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Valor da produção agrícola do AM encolhe 5%, em 2020

O valor da produção das principais culturas agrícolas do Amazonas encolheu 5%, entre 2019 e 2020, ao atingir R$ 1,597 bilhão. O Estado seguiu trajetória inversa da média nacional (R$ 470,5 bilhões), que bateu novo recorde e avançou 30,4%. O desempenho foi puxado para baixo pelas safras da laranja, do limão e do mamão, entre outras, enquanto juta, arroz e malva lideraram o ranking local de culturas em crescimento. As lavouras temporárias foram responsáveis por 76% da agricultura do Estado e produção se concentrou principalmente em Manacapuru, Itacoatiara, Codajás e Tefé.

Açaí, guaraná, abacaxi cultivados principalmente em Codajás, Maués e Itacoatiara, respectivamente ainda são produtos locais com destaque na produção nacional. Juta e malva também estão na lista. A mandioca, por outro lado, ainda é o principal produto agrícola do Estado, e o único produzido em todos os municípios. É o que apontam os dados da PAM (Produção Agrícola Municipal 2020), pesquisa que levou em conta 30 produtos em todo o Estado, e que foi divulgada pelo IBGE, nesta quarta (22). 

De acordo com a sondagem, produtos como coco (-54,6%), laranja (-64,5%), limão (-52,9%), mamão (-38,3%), pimenta do reino (-35,4%) e tangerina (-28,3%) registraram os maiores tombos de produção, em relação ao ano anterior. Já as culturas da juta (32.000%), do arroz (147,7%), da malva (138%), do abacate (100,4%) e da batata-doce (61,6%) ajudaram a amenizar a queda da atividade, no ano passado.

O IBGE aponta que a agricultura do Amazonas é marcada por culturas de subsistência e por lavouras temporárias – que são aquelas de curta ou média duração, com ciclo reprodutivo inferior a um ano, precisando de novo plantio depois de colhidas. Esse grupo teria respondido por 76%% do valor da produção local, em 2020, ao totalizar R$ 1,21 bilhões. As lavouras permanentes – de ciclo longo e com colheitas realizadas por vários anos e sem necessidade de novo plantio – responderam por apenas 24% da produção global do Estado, o equivalente a R$ 382,5 milhões.

O levantamento informa que, entre as principais culturas agrícolas do Estado, há destaques nacionais na lavoura permanente – açaí e guaraná, que situam o Amazonas na segunda posição do ranking brasileiro, e cacau, na quinta. Nas lavouras temporárias, as produções locais de juta e malva são as maiores do país, enquanto mandioca e abacaxi ocupam a quinta e nona colocação, respectivamente. Em termos de valor de produção, entretanto, a mandioca (56%) lidera com folga as safras amazonenses, seguida de longe pela banana (9%), abacaxi (8%), açaí (8%) e cana de açúcar (5%).

Manacapuru na frente

Manacapuru foi o principal município produtor do Amazonas, em valores de produção da agricultura no ano passado, com 202,9 milhões, o que correspondeu a 12,7% do total obtido pelo Estado, em igual intervalo. Foi seguido por Itacoatiara (8,1%), Codajás, Tefé (ambos com 7,2%) e Manicoré (6,5%). O IBGE ressalta que, ainda na comparação com 2019, Presidente Figueiredo perdeu posição para Manicoré, enquanto Uarini cedeu sua posição para Humaitá.

O Amazonas, juntamente com o Pará, concentra as safras de juta e a malva do país. Os municípios amazonenses que mais cultivam ambas estão na calha do Solimões, tanto no caso da juta – Manacapuru (1.128 toneladas), Caapiranga (29 toneladas) e Beruri (22 toneladas) –, quanto no da malva – Manacapuru (1.721 toneladas), Coari, Anori (ambos com 450 toneladas), Codajás (350 toneladas), Anamã (250 toneladas) e Manaquiri (210 toneladas). 

O Estado é o quinto maior produtor nacional de mandioca, mas sua oferta é voltada basicamente para atender a demanda local para derivados da raiz tuberosa (principalmente farinha de mandioca e goma). A produção de 890.124 toneladas em 2020 subiu 1,5% em relação à 2019, sendo influenciada principalmente pelos resultados de Manacapuru, Tefé, Manicoré, Uarini, Autazes e Alvarães.

Liderada pelo Pará, a safra nacional de abacaxi teve no Amazonas o nono maior produtor do país em 2020, com queda anual de 8% (66.511 toneladas) e produção concentrada em Itacoatiara Careiro da Várzea, Tefé, Careiro e Humaitá. Situação semelhante ocorreu no açaí, já que o Estado vizinho respondeu por 94% da oferta nacional, seguido de longe pelo Amazonas (5%),  que tem seu cultivo concentrado em Codajás, Humaitá, Tapauá, Alvarães e Tefé.

No caso do guaraná, o Estado (28,5% ou 771 toneladas) perde apenas para a Bahia (60,7%), ficando à frente de Mato Grosso, Rondônia, Pará e Acre. A produção encolheu 10% na variação anual, ficando concentrada principalmente em Maués (50,7% ou 391 toneladas), além de Urucará (107 toneladas), Presidente Figueiredo (69 toneladas), Parintins (44 toneladas) e Coari (40 toneladas). A safra estadual de cacau foi a terceira maior do Brasil, mas respondeu por apenas 0,25%, em um ranking de nove unidades federativas, ficando bem atrás do Pará (53,6%) e da Bahia (39,8%). Os maiores produtores locais estão em Boca do Acre (18,6%), Coari (17,5%), Borba (13,1%) e Novo Aripuanã (8,4%).

Cultura de subsistência

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça que a concentração da agricultura amazonense na subsistência dá um diferencial regional em relação à agricultura da média nacional. O pesquisador lembrou ainda que juta e malva são dois produtos que fornecem matéria prima para a indústria de sacaria no país, mas a “forte concorrência” de produtos asiáticos e de fabricantes de plásticos contribui para uma pequena escala de produção, oriunda de pequenos agricultores, em áreas que variam entre um e quatro hectares. 

“Além disso, o preço da juta e da malva geralmente sofre forte alternância entre safras, o que não oferece segurança ao produtor. A diferença da agricultura do Amazonas para o Brasil está no fato que aqui não há commodites. Assim, o desempenho não acompanhou o crescimento do país, que ocorreu em função da valorização do dólar frente ao real, que também se refletiu no crescimento na demanda externa. Os resultados do Estado podem ter sofrido alguma influência da pandemia. Mas, o valor da produção local não tem influência no nível nacional, mas o Estado ainda possui diversos produtos de destaque nacional”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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