26 de julho de 2024
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115,9 Quatrilhões de vítimas na Floresta Amazônica

O Artigo 23 de CF diz que é competência comum da União, dos Estados, do DF e dos municípios proteger o meio ambiente, combater a poluição, preservar florestas, a fauna e a flora. Após 33 anos desde que a última carta magna foi promulgada, o Brasil passou vexame mundial na COP26, então precisamos refletir sobre qual o impacto do Brasil nas mudanças climáticas? Quais governos mais cortaram verbas da pasta do MMA (Ministério do Meio Ambiente)? o quanto perdemos da Floresta Amazônica? E quantos seres vivos foram deslocados ou mortos pela ganância do brasileiro durante o desmatamento ou queimadas em nossa região?

1) Qual o impacto do Brasil nas mudanças climáticas?

Recomenda-se a leitura de um estudo publicado pela Carbon Brief  <https://bit.ly/3x8qvIP>, com dados entre 1850 e 2021, envolvendo a emissão total de CO2, a partir da exploração dos combustíveis fósseis, desmatamento e manuseio do solo. Como resultado, nos últimos 171 anos, os 10 maiores vilões da mudança climática são: 1) EUA (509 GtCO2), 1) China (258 GtCO2), 3) Rússia (161 GtCO2), 4) Brasil (113 GtCO2), 5) Indonésia (102 GtCO2), 6) Alemanha (88,5 GtCO2); 7) Índia (83 GtCO2); 8) RU (74 GtCO2); 9) Japão (68 GtCO2) e 10) Canadá (65,5 GtCO2). 

Ao estudar a história desde a Revolução Industrial, percebe-se que enquanto os EUA, a Alemanha, o RU, o Japão e Canadá emitiram em geral alta quantidade de carbono para desenvolver sua indústria, gerar emprego, renda e tentar melhorar a qualidade de vida da população, aqui no Brasil, aconteceu o contrário, pois uma boa parte dessa emissão não deu competitividade para nossa indústria nem melhorou a qualidade de vida do povo, enquanto concentrou renda nas mãos de poucos, especialmente latifundiários, invasores de terras, madeireiros, ruralistas, garimpeiros, grileiros, etc.

2) quais os governos que mais cortaram verbas (%) do MMA?

Para responder, foi analisada a despesa do MMA dentro da Lei Orçamentária Anual, aprovada pelo Congresso desde 1995. Para fins de comparação, para cada governo foi analisada a evolução (%) da despesa entre o 1o e 3o ano, o que permite avaliar desde o 1o Governo do FHC até Bolsonaro.

Como resultado, observou-se que em termos percentuais, o Governo Bolsonaro foi o que mais cortou recursos (-47,35%) do MMA, reduzindo as despesas de R$ 3.797.362.978 em 2019 para R$ 1.999.409.602. O próximo foi a segunda gestão do FHC (-33,74%) reduzindo de R$ 1.823.150.714 para R$ 1.208.040.816. Por outro lado, o primeiro período de gestão do FHC (1995 a 1997: +254,94%), do Lula (2003 a 2005: +37,93%) e da Dilma (2011 a 2013: +33,47%) foram os que mais apresentaram evolução positiva.

3) o quanto perdemos da Floresta Amazônica?

É possível estimar com base na quantidade de Hectares destruídos na Região pelo desmatamento e queimadas desde 1988. Para tanto foi coletado dados do TerraBrasilis do INPE <https://bit.ly/2S25BL0> para identificar a evolução do desmatamento por corte raso (corte rente ao solo, sem que as raízes sejam arrancadas), bem como do MapBioma <https://bit.ly/3cDJnpx> para identificar as queimadas na Amazônia Legal, composta pelos estados do AC, AM, Amapá, MA, MT, PA, RO, RO, RR e TO. Esta última plataforma é mais completa por dispor de informações sobre as queimadas em diferentes tipos de áreas naturais e antrópicas, sendo que aqui focou-se apenas nas queimadas que afetaram área natural da Floresta.

Como resultado, entre 1988 e 2021, estima-se que: 

3.1) 47.047.200Ha foram desflorestados, cerca de 9,26% da Região Amazônica. Os piores períodos trienais foram: o 1o período do governo Lula com 7.218.200Ha destruídos; o 1o (6.044.700Ha) e 2o (5.365.000Ha) do FHC. Por outro lado, o 1o (1.688.000Ha) e 2o (2.104.700 Ha) triênio do governo Dilma/Temer tiveram as menores taxas. Nesse período, o Governo Bolsonaro aparece com a pior taxa de crescimento (+30,66%) e em 5o lugar com 3.421.500Ha desmatados. Por último, entre 01/08/20 e 31/07/21, a taxa de desmatamento foi de 13.235.000Ha, 21,7% maior que o período anterior, a pior taxa nos últimos 15 anos <https://bit.ly/3l2AYk5>.

3.2) 115.907.151,40Ha de Floresta pegou fogo ao menos uma vez em 33 anos, cerca de 22,8% da Região Amazônica, sendo os Estados do Mato Grosso (32,3%), Maranhão (25,1%), Tocantins (24,9%) e Pará (11,5%) os campeões, concentrando maioria (93,83%) dos casos. O preocupante é que 69% dos incêndios aconteceram em áreas de formação de savanização (maioria nos 4 estados citados), enquanto que 30% em áreas de florestas primitivas e menos de 1% em mangues. O período com menos áreas naturais afetadas por incêndio foi o 1o ano do governo Dilma (7.205.411,3 Ha), enquanto que os piores foram na 2a gestão do governo Dilma/Temer (11.519.912,3 Ha), seguido pela 1a gestão do Governo Lula (10.971.581,8 Ha), na 2a gestão do FHC (10754332,4 Ha). Em termos de aumento da evolução dos incêndios, o triênio do 1o ano do Governo Lula (+53,05%) e do Bolsonaro foram os piores (29,8%).

4) E quantos seres vivos foram deslocados ou mortos durante o desflorestamento ou queimadas na região?

Estimativas compiladas pelo PhD Jos Barlow <https://bbc.in/3ipQNz9> sugerem que em um Ha da Floresta Amazônica é possível encontrar um bilhão de indivíduos invertebrados no solo, 310 árvores, 160 pássaros, 96 plantas epífitas, 33 anfíbios, 22 répteis e 10 primatas. Assim, nos últimos 33 anos, cerca de 47,04 quatrilhões desses seres vivos foram deslocados ou morreram por conta do desmatamento, com destaque para 14,6 bilhões de árvores sacrificadas. No entanto, o maior massacre vem ao estimar que 115,9 quatrilhões desses seres vivos foram vítimas das queimadas, dos quais 35.931.216.933 foram árvores.

Finalmente, o Brasil ao destruir de forma irracional as florestas tem sido um dos maiores vilões das mudanças climáticas. Além disso, o tamanho da destruição na Amazônia é maior que alardeiam, nosso maior inimigo não é o estrangeiro querendo invadir a região, mas uma parcela do próprio povo brasileiro, que em nome de lucros, desobedece a constituição e sacrifica o futuro das novas gerações.

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