Há exatos dezessete anos, chegou em minha vida, um “menino”, recém-nascido que me foi dado de presente por uma família amiga. Desde aquele momento, o meu cotidiano e o do meu filho caçula foram admiravelmente alterados. O nosso novo integrante da família, desde cedo, absorveu todo o nosso escasso tempo disponível. Extremamente ativo, agitado, o “novato” não parava quieto desde que acordava. E todas as tardes, e às vezes à noite, eu ia passear com ele. E nunca era de carro, apesar de ele gostar muito. E de vez em quando, ele mesmo sumia por um tempo, mas logo voltava para a segurança do lar.
Uma das maiores dificuldades que encontrei foi de ensinar ao novo membro onde ele deveria fazer as necessidades fisiológicas, tanto o “número 1” como o “número 2”. Cheguei a conclusão que disciplina não era uma virtude que constasse da personalidade dele. Mas, rapidinho, após uns seis meses, ele já “fazia” em locais mais adequados. Mas, nunca onde eu havia planejado. Deixei de lado. Não ia brigar e muito menos “dar umas palmadas “. O tempo passou, e ele crescendo e se divertindo. Um dia, quis o destino que fizéssemos uma viagem de mudança.
Falei com o meu caçula apenas para ele saber, pois nesta época o guri tinha 7 anos. Planejei tudo, nos detalhes. Mas, esqueci de planejar a logística do novo integrante da família. Então refiz tudo. E no dia da viagem, que foi de Manaus à Brasília-DF, e partindo de carro de Belém-PA, iniciou-se todo um processo de transporte adequado. Mas, chegamos todos em Belém, sem maiores problemas. E lá pegamos o nosso carro e caímos na estrada. Não sei se eu disse anteriormente que o novato era um lindo cachorrinho da raça Dachshund, ou salsicha, ou Basset ou Cofap.
A família que me presentou com ele, o chamava de Leopoldo. Eu gostava, mas mudei para Spike, lembrando dos desenhos animados de Tom e Jerry. Voltando à viagem, o Spike havia sido sedado no aeroporto de Manaus e só acordou de verdade no hotel em Belém. E no dia seguinte, iniciamos a parte rodoviária da viagem. Foram cinco dias de estrada e uma balsa. Em toda a viagem, o Spike ficou deitado apoiando o pescoço no meu antebraço direito. Foi uma viagem espetacular. Eu, meu caçula e o Spike adoramos. E foi a primeira entre muitas e muitas viagens e passeios diversos por aqui e por ali.
O tempo passou e passa rápido demais. Por circunstâncias e oportunidades da vida, o meu caçula ficou morando com o Spike nos últimos anos. Sempre foram quase “irmãos” e o Spike sempre foi muito bem cuidado e viveu lindamente mesmo. Ocorre que há uns dois anos, a Veterinária confirmou, por meio de exames, que o Spike estava acometido de doença grave, por força da idade avançada do bichinho. Recebi esta notícia com muita tristeza, mesmo.
Enfim! A vida seguiu e nesta semana, o meu caçula e a Veterinária decidiram me contar a decisão que queriam tomar: uma eutanásia, um sacrifício, com injeção letal, sem dor e rápido, pois o bichinho já estava cego de um dos olhos, já não andava mais e tinha agravada a doença inicial. Ele estava sofrendo, mas ainda era aquela pequena pilha atômica de energia e alegria. Enfim! A viagem final do meu Spike ocorreu hoje, após o almoço.
Eu não estive presente nesse ato e nem acompanhei as derradeiras homenagens. Mas, chorei copiosamente hoje, pela dor da perda. Sei onde foi enterrado o corpinho dele. Mas, não vou lá sofrer a saudade. Sofro aqui mesmo. Ele sempre estará vivo nas minhas lembranças e na minha alma. Descanse em Paz, meu Amigo!