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Trabalhadores de supermercado votam indicativo de greve

Trabalhadores de supermercados votam indicativo de greve

Na mesma semana em que as negociações entre o varejo do Amazonas e os motoristas que atendem o setor chegaram um término, patrões e empregados do segmento supermercadista e atacadista amazonense seguiram sem consenso. Por conta disso, o sindicato laboral já anunciou que deve entrar com uma ação de cumprimento da CCT 2019/2020 nesta semana, e promete votar um indicativo de greve, em assembleia geral convocada para quarta (30).

Nesta segunda (28), o Sindivarejista (Sindicato do Comércio Varejista no Estado do Amazonas) contatou o SINDECVARGAM (Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista, Atacadista e Representantes de Gêneros Alimentícios de Manaus) para agendar nova reunião entre as partes. As empresas aceitaram o reajuste pedido, mas querem se restringir às clausulas econômicas, em face das perdas impostas pela pandemia e pelo repique inflacionário. Os trabalhadores, por sua vez, usam o mesmo argumento e não abrem mão do plano de saúde/odontológico e aumento do ticket de refeição.

O Sindivarejista já concordou em subir sua proposta inicial de 2% para os 3% para os comerciários que recebem acima do piso salarial, assim como em corrigir o valor mínimo pago à categoria dos atuais R$ 1.133 para R$ 1.166,99. No caso do auxílio alimentação (R$ 11,50), o sindicato patronal não topou os R$ 14 reivindicados pelos trabalhadores, mas aceita sair do congelamento proposto anteriormente para R$ 11,84. O plano de saúde/odontológico – assim como o desconto em folha de pagamento para empregados não associados ao sindicato laboral – seguem rejeitados pelas empresas.

Descumprimento e acordo

De acordo com o presidente da Comissão de Negociação para os comerciários, Carlos Fernandes, a reivindicação é para que as cláusulas, 28ª e 13ª da CCT 2019/2021 sejam cumpridas. O SINDECVARGAM não promoveu mais paralisações relâmpagos como a que se deu no último dia 15, em um grande hipermercado de Manaus, mas anuncia medidas mais duras para os próximos dias.

“As empresas que já oferecem planos de saúde/odonto, continuarão nas mesmas condições, e as que não oferecem, continuam com a faculdade de concede-los. Após um ano de celebrada, a convenção os empresários se acomodaram e vêm protelando para não dar o benefício. Vários trabalhadores acabaram contaminados pela covid 19 e, em sua maioria, padeceram sem nenhuma assistência médica”, desabafou. 

Segundo o dirigente, que também é secretário nacional de Organização Sindical da CUT-AM e do SINDECVARGAM, a justificativa para o reajuste do ticket refeição se dá pelas condições da falta de estrutura dos refeitórios dos trabalhadores, que “não seguem as orientações da OMS nas questões de distanciamento e operação dos serviços” para evitar eventuais contaminações. 

Carlos Fernandes informa ainda que as direções de alguns supermercados da capital amazonense, por entender que há resistência patronal em conceder os benefícios, estão chamando o sindicato para assinarem acordos coletivos – que passaram a ter valor jurídico da convenção, desde a Reforma Trabalhista.

Tamanho e custos

O presidente do Sindivarejista, Teófilo Gomes da Silva Neto, reforça que não acredita na possibilidade de uma greve e aposta que os dois lados chegarão a um consenso nos próximos dias. O dirigente ressalta que o segmento é composto por supermercados e atacados de portes variados e que, diante da atual crise, não é possível impor um custo adicional às empresas menores – e que estariam com as contas mais comprometidas, pela escalada dos preços junto aos fornecedores.

“Alguns hipermercados e atacadistas maiores já oferecem planos, mas não dá para pedier o mesmo para os supermercados e mercearias de bairro, com 20 empregados, por exemplo. Como é que essas empresas vão conseguir margem de contribuição para conseguir cobrir esses custos? Negociações não devem ser feitas com pressa e não tem como abrir esse precedente perigosíssimo. É bom lembrar que a convenção estabelece apenas o patamar mínimo. Nada impede que empresas maiores, que entenderem ser possível e necessário conceder o beneficio, assim o façam. Tenho muita esperança que o sindicato laboral entenda nossas justificativas”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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