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Queda na cadeia de preços passa longe do consumidor final

A queda no preço dos alimentos no atacado, em decorrência da crise mundial, que diminuiu a pressão interna e externa sobre as commodities agrícolas e os cereais, não deverá se refletir de modo positivo no bolso dos consumidores amazonenses, pelo menos na opinião do ­economista-chefe da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado do Amazonas), José Fernando Silva, para quem o custo de internamento é o principal impedimento para a redução no preço dos gêneros alimentícios.
Mesmo considerando a redução das exportações que aumentou a oferta de legumes e cereais no mercado interno, José Fernando ressaltou a dificuldade que o comércio atacadista local terá em reduzir preços por conta dos fatores que interferem no valor final, como transporte aéreo, logística e preço do fertilizante. Citando produtos como alface, cenoura e milho, exemplos de alimentos muito consumidos e que chegam por avião a Manaus, o especialista disse não ver possibilidade em curto prazo de o atacadista local reduzir o preço. “As variantes que envolvem o internamento da mercadoria tornam impraticável a paridade com o mercado consumidor do Sul e Sudeste”, considerou.
Na avaliação de José Fer­nando, o desempenho do comércio manauense em cada segmento, com exceção dos que sofrem com a sazonalidade dos períodos de carnaval e Páscoa, sofre oscilações em geral. O economista explicou ainda que, no caso do segmento de alimentação, essas oscilações são essenciais para se verificar quais os setores sofreram maior impacto devido às transformações econômicas ocorridas e mudanças nos hábitos de consumo, ocasionados pelo trinômio oferta, demanda e necessidade de consumo.
“Seguindo a mesma tendência observada em nível nacional, o consumidor amazonense tende a comprar mais determinado produto em detrimento a outros. Promoções e qualidade são essenciais nesse sentido, mas o valor cobrado ainda é o principal dilema na hora de escolher qual alimento adquirir”, completou.
Com relação ao varejo, a Fecomercio aponta que o maior conhecimento dos hábitos de consumo das famílias amazonenses e o uso adequado das informações relativas ao padrão de consumo colocam as empresas em uma posição privilegiada em relação aos fornecedores. “Este instrumento, inclusive, vem sendo explorado pelo varejo, por exemplo, por meio de importação de produtos e do lançamento de marcas próprias, cujas vendas já estão crescendo no Amazonas, embora ainda representem uma pequena parcela”, revelou José Fernando.

Custo deve permanecer o mesmo no supermercado

Embora procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Associação Amazonense de Super­mercados, Sílvio Pedrosa, não foi encontrado para comentar quaisquer os­cilações no preço do alimento e impacto no bolso do consumidor.
Já o especialista em agronegócio e professor do Curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Edu­ardo Stempniewski, explicou que os preços praticados nas redes supermercadistas não devem sofrer redução, mesmo havendo sobre de alimento no mercado interno. Segundo o professor, o acesso a informações sobre a intenção de compra e confiança do consumidor manauense oferece a possibilidade para as empresas de adotarem estratégias nas quais os distribuidores e os fornecedores trabalhem em conjunto no sentido de proporcionar melhor oferta de produtos aos consumidores.
“Mesmo assim, os preços deverão manter-se, ou seja, se o consumidor comprava uma alface crespa, antes do carnaval, por R$ 3,50 e o hortifrutigranjeiro justificava o valor dizendo que se devia às chuvas, agora dirá que o preço alto ocorre em função do calor. Os preços dos alimentos tem um novo patamar de mercado e é difícil que saiam dessa faixa. O feijão, por exemplo, que está numa faixa de R$ 4,50 e que chegou a custar R$ 7,50 no ano passado, deverá permanecer no atual valor”, analisou.

Marca própria

Mas na opinião do diretor de marca própria do Carrefour, Claudio Irie, o desenvolvimento da marca própria é um elemento de diferenciação frente à concorrência nas vendas de alimento. Em nota, o executivo frisou que o Carrefour foi um dos primeiros a enxergar sua importância estratégica desse diferencial e que trabalha com diversas marcas com a finalidade de atender a todos os perfis de clientes. “Na área de alimentos, contamos com as marcas Carrefour, Viver e Garantia de Origem, voltadas para atender a diferentes perfis de compra. O diferencial está nos preços, que chegam 15% a 30% menores em relação aos praticados pelas marcas líderes, sem abrir mão da qualidade”, contou.
A Fecomercio constatou que, para os varejistas, as marcas próprias aumentam a lucratividade, principalmente nos produtos com margem de lucro baixa, além de reduzirem sua dependência dos poucos fornecedores que dominam o mercado. Nesse contexto, as relações de compra e vendas que ocorrem entre varejistas e consumidores finais apresentam melhores ganhos para as duas partes, pois, a partir do conhecimento real dos hábitos de consumo, torna-se mais fácil investir em bens que atendam às necessidades dos consumidores, evitando assim, imobilização de capital em investimentos sem retorno imediato.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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