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SPC / SERASA

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O volume de registros de inadimplência encerrou 2013 com alta de 2,33% no país apesar de ter recuado em dezembro. O crédito restrito promoveu um recuo no último quadrimestre do ano chegando a 4,44% em dezembro na comparação ao igual período de 2012, segundo dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) divulgados na terça-feira (14), em Brasília (DF).
De acordo com o presidente do Corecon-AM, Marcus Evangelista, no Amazonas não foi diferente do restante do país, o comércio gerou novos postos de trabalho em 2013. “A injeção do 13º salário e a criação de postos temporários possibilitaram aos amazonenses, pagarem suas dívidas” avaliou.
Segundo o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior houve uma mudança na postura dos bancos e lojistas, que passaram a exigir mais garantias dos tomadores de financiamentos, fato que tem como consequência imediata a redução do risco de calotes. “O spread bancário maior e a menor confiança dos comerciantes sugerem que a concessão de crédito está mais rigorosa. O atual cenário é de um consumidor retraído para novas compras e forçado a adequar o próprio orçamento frente a um novo ambiente econômico”, explicou.
Os dados na comparação de dezembro de 2013 com o mês anterior apontam recuo de -1,73% na inadimplência. Em dezembro de 2012, também ocorreu queda na inadimplência, -1,17% em relação a novembro.
Na avaliação da economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, da mesma forma, com a injeção de capital extra com o pagamento do 13º salário e o incremento de vagas temporárias ao mercado de trabalho favoreceram o pagamento de dívidas. “A queda na comparação mensal confirma as expectativas, por ser um comportamento típico deste período do ano, com renda extra aos trabalhadores e pensionistas previdenciários”, disse.

Recuperação de crédito
A recuperação de crédito cresceu 1,72% no acumulado do ano de 2013, frente a 2012. Mas o número de registro de inadimplentes caiu -0,73% em dezembro em relação ao mesmo período de 2012, que reflete a recuperação de crédito no varejo e a quitação de dívidas em atraso, apontou o SPC Brasil. Já na comparação com o mês anterior, houve uma alta de 3,99% no volume total de consumidores que pagaram suas dívidas e voltaram a ter crédito no mercado.
Especialistas explicam que a queda do número de pendências regularizadas é o reflexo da redução da base de comparação. “Como a inadimplência caiu em relação ao ano passado, o número de cancelamentos de dívidas também caiu. Isso porque, com um menor número de inadimplentes, também é menor o número de consumidores que buscam a regularização”, explicam.
Para Marcus Evangelista a dificuldade na construção de financiamentos reflete no Polo de Duas Rodas onde as vendas não atingiram o patamar esperado. “Estamos vivenciando um momento de inflação em ascensão e quanto maior forem os índices, menor será o crescimento da Economia o que causa um aumento pela busca ao crédito. Este, por sua vez, não gerenciado corretamente gera a inadimplência e o endividamento”, alerta.
Vendas a prazo
Reflexo de um resultado modesto do Natal e da alta de juros, que impacta no custo dos financiamentos de bens no comércio, o número de consultas ao banco de dados do SPC Brasil para vendas a prazo cresceu +2,90% em dezembro de 2013. O resultado foi pior do que o registrado em igual período de 2012, quando as vendas haviam crescido 5,37%.
“Nem mesmo o Natal, que é a data mais importante em lucratividade e volume de vendas para o varejo foi capaz de reverter a desaceleração das vendas que tivemos durante o ano. Para recuperar as vendas perdidas, muitos lojistas já anteciparam as liquidações neste mês de janeiro”, reitera Pellizzaro Júnior.
A falta de conhecimento na utilização de crédito acarreta um comprometimento constante das finanças, podendo exemplificar no endividamento gerado pelo mal uso do cartão de crédito que leva o usuário a pagar juros mensais que variam de 7,5% a 10%, segundo Evangelista.
“A situação do Amazonas é bem próxima às outras regiões do Brasil com algumas agravantes: O isolamento territorial faz com que os aumentos de combustíveis reflitam diretamente nos preços da maioria dos produtos consumidos pela população deixando a Cesta Básica, por exemplo, entre as mais caras do país. Custo de vida mais caro, maior endividamento da população”, avaliou.

Projeções para 2014
Para o SPC Brasil e CNDL, o modelo de incentivos ao consumo está perdendo efeito no país e por isso, as vendas a prazo em 2014 devem crescer um pouco menos que em 2013: 4%, já descontada a inflação. “Para 2014, projetamos uma taxa de inadimplência semelhante a do ano passado, mas com viés de alta, pela primeira vez em vários anos a perspectiva é de uma inversão no panorama positivo do mercado de trabalho”, afirma Pellizzaro Júnior.
Na opinião de Marcus Evangelista apesar de Manaus ser uma das subsedes da Copa do Mundo, a principal mola da economia, que é o PIM (Polo Industrial de Manaus), entra numa fase complicada em 2014 porque depende da prorrogação dos incentivos fiscais para que os investimentos em novas fábricas continuem acontecendo.
“Na incerteza da prorrogação, novos postos de trabalhos deixam de ser criados, os nove anos que antecedem a atual data limite dos benefícios fiscais são insuficientes para que novos empreendimentos industriais sejam implantados no PIM”, concluiu.
Quanto à realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil, Pellizzaro acredita que nem todos os setores sairão lucrando de igual maneira. O comércio de alimentos, bebidas, supermercado e produtos eletrônicos devem ser mais positivamente impactados do que outros, como os de vestuários e calçados, que vendem a prazo.
“A experiência da Copa das Confederações mostrou que as cidades que receberam jogos decretaram ponto facultativo e o comércio acabou fechando as portas mais cedo, além das manifestações de rua, que prejudicaram as vendas. O mesmo padrão pode se repetir este ano”, lembrou.
Caso o ritmo de desaceleração da economia brasileira continue em 2014 e o governo tenha dificuldades para domar a inflação, a taxa de desemprego corre o risco de sofrer um leve aumento e consequentemente afetar o consumo, alerta a economista Luiza Rodrigues.

Metodologia
O indicador do SPC Brasil e da CNDL é calculado mensalmente e leva em consideração aproximadamente 150 milhões de consumidores e estabelecimentos comerciais espalhados em mais de 2.200 municípios por todo o país.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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