamos no Nordeste, tradicionalmente castigado pela seca, mas vivenciamos um momento semelhante, tão severo como em outras regiões nordestinas.

Educação

Manter as aulas no interior é um grande desafio. Estudantes percorrem quilômetros para chegar a escolas, isso os que se dispõem a não interromper o aprendizado. No caminho, a terra extremamente amolecida, onde antes existiam águas, gerando muitos lamaçais. E quem ousa desafiar as adversidades, corre o risco de ficar no meio do caminho. Muitas pessoas já foram flagradas atoladas nos percursos. A TV local acompanhou a situação, divulgando imagens em todo o Brasil. Cenário estarrecedor.

Abandono

As lamentações são constantes. Ribeirinhos são obrigados a enfrentar dificuldades. Não há praticamente opção para pessoas cujo habitat é no meio das florestas rodeadas pelos rios. E se dizem abandonadas. Compreensível. Difícil contemplar a todos em regiões geográficas continentais. O peixe está cada vez mais escasso. Há mortandades de espécies. O choque térmico mata milhões de cardumes, entre eles uns dos ícones das hidrovias no Amazonas, os botos (cinza e cor de rosa), que tanto atraem os visitantes.

Contrassenso

Vazante e enchente são fenômenos recorrentes que alimentam esse bioma gigantesco na Amazônia. Agora, o que intriga é o fato de providências do poder público só acontecerem diante das dificuldades, como agora acontece no Amazonas. A ciência já mostrou ser possível conviver com tantas adversidades desde que se tome medidas preventivas, como estabelecer planos de contingenciamento para o enfrentamento das crises. Talvez, a morosidade sirva de moeda de troca para angariar sempre recursos.

Poluição

Focos de incêndios continuam sendo registrados em Manaus, apesar da ação de equipes de brigadistas na tentativa de controlar a situação. Nos últimos dois dias, nuvens de fumaça voltaram a encobrir os céus da capital, causando transtornos. A qualidade do ar foi considerada péssima, segundo os órgãos que monitoram o ambiente. Como sempre, as queimadas têm origem em municípios que fazem parte da Região Metropolitana da cidade. A baixa umidade precipita fogo, mas outros acontecem de forma criminosa.

Água   

A falta de água em diversas zonas de Manaus foi exaustivamente debatida na sessão plenária da Câmara Municipal. O vereador Capitão Carpê (Republicanos) defendeu, ontem, a substituição da concessionária que presta serviços por ser flagrada com muitas irregularidades. Populações de vários bairros reclamam constantemente da empresa. Pagam a tarifa mensal, mas o abastecimento continua precário. “São milhões em lucro do dinheiro do manauara, que não se convertem em melhorias”, criticou o parlamentar.

Pendenga

Mais um capítulo sobre o impasse no TCE-AM. A presidente do TJAM, desembargadora Nélia Caminha Jorge, suspendeu a decisão liminar do desembargador Cezar Luiz Bandeira, determinado ao presidente da Corte de Contas, Érico Desterro, colocar em pauta, ontem, o pedido do conselheiro Júlio Pinheiro para o afastamento do colega Ari Moutinho Jr., acusado de quebra de decoro por ter xingado a conselheira Yara Lins, eleita para comandar o órgão no próximo biênio. Recursos dos dois lados se alternam.

Consignado

Essa é boa. O governo federal incluiu o cartão consignado de benefício como uma das ferramentas de crédito com pagamento direto em folha para servidores públicos. A determinação foi definida pelo Decreto 11.761/2023, assinado pelo presidente Lula e publicado no Diário Oficial da União de ontem. Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, a medida foi tomada “por força da promulgação, ocorrida em maio de 2023, do inciso II do parágrafo único do art. 2º da Lei 14.509”.

Feriadão

O governo do Amazonas decidiu pelo feriadão. Ontem, decretou ponto facultativo nesta sexta-feira (3/11) para servidores públicos do Estado. O dia sem trabalho ocorre após o feriado nacional do Dia dos Finados. A sequência significa que a categoria terá quatro dias de folga. O Executivo levou em consideração a contenção de gastos públicos para determina as medidas, conforme está no texto da publicação. Os funcionários só retomam os trabalhos na próxima segunda-feira (6).

FRASES

“Trava no aumento de impostos pode alavancar o PIB”.

Emerson Queirós, economista, sobre a reforma tributária.

“O que ocorre em Gaza é genocídio”.

Craig Mokhiber, diretor da ONU, ao anunciar ontem aposentadoria do cargo.

Redação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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