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Retomada do setor de beleza segue em compasso lento 

Andreia Leite

Apesar de demonstrar recuperação, os salões de beleza ainda se deparam com alguns desafios com relação à reposição de mão-de-obra, de profissionais parceiros para trabalhar nos estabelecimentos, e algumas dificuldades em relação ao hábitos de consumo, devido aos atendimentos domiciliares. É o que retrata  a pesquisa sobre as restrições do setor da beleza pós-pandemia realizada pela Absb (Associação Brasileira dos Salões de Beleza) em parceria com o Sebrae. 

A reposição de mão de obra, por exemplo, é um dos temas abordados na pesquisa que vem sendo acompanhado de perto pela associação, pois 45% dos entrevistados informam que sua equipe de profissionais está atendendo a domicílio sem a parceria com o salão. Em contrapartida, 70% dos entrevistados não conseguem encontrar profissionais capacitados no mercado para repor a equipe que possuía antes da pandemia. E ainda, 32% dos entrevistados responderam que não utilizam o contrato de parceria com os profissionais autônomos.

“É preciso investir na formação de novos profissionais, pois além do salão de beleza ser o espaço mais adequado em função da segurança sanitária, fiscalização e protocolos necessários é o lugar onde se vivencia a experiência do cliente”, afirmou o presidente da associação, José Augusto Nascimento

“Os salões buscam esse caminho, sempre buscaram, mas esse movimento acabou causando uma grande escassez de mão de obra qualificada e estamos trabalhando junto às escolas profissionalizantes na formação de novos profissionais. Precisamos formar mais mão de obra, e uma mão de obra bem remunerada, que goza de liberdade criativa, afinal, são profissionais que amam o que fazem. Afinal somos o terceiro maior mercado consumidor de produtos para os cabelos, o que requer uma procura grande. Este fomento está sendo feito junto às escolas, academias, cursos profissionalizantes para que haja uma maior valorização da profissão e melhor capacitação dos profissionais da beleza”, explica.

O recorte do estado do Amazonas refletiu a mesma situação. Segundo Beto Pontes, empresário do setor e também um dos representantes da Absb no Amazonas na região Norte, o primeiro trimestre de 2022 em relação ao primeiro trimestre de 2019 ainda foi bem ruim. Janeiro e fevereiro foram altamente impactados pelos casos de Covid. “Muitos eventos impedidos neste momento e no segundo trimestre, entre abril e maio é que percebemos uma recuperação com números parecidos, em sua grande maioria, com 2019”. Ele disse que ainda não se fala em crescimento, mas, principalmente, em retomada. “Um dado importante quando a gente compara o ano de 2022 com 2019 é que os preços praticados pelos salões são praticamente os mesmos. A alteração neste período está em média de 10 a 20% e a inflação acumulada nesse período, o IGPM é muito superior aos 40%. Então, não foi possível repassar os aumentos dos custos para os preços dos serviços”. 

Ele considera que o principal desafio do  setor é a formação de pessoas, o aprimoramento, encontrar pessoas que realmente gostem e atuem com excelência no segmento. Então, de uma forma geral, boa parte dos salões do Estado estão contratando e não encontram profissionais com a formação que gostariam. 

Perspectivas

“Acreditamos que a retomada ficará para o quarto trimestre. Sentimos que o nosso setor precisa aumentar os preços dos serviços, isso deve acontecer. A dificuldade é saber o quanto a gente consegue aumentar sem que isso impacte nas vendas, sem que isso faça o cliente desistir de fazer os serviços. Esse é um grande desafio que vamos encarar, e que é inevitável por conta da inflação e de todos os custos inerentes a inflação e aos juros mais altos e a instabilidade econômica e política que o país vive”, analisou Beto Pontes. 

Dentro do universo dos pequenos negócios, o segmento foi um dos mais afetados pela crise Covid-19. O presidente da Associação Brasileira de Salões de Beleza, afirmou que mesmo com todos os desafios, o setor está retomando: “Enfrentamos salões fechados, e não só isso, uma tremenda insegurança nos períodos pré e pós pandemia, com o medo dos clientes em frequentar os estabelecimentos. Só aí, há uma defasagem de pelo menos um ano de faturamento muito baixo. Somados aos períodos “mais ou menos” aberto, imagina? Tendo que pagar aluguel e condomínio, tanto em shopping centers quanto em lojas de rua, há um grande passivo para os empresários dos salões de beleza, também em função de empréstimos obtidos para pagar folha de pagamento. Precisamos liquidar esse passivo agora!”.

Complementando, ele citou que todos esses fatores levantados na sondagem, retardam a recuperação do  mercado. “A gente não fala de crescimento ainda, acreditamos que em dois meses, possamos realmente falar em crescimento real, ou seja, o que temos neste momento é recuperação. Mas, comparando com o primeiro semestre de 2019 com o de 2022, temos um cenário apontando para um déficit, a nível nacional, de 10%. Isso representa 10% menos nas vendas com relação a 2019. Nossa projeção é em dois meses superar esse patamar com crescimento efetivo no segundo semestre”, finalizou ele. 

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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