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– Páscoas –

*Carmen Novoa Silva

Perdeu-se o sentindo da Páscoa, neste mundo secularizado? Semana Santa é sinônimo no hoje, de férias e viagens. É a alegria das agências de turismo, hotéis e centro turísticos! As fábricas de chocolates multiplicam cifrões, confeccionando milhões de ovos de chocolate que crianças e adultos consumirão. Êxtase da criançada. E os proprietários das lojas auferem o lucro da data paganizada. Em verdade em verdade afirmo, meu leitor persistente, pergunte a meninos e meninas o que significa Páscoa e eles responderão com um brilho de gula nos olhos ser época de ovos e coelhinhos de chocolate. Cristo, personagem principal da data tem de suportar o fato de ser mediocrizado, edulcorado, caramelizado, marionete de “marketing” e digerível em todas suas Semanas da Paixão. Tudo para que não nos assuste em demasia a dor. Não só a lembrança da “Via Crucis” de Jerusalém, mas a dor dos que nos rodeiam em nossa Grande Manaus, dos dois milhões de habitantes e infinitos miseráveis. Bem propícia a Campanha da Fraternidade deste ano, que aponta as “escravidões” da pós-modernidade quando alguém é subjugado por outrem de forma a ferir o direito de cada um. Seja uma escravatura emocional, física ou psicológica. Temos o dever de auxiliar nessas novas Páscoas. De passagem da vida a vencer a morte. De ensinar como retirar ressurreições das dores! Ressuscitar, nessa Manaus – cheia – de – graça –, o ser solidário, com as vitimas de nosso tempo (migrantes espoliados, crianças vitimizadas, prostituição infantil e juvenil…). Não podemos encarnar ás figuras dos soldados romanos, que com ar indiferente jogavam dados diante da cruz. E sorteavam entre si, a túnica inconsútil (tecida integra e sem costura) da dignidade e da honra do próximo. Isso é ação dos que vêem a vida sob o prisma da egolatria e do supérfluo. Há quem pense que cristianismo tem que ser descrucificado, descafeinado e anestesiado. Forma que os homens neo-modernistas inventaram para não enxergar a dor. O suor de sangue de Cristo no Horto das Oliveiras não foi miraculoso. Os científicos o denominam como hematidrose. Uma dor imensurável no sistema emocional (A dilatação dos capilares subcutâneos unindo as glândulas sudoríparas ocasionando o fenômeno) não é a toa que o evangelista médico, Lucas, nara sobre esse estranho suor. Assim também jamais esquecer que todos temos nossa cota de gemidos, lutos, lágrimas, depressões, enfermidades, crises e fracassos. Cabe a cada um de nós ter a atitude corajosa de extrair ressurreições de nossas próprias dores. Por que a cada um de nós foi dado um Getsemâni no peito. Mas com certeza também foi dado a coragem e a esperança, como forças vitais que incensam os portais da terra onde corre leite e mel… Deixemos de viver na casca de nós mesmos. E cascas… Essas não alimentam. Apodrecem.

CARMEN NOVOA SILVA, é Teóloga e membro da Academia Amazonense  

                                                                                               de Letras e da Academia Marial do Santuário de Aparecida-SP

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