11 de dezembro de 2024

Saúde mental: como ficaremos depois que tudo isso passar?

Medo, insegurança, ansiedade, solidão, tristeza, angústia são apenas alguns sentimentos que experimentamos ao longo da vida e que fazem parte da psicologia do comportamento humano.  Muitas vezes, apesar de toda a carga de emoção desagradável, a experiência pode – se bem trabalhada internamente – trazer aprendizados e autoconhecimento. Mas, com a pandemia da COVID-19 tudo o que a gente sente cresce muito, se avoluma, se transforma num monstro gigante, cruel e que nos ataca de surpresa a cada informação ou notícia impactante  a respeito da doença, que a cada dia se torna mais e mais agressiva, e o impacto na nossa saúde mental também é grande!

Mudanças 

Por causa do novo Coronavírus tivemos que mudar nossa rotina de trabalho, tivemos que nos adequar da noite pro dia a um estilo de vida completamente diferente do “normal” e estamos lidando – diariamente – com as mortes de amigos, parentes e desconhecidos. Toda essa transformação afeta a nossa saúde mental de diferentes formas. Por mais equilibrados e racionais que sejamos, fica difícil manter o foco assistindo esse filme de terror que diariamente – a qualquer momento – invade a tela da vida e the end! 

Iniciamos janeiro de 2021, diferentemente dos anos passados, em que começávamos o ano animados e esperançosos, lutando pra sobreviver e pra resguardar a vida de quem amamos. Em cada esquina, no ônibus, na farmácia, no mercado ou mesmo em casa podemos perder a batalha e sucumbirmos ao vírus! Estamos todos doentes, emocionalmente!

A vida como ela era 

Perdemos o contato físico, o abraço amigo, o encontro inesperado cheio de surpresas, a conversinha na hora do café e todas as benesses de uma vida livre e supostamente protegida. Mesmo com as vacinas e a provável cura, ainda é cedo pra sabermos o que vem pela frente! 

A saúde mental dos brasileiros 

No mês alusivo à saúde mental, conhecido como Janeiro Branco, dados publicados no portal da Agência Brasil e levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)  relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%). 

No mesmo texto, outro levantamento, agora realizado pelo professor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) sobre o comportamento dos brasileiros durante o isolamento revelou que a prevalência de pessoas com estresse agudo na primeira coleta de dados, realizada entre os dias 20 e 25 de março de 2020 foi de 6,9% contra 10,3% na segunda, efetuada entre os dias 15 e 20 de abril, evoluindo em junho, na sondagem mais recente, para 14,7%. Em relação à depressão, os números saltaram de 4,2% para 8%, caindo em junho para 6,6%. 

Só o tempo poderá curar as feridas que a pandemia tem provocado! Certamente, as lições devem ser aprendidas com tudo isso, mas pergunto: “Quem seremos depois que tudo isso passar? Vamos conseguir juntar os cacos e prosseguir de que forma? A qual preço? Eu não tenho essa resposta e você tem?

Cristina Monte

Cristina Monte é articulista do caderno de economia do Jornal do Commercio. Mantém artigos sobre comportamento, tecnologia, negócios.

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