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Réveillon da discórdia na CMM

Os gastos da prefeitura com o réveillon em Manaus suscitam muita polêmica na Câmara Municipal. Depois de acirradas discussões em plenário, foi aprovado ontem o requerimento do vereador Rodrigo Guedes (PSC) pedindo maior transparência sobre o volume de recursos destinados para a festa deste ano, que deve reunir pelo menos 250 mil pessoas na Ponta Negra.

Por enquanto, a prefeitura vai encaminhar somente o projeto básico das despesas com o evento, disse o vereador Marcelo Serafim (PSB), líder do prefeito. Guedes incendiou o plenário ao  afirmar que o município vai gastar R$ 10 milhões com as comemorações – dos quais R$ 600 mil só com o show do cantor Luan Santana, uma das grandes atrações que animarão as festividades.

O vereador questionou as prioridades da prefeitura. Ele disse que 85 entidades da sociedade civil estão sem dinheiro para prestar ajuda a pessoas com alta vulnerabilidade social na cidade, enquanto se desperdiça tanta verba com festas, principalmente agora com a ameaça de uma nova onda da pandemia após o surgimento de novas variantes do coronavírus.  

“É um absurdo destinar um volume tão grande de recursos enquanto um quantitativo enorme da população precisa comer todos os dias, sobreviver. Sem esse fomento, a situação deles vai se agravar mais ainda”, protestou o vereador.

Rodrigo Guedes diz que a prefeitura não está sendo transparente sobre a realização do réveillon. “Tudo que vai ser gasto tem que estar na ponta do lápis. Deve constar no Diário Oficial do Município. Está muito obscuro, simplesmente não se sabe muito dessas informações. A população tem que ser informada, é um dever do poder público”, acrescentou o parlamentar.

Na sessão dessa segunda-feira (29), o requerimento de Rodrigo Guedes foi aprovado por unanimidade. Mas só aconteceu depois que o vereador Marcelo Serafim convenceu o plenário sobre a importância da aprovação do documento para mostrar a transparência da prefeitura na condução dos recursos públicos.

Marcelo Serafim contestou, porém, os números de Guedes. “É uma mentira alguém chegar aqui, subir à tribuna e dizer que a prefeitura vai gastar R$ 10 milhões com o réveillon”, questionou. E alfinetou mais ainda. “Quem não tem ética e nem responsabilidade nas informações que traz ao plenário e fala mentiras à população não deveria estar aqui nesta Casa, fazendo dela um palanque”, acrescentou.

Segundo Marcelo Serafim, a prefeitura deve gastar algo em torno de R$ 3,5 milhões, mas esse volume deverá crescer com os investimentos que virão da iniciativa privada para alavancar os negócios durante a festa.

‘Sem tempo’

Marcelo Serafim disse que dificilmente o município poderá detalhar, agora, todas as informações sobre os custos com o evento deste ano, como pede Rodrigo Guedes. “Me debrucei e consultei a Manauscult. Esse detalhamento que o colega está pedindo é impossível. São 30 atrações que estão sendo finalizadas. E demanda um tempo para poder fazer essa prestação de contas”, argumentou. “A gente preza pela transparência, mas não tem como ser cumprido. Ainda não temos esses dados”, justificou o líder do prefeito.

Marcelo Serafim afirmou que, em 2018, foram gastos R$ 5,7 milhões com o réveillon, R$ 5,2 milhões, em 2019, e R$ 220 mil, em 2020, quando só houve queima de fogos por causa da pandemia. “O prefeito não tem nada que esconder da população”, garantiu.

O vereador Amom Mandel (sem partido) classificou como um “absurdo” o argumento de Marcelo Serafim. “Não cabe uma justificativa dessas, principalmente num momento em que tudo, hoje, pode ser divulgado pela internet, pelas mídias sociais”, contestou. “É um dever do poder público informar como o dinheiro arrecadado pelos impostos pagos pela população está sendo empregado”, ressaltou o parlamentar.

O vereador William Alemão (Cidadania) destacou que os empresários e a população em geral esperaram muito tempo para a realização do réveillon. Por dois anos, a festa foi cancelada por causa da pandemia, lembrou ele..

De acordo com Alemão, a festa de final de ano vai gerar 24 mil empregos diretos e indiretos em Manaus. “É a oportunidade para muitas pessoas, que vivem desse segmento, ganharem algum dinheiro. Elas sofreram muito com a pandemia, ficaram desempregadas, passaram muitas necessidades.  Claro, vamos festejar e movimentar a economia seguindo todas as determinações de prevenção à Covid-19”, afirmou.

Marcelo Peres

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