7 de outubro de 2024

Muito a melhorar

O Brasil foi classificado em 84º lugar entre 189 países e regiões no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2020, que leva em conta a renda per capita, os níveis de educação e a expectativa de vida, de acordo com o relatório divulgado esta semana pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). 

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2020 é o mais recente dos Relatórios de Desenvolvimento Humano globais publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) publicados desde 1990 e trata de forma independente, analítica e empírica fundamentada, sobre discussões que envolvem as principais questões de desenvolvimento, tendências e políticas. o PNUD criou com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), trinta anos atrás, uma nova forma de conceber e medir o progresso no mundo que usava somente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita como medida de desenvolvimento.

Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH passou a ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano e apesar de considerar diversos fatores relacionados com o bem estar humano em um determinado país o índice não tem o condão de abranger todos os aspectos de desenvolvimento de uma nação e, nem tão pouco, pode medir a “felicidade” das pessoas. Questões envolvendo formas de governo, participação popular nas decisões governamentais, sustentabilidade e equidade social não são abrangidas pelo IDH.

Apesar de não levar todos os critérios possíveis para indicar “o melhor lugar do mundo” para o ser humano viver “feliz” o Relatório de Desenvolvimento Humano 2020 (HDR) produz dados que permitem acreditar que o empoderamento das pessoas pode induzir um equilíbrio da nossa existência com o planeta e promover a criação de um mundo mais justo. É certo que estamos em um momento inédito na nossa história conhecida, no qual a atividade humana se tornou uma força dominante na formação do planeta. As ações do homem geram impactos que ameaçam o desenvolvimento que atingimos até o momento e se faz necessário entendermos que a forma como vivemos, trabalhamos e cooperamos precisa para mudar para realinharmos o nosso caminho como humanidade. O relatório explora como iniciar essa mudança.

O relatório HDR 2020 afirma que a crise climática, o colapso da biodiversidade, a acidificação do oceano e vários outros problemas mundiais contribuem para que muitos cientistas acreditem que, pela primeira vez, em vez de o planeta moldar os humanos, os humanos estão conscientemente moldando o planeta. Este é o Antropoceno, a chamada Era dos Humanos, uma nova época geológica. E as alterações negativas causadas na natureza resultam em desequilíbrios sociais gerando círculo vicioso que prejudicam a “saúde” planeta, aumenta a instabilidade social, diminui a mobilidade social, geram retrocessos democráticos e estimulam mobilizações que invocam o autoritarismo.

De uma forma bastante simples e concisa se pode dizer que um planeta doente gera uma humanidade doente, consequentemente, cria sociedades doentes, e o relatório HDR 2020 apresenta essas relações planeta-humanidade-sociedade com muita preocupação. Precisamos repensar o mundo.

O Brasil no ranking apresentado pelo relatório HDR 2020 ficou em 84º lugar com uma expectativa média de vida de 75,9 anos. Vale dizer que em 1990 a expectativa do brasileiro era de 66,34 anos, em 2000 era de 70,12 anos e em 2010 era de 73,62 anos. Tivemos um acréscimo de 9,5 anos de vida em média nos últimos trinta anos. Obviamente que esses “anos” a mais são graças a vários fatores envolvendo desde estudos científicos, com a criação e descobertas de novas drogas, até a compreensão de que determinados hábitos alimentares e de higiene podem contribuir para a longevidade humana. 

Voltando ao ranking o Brasil em relação aos vizinhos da América Latina ficou atrás do Chile (43º), com a expectativa de vida de 80,2 anos, Argentina (46º), com 76,6 anos, Uruguai (55º), com 77,9 anos, e Colômbia (83º), com 77,3 anos, ficando à frente de Paraguai (103º), com 74,3 anos, Bolívia (107º), com 71,5 anos, e Venezuela (113º), com 72,1 anos.  A Noruega ficou em 1º lugar, com uma expectativa de vida de 82,4 anos, seguida pela Irlanda, com 82,3 anos, e Suíça, com 83,8 anos.

São apenas números, cálculos, expectativas, mas nos faz pensar que temos muito para melhorar e evoluir, seja como país internamente e como país externamente. 2021 se apresenta como um ano de desafios, vamos enfrentá-los acreditando que podemos fazer alguma coisa para contribuir.

Moisés Hoyos

Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil

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