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Produção de petróleo e gás do Amazonas acima da média nacional

Os segmentos de gás e petróleo apresentaram desempenhos distintos no Amazonas, em 2021. A produção local de gás natural totalizou 428.128,02 milímetros cúbicos, em dezembro de 2021. O montante equivale a um crescimento de 3,10% sobre novembro do mesmo ano (415.263,94) – que teve um dia a menos – e alta de 5,05% sobre o último mês de 2020 (407.547,73). A mesma Bacia do Solimões gerou 431.599,64 barris de petróleo, 1,82% a mais do que no mês anterior (423.879,55), mas o resultado ficou 10,14% aquém da marca de 12 meses atrás (480.290,78). 

O desempenho do Estado seguiu acima da média nacional. A produção brasileira de petróleo foi de 84,68 milhões de milímetros. Houve adição de 2,78%, na comparação com novembro de 2021 (82,39 milhões) e acréscimo de 4,09% frente a dezembro de 2020 (81,35 milhões). No gás natural (3,98 milhões), houve redução de 0,25% em relação ao mês anterior (3,99 milhões) e aumento de 4,46% na comparação com igual intervalo do ano anterior (3,81 milhões). Os números são da ANP (Agência Nacional de Petróleo).

O Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural da agência reguladora aponta, por outro lado, que a produção de gás natural em 2021 foi recorde, tendo atingido média de 134 MMm3/d (milhões de metros cúbicos por dia), um crescimento de 5% em relação ao ano anterior, quando a média foi de 127 MMm3/d. Já a produção média de petróleo foi de 2,905 MMbbl/d (milhões de barris por dia), indicando recuo de 1,18% na comparação com o volume de 2,940 MMbbl/d registrado em 2020. 

Em síntese, os oito campos produtores do Amazonas registraram um resultado global de 101.533 barris de óleo equivalente por dia, ao longo do ano passado, com média diária de 13.917 milímetros cúbicos de gás natural e 13.996 barris de petróleo. O Estado responde por 10% da oferta de gás natural em todo o país, perdendo apenas para São Paulo (12%) e Rio de Janeiro (67%). É menos expressivo, no entanto, em termos de petróleo, onde figura na categoria “outros” – que responde por apenas 3% do total produzido no país. 

Venda frustrada

Atualmente, apenas duas empresas exploram a produção de gás e petróleo no Amazonas: a Petrobras, que está se retirando do mercado local, e a Eneva, que chegou há poucos anos ao Estado. A Eneva conta com um campo de gás (o “Azulão”) em produção na Bacia do Amazonas – que já dispunha de três poços produtores (7-AZU-2D-AM, 7-AZU-3-AM, 7-AZU-4D-AM). Em 2021, foi perfurado o poço 7-AZU-5D-AM para delimitação/desenvolvimento, que resultou em incorporação de reservas. A companhia tem também um bloco exploratório (AM-T-84) na Bacia do Solimões, na área de Juruá.

A empresa em questão vem demonstrando interesse crescente na região, tendo vencido um leilão da ANP para comercialização do gás natural de “Azulão” em uma termelétrica, além de tentar comprar o Polo de Urucu (Coari) da Petrobras. As negociações neste caso, no entanto, não foram adiante. Em recente nota à imprensa, a empresa de capital misto informou que as conversas para venda da totalidade de sua participação em um conjunto de sete concessões de produção terrestres se encerraram “sem êxito”.

“Apesar dos esforços envidados por ambas as empresas nesse processo, ao longo da negociação, não foi possível convergir para um acordo em certas condições críticas, optando-se pelo encerramento das negociações em curso, sem penalidades para nenhuma das partes. Dessa maneira, a Petrobras decidiu encerrar o atual processo competitivo e avaliará as melhores alternativas para essas concessões”, resumiu a Petrobras. 

No mesmo texto, a petroleira reforçou ainda seu compromisso com a “ampla transparência” de seus projetos de desinvestimento e de gestão de seu portfólio e reafirmou que seu foco está em ativos em águas profundas e ultraprofundas, por seu “grande diferencial competitivo” e “menores emissões de gases de efeito estufa”. Dados da ANP confirmam que a produção no Pré-sal em dezembro totalizou 2,709 MMboe/d (2,132 MMbbl/d de petróleo e 91,6 MMm3/d de gás), sendo 11,5% maior do que o apurado no mesmo mês de 2020. A oferta veio de 133 poços e correspondeu a 73,8% da produção nacional. 

Indústria gás-química

O geólogo, analista ambiental e colaborador do Jornal do Commercio, Daniel Nava, lembra que o mercado de petróleo e gás do Amazonas já contou com outras duas empresas, que já se retiraram da região, tendo devolvido seus ativos à ANP. A primeira foi a HRT, que chegou ao Estado visando a produção de petróleo, mas saiu após conseguir encontrar apenas gás natural. A segunda, que entrou no lugar desta, foi a russa Rosneft, que acabou anunciando o encerramento de suas operações e a entrega de seus ativos à agência reguladora, pelo mesmo motivo.

Nava, que também foi secretário estadual de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos, e superintendente da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), explica que as reserva do Pré-sal são mais atrativas para a Petrobras, pois permitem encontrar petróleo em dez a cada dez poços furados. Em caso de reservas em terra, essa relação cairia para 30%, oferecendo maior risco às empresas. 

O geólogo avalia que a vocação do segmento no Estado – que já teria chegado a responder por praticamente 20% de seu PIB – tem apontado mais para a produção de gás natural do que para o petróleo e que esse diferencial exigiria um projeto estratégico para capitalizar o potencial desse mercado. A ideia, no entanto, esbarra exatamente na mudança de estratégia da Petrobras, em favor da exploração marítima, e na falta de experiencia e capital para as novas empresas que demonstraram interesse pela atividade no Amazonas.

“A nossa bacia é essencialmente de gás natural. As descobertas da HRT e da Rosneft geraram um excedente de 20% na produção que exigiria a construção de um novo gasoduto. Esse excedente capacitaria a instalação de um polo gás-químico em Manaus, um projeto já elaborado há 20 anos pela Suframa. A Petrobras pode esperar e não fazer mais nada. Mas, precisamos pensar nessa indústria de uma forma estratégica. Se ficarmos deitados sobre essas reservas, elas vão se esgotar dentro de 20, 30 anos no máximo”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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