Pesquisar
Close this search box.

Shoppings querem maior flexibilização nos horários

A extensão gradual do horário dos shoppings está possibilitando a retomada das contratações, ainda que em ritmo tímido. Os lojistas aguardam números de vendas melhores, no curto prazo, em virtude da maior exposição da oferta e da proximidade do Dia das Mães e do Dia dos Namorados. Mas, ainda há cautela nos investimentos e contratações, em função do espectro da terceira onda e das incertezas econômicas decorrentes da pandemia. Os administradores dos centros de compras, por sua vez, entendem que os horários já deveriam ter retornado ao normal, dadas as restrições de distanciamento social.

Conferida pelo decreto 43.722, que foi publicado nesta segunda (19), a nova flexibilização prevê que os shoppings centers da capital amazonense passaram a abrir de 10h às 22h (de segunda a sábado) e de 11h às 17h (aos domingos), observando a ocupação limitada no estabelecimento (50%) e nos estacionamentos (70%). As novas regras, que mantiveram o toque de recolher diário de 0h às 6h, estão valendo até o dia 2 de maio. 

“O horário de domingo ficou bastante comprometido, em virtude de que nosso equipamento trabalha para atender mix de produtos e serviços que convergem para que possam, entre si, viabilizarem financeiramente seu negócio. A necessidade de ampliação do horário se dá, porque cada segmento complementa o outro e até pela necessidade de dispersão dos usuários para evitar aglomeração”, ponderou a superintendente do Manaus Plaza Shopping, Josana Mundstock.

A dirigente, que também é coordenadora da Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers) pelo Amazonas, reforça que, desde o início da pandemia, os estabelecimentos seguem protocolos de segurança desenvolvidos por equipe especializada de hospitais renomados e seguindo as orientações da OMS e da FVS-AM, com ajustes periódicos mediante a apresentação de alternativas pelos órgãos da saúde. Em virtude dos estabelecimentos já seguirem tal padrão e cumprirem as medidas restritivas governamentais, ela avalia que o ajuste no horário de funcionamento é ”necessário” e “seguro”.

“Entendemos que já poderíamos retornar ao horário de funcionamento normal, pois estamos sob efeitos das medidas restritivas quanto à capacidade de 50% de pessoas e 70% do estacionamento. Vivemos, além da crise sanitária, uma crise econômica, e entendemos que aqueles que estão contribuindo para combater a covid-19, seguindo as normas, merecem poder desenvolver seus negócios e, assim, evitar um caos ainda maior, com desemprego e falência de empresas”, justificou. 

De acordo com Josana Mundstock, os dez shoppings presentes na capital amazonense geram 16.245 mil postos de trabalho em suas 1.377 lojas. Parte substancial do contingente foi limada, no primeiro trimestre, sob os efeitos econômicos da segunda onda e das medidas de isolamento social, conforme relatos de lojistas à reportagem do Jornal do Commercio. Mas, a dirigente assinala que o retorno gradual está possibilitando reverter o quadro. “Contratamos para atendimento no mal, em virtude da vigilância no uso das medidas de segurança, como o monitoramento de filas, entradas, etc. Evitamos demitir”, frisou.

Conforme a superintendente do Manaus Plaza Shopping, o movimento cresceu em torno de 10%, de um mês para cá, com a ampliação gradual dos horários dos centros de compras, mas abril ainda se encontra 70% abaixo da marca de mesmo mês de 2019 – já que há um ano, todos os shoppings estavam fechados. “Temos contadores de fluxo e a média diária está em torno de 30% a 40%. A maior procura é aos sábados, quando utilizamos as medidas de fechamento dos estacionamentos para não ultrapassar a quantidade permitida de 50%”, informou.

A coordenadora da Abrasce pelo Amazonas concorda que a clientela está com receito de sair, em virtude do espectro da terceira onda, e acrescenta que muitos também não estão podendo gastar. Mas ressalva que ainda há motivos para otimismo, já que “há novas alternativas sendo testadas para combater o problema mundial da pandemia”, e lembra que o processo de imunização fará a diferença, ainda que no médio a longo prazo.  

“Creio que iremos conseguir vencer essa batalha. O Amazonas vacinou muitos do grupo de risco e continua vacinando. Creio que ainda teremos um ano de incertezas e, depois, um cenário em que teremos como planejar. Muitos conseguiram crescer nessa crise, inclusive varejistas e segmentos não essenciais, através da inserção de novas estratégias comerciais. É uma fase difícil, mas possível de ser superada”, amenizou.

“Situação delicada”

Empresário especializado em gestão de franquias, Thiago Pinto, também considerou o horário de domingo muito ruim, porque o consumidor de Manaus não tem o hábito de frequentar os shoppings em que seu grupo mantém operações nesse horário, mas concorda que a situação é bem melhor do que a do começo do ano. Indagado sobre o medo da clientela e seus impactos no movimento das lojas de shopping, diz que é difícil saber o que é certo ou errado e que prefere “olhar tudo pela perspectiva da positividade”.

“Minha posição é que, abertos temos a oportunidade de lutar, mas fechados estamos no caminho do encerramento total das atividades. Após a abertura, o cenário ainda é bem difícil, mas estamos trabalhando diariamente para tentar melhorar. O problema é que não depende só da gente. Acredito que todos nós precisamos nos cuidar e tomar todas as medidas de prevenção enquanto durar essa pandemia”, asseverou.

O empresário entende que a compra mais eficiente de vacinas, assim com a liberação da flexibilização de jornada e de salários e o auxílio emergencial são as estratégias primordiais para o momento. “Vivemos uma situação onde vários fatores somados colocam o varejo em uma situação muito delicada. Entendo que o governo nessa oportunidade está dando respostas mais lentas a todas as necessidades e isso não colabora em nada com o nosso setor”, lamentou.

Thiago Pinto, conta que, antes da segunda onda, seu grupo era responsável por 29 lojas de calçados, óticas e cosméticos, com 13 anos de mercado, e distribuídas pelo Amazonas, Pará, Roraima, Maranhão e Distrito Federal. A crise, contudo, levou ao encerramento de cinco operações – todas em Manaus, onde ainda restavam 14 lojas, até o começo das flexibilizações. Os fechamentos foram acompanhados por demissões em massa: 40% da força de trabalho foi mandada para casa, o equivalente a 57 colaboradores.

“Todos os segmentos estão com uma queda média de 30%. Fechamos mais uma loja [de calçados em um dos shoppings da cidade], mas mantivemos o quadro. Estamos reduzindo de tamanho para readequar a nova realidade. Mas, com essa alteração de horário, teremos de fazer novas contratações. Mas, com muito medo, porque hoje várias operações já no prejuízo e teremos de administrar esse novo custo”, finalizou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar