Não seria possível, numa reflexão de caráter geral como a que propomos aqui, mapear com exatidão a força da esperança sem ouvir os maiores especialistas no assunto. No entanto, passamos por eles apenas de raspão; eles merecem ser aprofundados, pois cada um têm de ser explicado em seu próprio contexto. Mas não é esse o nosso objetivo aqui. O objetivo é ser simples, claro, comunicativo e reflexivo.
O que defendemos nessa série é que a força da esperança é sempre uma maneira de encarar com humor e leveza às durezas da vida. Padre Fábio de Melo afirma que “O pessimismo tem um defeito: reforça a dor. A esperança pode tornar a vida mais graciosa, mesmo que saibamos ser inevitável”. Para quem tem esperança, tudo se torna mais alegre, colorido, correto.
Quando questionado acerca da esperança, Santo Agostinho de Hipona responde: “A esperança tem duas belas e queridas filhas: a indignação e a coragem; a indignação para recusar as coisas como estão aí; e a coragem, para mudá-las”.
Já para o filósofo brasileiro Mário Sérgio Cortella, “A coisa mais importante na vida, quando não temos nenhuma outra coisa é a esperança, mas tem que ser a esperança do verbo esperançar, que significa não desistir, e não a esperança do verbo esperar, essa não é esperança, e sim espera”.
A ideia de esperançar é famosa na literatura brasileira. De acordo com Paulo Freire, o Patrono da Educação Brasileira, “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!”.
O poeta gaúcho Mário Quintana também tratou sobre o assunto. Diz ele: “Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano. Vive uma louca chamada Esperança. E ela pensa que quando todas as sirenas. Todas as buzinas. Todos os reco-recos tocarem. Atira-se. E — ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança… E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…”.
Leonado Boff, no seu livro Reflexões de um Velho teólogo e Pensador, escreve que: “A esperança não é apenas um princípio, quer dizer, um dado da essência humana. Ela é também uma virtude cristã, junto com a fé e o amor. A esperança, de certa forma, está na base da vida. Podemos perder a fé e contuamos a viver. Podemos perder o amor de nossa vida e nos ralizarmos num outro. Mas quando perdemos a esperança, estamos a um passo do suicídio porque a vida perdeu sentido e o futuro não possui mais nenhum horizonte com uma luz orientadora. Dominam as trevas”.
Por fim, a esperança é o que nos move, é o que nos mantem vivos. Sem esperança, não importa o que façamos, a vida não tem nenhum sentido. Dessa forma, é preciso manter a esperança, até porque continuamos vivos. Ou seja, o sentido último da vida humana é a esperança da felicidade. Sem esperança não somos felizes. Plagiando o velho Sócrates, eu concluo este artigo dizendo: “Uma vida vivida sem esperança, não vale a pena ser vivida”.