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Venda de veículos novos no Amazonas tem leve queda sobre mês anterior

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Face: @jcommercio

As vendas de veículos novos no Amazonas desaceleraram em julho. Os emplacamentos somaram 5.379 unidades e despencaram 13,65% ante junho (6.229). A comparação com o sétimo mês de 2021 (4.766) ainda mostrou acréscimo de 12,86%. O desempenho foi suficiente para segurar o acumulado do ano no azul, com 35.350 (2022) contra 28.994 (2021) unidades e incremento de 21,92%. Os números foram impulsionados por automóveis, comerciais leves e caminhões, mas as motocicletas experimentaram derrapagem. Ainda assim o Estado superou a média nacional.

Os números são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, que se amparou nos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), que levam em conta todos os tipos e veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas. Vale notar que os dados locais devem ser levados também sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado entre as fábricas do Centro-Sul e as concessionárias no Estado.

De acordo com o levantamento da entidade, o desempenho do Amazonas foi melhor do que o da média nacional. Julho teve 307.702 unidades licenciadas, representando retrocesso de 2,61%, na comparação com junho (315.953). O montante também foi 0,56% inferior ao de 12 meses atrás (309.443), sustentando uma queda de 2,65% no semestre (1.958.938). A Fenabrave considerou que o resultado foi afetado pelo estrangulamento no fornecimento de insumos e pelo encarecimento do crédito, mas mantém expectativas positivas de vendas, diante da nova redução do IPI para o subsetor.

No Estado, mercado segue instável, com concessionárias superestocadas de modelos menos procurados, enquanto os produtos mais caros, de maior apelo comercial, e voltados a um público mais seleto e disposto a pagar à vista, ainda contam com filas de espera. Há expectativa de que o breque nos aumentos da gasolina, por conta de desonerações tributárias, contribua para uma melhora relativa no curto prazo. Mas, há dúvidas se o novo desconto no IPI incidente sobre as vendas de veículos darão alguma contribuição significativa, o que não vinha ocorrendo até então.

Automóveis x motocicletas

Quatro das sete categorias listadas pela Fenabrave tiveram melhoras nas vendas do Amazonas, entre junho e julho. O melhor desempenho veio dos caminhões, que tiveram elevação de 28,95%, somando 98 unidades comercializadas. Foram seguidos por automóveis (+20,37% e 1.690), comerciais leves (+4,06% e 590), e “outros veículos” (+3,70% e 56) – que incluem tratores e máquinas agrícolas. Em contrapartida, ônibus (-31,11% e 31) e motocicletas (-28,72% e 2.891) e implementos rodoviários (-14,81% e 23) pontuaram quedas.

O quadro piora quando se leva em consideração o confronto com junho do ano passado: apenas motos (+21,73%) e automóveis (+18,26%) aparecem com altas. O semestre é sustentado apenas pelos veículos de duas rodas (+73,25%). A despeito da troca de sinal, pelo 12º mês seguido, carros cederam lugar a motocicletas no ranking das categorias mais vendidas no Amazonas. As motos continuaram na primeira posição, avançando de 42,28% para 60,08%, entre julho de 2021 e o mês passado. Em sentido contrário, os automóveis voltaram a reduzir sua participação no bolo de vendas na mesma comparação, com 26,42% (2022) contra 37,16% (2021).

ICMS e juros

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commecio, o sócio diretor da Kodó Veiculos, Diogo Augusto Maia da Silva, informou que o volume de unidades comercializadas vinha avançando a uma média de 10% mês a mês, mas estancou a partir de junho. A empresa trabalha com a revenda de veículos multimarca, nas categorias de automóveis e comerciais leves. “Achamos que vai dar uma crescida. O preço do combustível está baixando e deve cair mais agora, com a medida do ICMS. O mercado pode até aquecer, com o pessoal que faz aplicativo voltando a comprar carro, nos próximos meses”, ponderou.

A boa notícia é que a oferta seguiu trajetória de recuperação, apesar de ainda se manter intermitente. O problema, conforme o sócio diretor da Kodó Veiculos, é mais sentido em produtos mais visados pelo público e que contam com mais tecnologia incorporada. “Alguns modelos você já encontra para pronta entrega e chegando mais rápido. Mas alguns ainda estão difíceis. Tem carros da Jeep e outras fábricas que ainda estão com problemas de distribuição”, frisou. 

Segundo o sócio diretor da Kodó Veiculos, a escalada dos juros e as restrições bancárias seguem inibindo a demanda, em um momento em que o setor tinha se preparado para driblar a falta de automóveis zero, com o aumento da oferta de carros usados. Até então, o empresário vinha reforçando que o desconto do IPI é insuficiente para compensar os reajustes mensais das montadoras, que costumam ser de 1% a 1,5%, em ritmo semelhante ao do IPCA. Procurado novamente pela reportagem do Jornal do Commercio para se pronunciar a respeito da nova baixa no tributo, não retornou até o fechamento desta edição. 

Crédito e IPI

Em comunicado à imprensa, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, salienta que as vendas nacionais de veículos tiveram comportamentos distintos em julho, conforme a categoria. O dirigente salienta que alguns registraram números melhores do que os de junho, com destaque para automóveis, comerciais leves e caminhões, enquanto outros, como ônibus e motocicletas apontaram retração. 

“A queda pode ser explicada por um conjunto de fatores, como a menor oferta. Isso aconteceu especialmente no segmento de duas rodas, por conta de problemas na produção e pela maior restrição e aumento do custo de crédito, já que a inadimplência nos financiamentos de veículos está em 4,5%, de acordo com os dados divulgados, pelo Banco Central, referentes a abril de 2022”, informou.

Com a nova redução do IPI, para automóveis, que passou de 18,5% para 24,75%, a entidade espera que os volumes de emplacamentos possam crescer ainda mais, finalizando o ano dentro das expectativas da Fenabrave, que apontam para um resultado equivalente ao obtido em 2021 ou, na melhor das hipóteses, a um crescimento de mais de 4%, para autos e leves, chegando a um total de mais de 2.060.000 unidades. “Se a produção retornar à sua normalidade, e com mais esse estímulo do governo federal, talvez consigamos atingir esse patamar”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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