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Setor de serviços recua em abril após duas altas

O setor de serviços do Amazonas interrompeu uma sequência de duas altas mensais para voltar a mergulhar em abril. A atividade ainda sustentou expansão de dois dígitos para o Estado, em relação ao dado de um ano atrás – período de ápice da primeira onda e fechamento dos segmentos não essenciais da economia amazonense. O desaquecimento em âmbito estadual seguiu novamente na contramão da média brasileira, embora tenha sido insuficiente para abalar o acumulado do ano, que segue no azul. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE para o setor, divulgada nesta sexta (11). 

O volume de serviços no Estado caiu 1,3%, entre março e abril de 2021, em trajetória inversa do levantamento anterior (+0,5%), que já havia desacelerado. No confronto com o mesmo mês do ano passado, houve elevação de 24,7%, superando o dado de março (+6,9%), em razão de uma base de comparação depreciada pela pandemia. Foi o suficiente para segurar a atividade no campo positivo nos acumulados do quadrimestre (+10,3%) e de 12 meses (+3,6%). As médias brasileiras foram: +0,7%, +19,8%, +3,7% e -5,4%.

Com o decréscimo mensal de abril de 2021 (-1,3%), o Estado despencou da  oitava para a 19ª posição, entre os maiores valores registrados pelo setor em todo o país. O pódio foi ocupado por Tocantins (+10,5%), Distrito Federal (+4,8%), e Pará (+3,5%), na ordem. Na outra ponta, os piores desempenhos do país vieram da Paraíba (-3,4%), Alagoas (-2,8%) e Mato Grosso do Sul (-2,6%), em uma lista ainda com 14 unidades federativas no vermelho.

Com o desempenho consolidado no azul, o Amazonas avançou da nona para a quinta colocação do ranking nacional da variação acumulada do ano. Tocantins (+14%), Santa Catarina (+13,7%) e Mato Grosso (+13,2%) tiveram os melhores números, enquanto Sergipe, Distrito Federal (ambos com -4,9%), Rio Grande do Norte (-3,8%) figuraram no rodapé de um rol que registrou oito performances no vermelho.

Receita nominal

Já a receita nominal dos serviços do Amazonas – que não leva em conta a inflação nos preços correntes – retrocedeu com mais força em praticamente todas as variações. O recuo na passagem de março para abril foi de 1,9% – contra a virtual estagnação anterior (+0,1%). No confronto com abril de 2020, o incremento chegou a 25,1%, possibilitando a sustentação dos dados do quadrimestre (+9,7%) e do acumulado dos 12 meses (+2,2%). Os respectivos números brasileiros foram +0,1%, +22,4%, +4,7%, -4,9%.

Com a retração amargada na variação mensal da receita nominal, o Estado desabou tombou do 17º para o 20º lugar no ranking nacional do IBGE, que teve seus extremos em Tocantins (+21%) e no Mato Grosso do Sul (-3,5%). No comparativo do acumulado dos quatro meses iniciais do ano, o Amazonas se sustento na sétima posição, em uma lista liderada por Tocantins (+15,7%) e novamente encerrada pela Distrito Federal (-5,2%).

Na análise do supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, o resultado de abril mostra que a atividade ainda não conseguiu se estabilizar na alta. “Já a comparação com 2020 não é real, uma vez que naquele mês havia toda instabilidade causada pela pandemia. Ainda temos uma gordura de crescimento no ano e nos últimos 12 meses. Por isso é importante aguardar e torcer para que maio, mês das mães, e junho, dos namorados e das festas, sejam melhores. Infelizmente não temos o recorte por atividades, tão precioso para analisar as causas.”, ponderou 

Alimentação e transporte

Em âmbito nacional, apenas duas das atividades de serviços investigadas pelo IBGE alcançaram incremento mensal: informação e comunicação (+2,5%) – impulsionada por tecnologia da informação e telecomunicações – e serviços prestados às famílias (9,3%) – liderado pelos restaurantes. Em contraste, serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,6%), “outros serviços” (-0,9%) andaram para trás, ao passo que transportes e correio estagnou.

Em texto postado na Agência de notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo explica que os resultados dos serviços prestados às famílias devem ser relativizados, já que a base de comparação do mês anterior foi depreciada pelas restrições impostas pelos decretos estaduais e municipais. “Os segmentos de transportes de carga e de apoio logístico mantêm bom desempenho e o de passageiros se beneficia da baixa base de comparação, uma vez que abril de 2020 foi o primeiro mês em que se vivenciou na sua integralidade as medidas de isolamento social”, acrescentou.

Um cruzamento com os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), por outro lado, pode dar uma pista o que ocorreu no setor, no Amazonas. A base de dados do Ministério da Economia indica que, embora os serviços tenham obtido saldo positivo de empregos com carteira assinada (+319 vagas), atividades administrativas e serviços complementares (-303) eliminaram postos de trabalho. Alimentação (+76) e transporte e correio (+82), por outo lado, foram na direção contrária.  

Em entrevista à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, já havia assinalado que atividades que trabalham com a demanda por serviços à distância, tecnologia e entregas haviam sido favorecidos pela pandemia e pela quarentena. “Os serviços que devem continuar encolhendo mesmo são os de entretenimento e eventos, assim como todos os que precisam juntar muita gente em atendimento presencial. Pode haver crescimento também para os serviços que atendem a construção civil”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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