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Vendas da indústria do Amazonas aceleraram 20% em março

Em março, o faturamento do PIM em dólares fechou pela primeira vez no azul, desde o começo da pandemia. Registrado em um período em que a segunda onda e as restrições já começavam a declinar no Estado, os resultados foram ainda melhores em moeda nacional. É o que revelam os dados mais recentes dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Suframa, nesta sexta (11). Na análise da autarquia, os dados de faturamento, exportações e empregos propiciaram o melhor primeiro trimestre para a indústria incentivada, nos últimos seis anos. 

De acordo com a Suframa, as vendas da indústria incentivada aceleraram 20,10% entre fevereiro e março, de US$ 2.04 bilhões para US$ 2.45 bilhões, além de terem sido 39,20% superiores à marca de 12 meses antes (US$ 1.76 bilhão) – quando o setor passava por paralisações por falta de insumos. Contabilizado em reais, houve incremento anual de 53,06% para os resultados do Polo Industrial de Manaus, com R$ 13,99 bilhões (2021) contra R$ 9,14 bilhões (2020) e expansão de 24,02% ante o segundo mês do ano (R$ 11,28 bilhões). 

No trimestre, o faturamento praticamente avançou 12,38% em moeda norte-americana (US$ 6.42 bilhões) e escalou 34,87% na conversão em divisa nacional (R$ 35,65 bilhões). As diferenças se devem à variação cambial, que aumentou em 9,59% a cotação do dólar em relação ao real, entre o último dia útil de março de 2020 (R$ 5,1981) e o final do mesmo mês deste ano (R$ 5,6967), de acordo com a base de dados do Banco Central. 

A Suframa destaca que o resultado em reais sofreu influências positivas dos crescimentos acumulados dos segmentos de bens de informática (R$ 9,71 bilhões e +62,3%) e eletroeletrônico (R$ 7,91 bilhões e +21,33%). Os subsetores termoplástico (R$ 3,3 bilhões e +81,54%), metalúrgico (R$ 3,30 bilhões e +39,67%), mecânico (R$ 2,48 bilhões e +46,08%) e químico (R$ 3,05 bilhões e + 31,27%) também tiveram destaque. 

Em dólares, 15 dos 26 subsetores do parque fabril de Manaus listadas pela Suframa avançaram na mesma comparação, quantidade maior do que a de janeiro (13). Responsáveis por perto da metade das vendas do PIM, os polos eletroeletrônico (US$ 1.42 bilhão e 22,20% de participação) e de bens de informática (US$ 1.75 bilhão e 27,24%) tiveram uma virtual estagnação (+0,72%) e uma elevação de 36,07%, respectivamente. Já o polo de duas rodas (US$ 680.01 milhões) aumentou sua fatia no faturamento global do PIM de 8,82% para 10,59%, embora ainda se mantenha 20% abaixo do mesmo acumulado de 2020.

Produtos e empregos

Assim como ocorrido nos dois meses anteriores, os principais resultados das linhas de produção vieram dos bens de informática e eletroeletrônicos. Um dos destaques veio dos tablets, com 489.872 unidades fabricadas e crescimento de 239,88%. Outros desempenhos positivos foram registrados em celulares (3.317.646 e +3%) e microcomputadores portáteis (196.088 e 55,73%), aparelhos de barbear (497.965 e +14,25%), rádios e gravadores de áudio portátil (204.630 e +77,98%), condicionadores de ar split system (1.405.106 e +6,02%) e home theaters (25.872 e +94,89%).

A performance foi menos significativa, no entanto, no ritmo das contratações. Em março, o PIM registrou média de 101 mil postos de trabalho, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. O desempenho ficou aquém das marcas de fevereiro (102.132) e janeiro (102.706), embora tenha sido 20,08% melhor do que o apresentado 12 meses antes (84.113). 

A média mensal de mão obra do parque fabril de Manaus, no primeiro trimestre deste ano, foi de 101.946 postos de trabalho, sendo 7,92% superior à do mesmo período de 2020 (94.463). Foi também o melhor número desde 2016, (86.161), embora ainda tenha ficado distante do patamar de 2015 (105.015). O saldo acumulado pela indústria incentivada nos três meses iniciais deste ano foi de 2.051 vagas, dado o predomínio das contratações (7.960) sobre os desligamentos (5.909).

“Meses produtivos”

Em texto da assessoria de imprensa da Suframa, o titular da autarquia, Algacir Polsin, considerou que os resultados alcançados pelo PIM no primeiro trimestre de 2021 foram “bastante satisfatórios”, em especial considerando que os meses iniciais deste ano foram marcados pela escalada das segunda onda de covid no Amazonas e as consequentes restrições à atividade econômica. 

“De acordo com os números informados pelas empresas, temos um saldo de 2.051 empregos no trimestre, o que é muito positivo, se formos avaliar o contexto deste difícil período que enfrentamos. Além disso percebemos em março, os maiores valores do ano em relação ao faturamento e à aquisição de insumos. Isso indica que a economia do país como um todo está em recuperação e que a nossa indústria está confiante em meses produtivos a seguir”, ponderou.

“Estoque baixo”

Em textos anteriormente divulgados por sua assessoria de imprensa, o presidente da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Marcos Fermanian, lembrou que o segmento passou dois meses de dificuldades para retomar suas operações, em março, “seguindo os protocolos sanitários” e na “expectativa de atender à demanda do mercado, reduzindo a fila de espera por motocicletas”.

“No momento, as fábricas mostram uma curva de recuperação. No entanto, estamos apreensivos em relação ao ritmo do avanço da pandemia nos próximos meses (…) É preciso acelerar o programa de vacinação para trazer tranquilidade na gestão das nossas fábricas”, afiançou. O dirigente acrescenta que as fabricantes estão se esforçando para regularizar o atendimento às concessionárias. “O estoque ainda é baixo e acreditamos que, em poucos meses, conseguiremos normalizar a situação e acabar com a fila”, frisou.

“Semestre alvissareiro”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, lembra que, em março de 2021, o Amazonas já iniciava seu processo de flexibilização, o que teria ajudado nos números. Já o saldo positivo da variação anual teria sofrido influência de uma base de comparação prejudicada pelos primeiros sinais da crise da covid-19 – que se manifestaram inicialmente no fornecimento de insumos para a indústria, para culminar no primeiro fechamento geral dos demais setores.

“Março foi quando as atividades retornaram, após a paralisação dos dois primeiros meses do ano. Por isso, é natural que os números representem essa demanda reprimida. A despeito disso, a indústria vem demonstrando sinais de força, apesar de ainda sofrer com as dificuldades de fornecimento de insumos e retração do nível de consumo. Se não tivermos novos agravamentos da pandemia, nos próximos meses, deveremos ter um segundo semestre alvissareiro”, arrematou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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