Para comemorar o Dia do Professor, durante todo o mês de outubro, apresentaremos aqui, neste espaço, o projeto “Vozes da Educação de Manaus”, que tem como objetivo “Dar visibilidade ao trabalho e amplitude às histórias de vida dos Professores e Professoras de Manaus”. E nesta primeira entrevista, conheça um pouco da trajetória de vida da Professora Eliana Menezes, uma educadora de múltiplos talentos, a serviço da educação de Manaus.
“Sou Eliana Katia de Menezes Leão Araújo, tenho 47 anos e sou uma educadora de múltiplos talentos. Minha formação abrange desde a Eletrotécnica na UTAM (Universidade Tecnológica do Amazonas) até a Pedagogia na UFAM (Universidade Federal do Amazonas), passando pelo Direito na ULBRA (Universidade Luterana do Brasil).
Além disso, sou Psicopedagoga e Mestre em educação. Minha jornada na educação começou em 1997, e eu guardo com carinho o encanto pela profissão, o respeito pelos meus alunos e o sonho de contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao longo da minha carreira, testemunhei mudanças notáveis na educação. As escolas se tornaram mais estruturadas, as metodologias estão mais alinhadas com a vida dos alunos, mas ainda enfrentamos desafios, especialmente no processo de ensino-aprendizagem e na formação de docentes. Mesmo com minhas conquistas, ainda não me considero uma professora completamente realizada.
Entre as muitas histórias que acumulei ao longo dos anos, uma se destaca: o episódio em que me deparei com um aluno envolvido com o tráfico de drogas na escola. Ao chamar os pais, um senhor educado prometeu ajudar. Contudo, os demais alunos revelaram que eu estava, na verdade, tratando com o traficante local. Isso me deixou apreensiva, mas surpreendentemente, o aluno em questão nunca mais apresentou problemas na escola.
Meus planos para a educação são ambiciosos, busco desenvolver o pensamento crítico dos meus alunos e eliminar o analfabetismo funcional. Tenho o desejo constante de estudar, escrever um livro e contribuir para a melhoria do sistema educacional em minha região, enfrentando a falta de incentivos, principalmente em relação às ofertas de mestrado, doutorado e pós-doutorado para os professores, que precisam buscar oportunidades fora da região devido à falta de opções acessíveis.
Quando se trata de influências pedagógicas, destaco nomes renomados como Paulo Freire, Lev Vygotsky, Jean Piaget, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Dermeval Saviani, José Pacheco, Maria Montessori e Celestin Freinet.
Não é possível ser um professor eficaz sem gostar de ler, e atualmente estou imersa em leituras relevantes para a educação, como “Repensando a Educação Brasileira” de João Batista Araújo e Oliveira, e “A Filosofia em Temas Amazônicos” de Luís Carlos Lemos da Silva e Leandro Karnal, que eu adoro.
Meu sonho profissional é criar um espaço de atendimento de escuta dentro e fora das escolas, oferecendo apoio psicológico e psicopedagógico em uma sociedade ansiosa e depressiva.
Encerro minha narrativa com uma mensagem impactante para a sociedade: esquecer o professor é regredir. Os professores também são humanos, enfrentam desafios, mas nossa missão é inspirar os alunos a aplicar o conhecimento na vida real. Os professores são fundamentais para a evolução da sociedade, para o progresso e para a paz”.
