O FMI (Fundo Monetário Internacional) voltou a reduzir as previsões de crescimento econômico do Brasil. Para este ano, a projeção é de que o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresça 2,3%, abaixo dos 2,5% previstos em outubro e mesmo nível da expansão estimada para 2013. Em 2015, o FMI projeta avanço de 2,8%, também menor que os 3,2% divulgados no relatório anterior.
O Brasil deve ter este ano um dos menores crescimentos entre os países emergentes com previsões divulgadas no relatório de hoje. O México, por exemplo, deve se expandir 3% este ano e 3,5% no próximo. A África do Sul deve crescer 2,8% e 3,3% nos mesmos períodos. Entre os grandes mercados emergentes, só a Rússia deve ter desempenho pior que o Brasil, crescendo 2% este ano e 2,5% no próximo. O país, aliás, foi o que teve o maior corte na projeção para este ano, que era de expansão de 3% no relatório de outubro.
O Brasil deve crescer abaixo da média dos mercados emergentes e da economia mundial. Os emergentes devem se expandir 5,1% este ano, mesma previsão do relatório de outubro. Em 2015, o crescimento deve ficar em 5,4%, pouco acima dos 5,3% previstos anteriormente. Já a economia global deve avançar 3,7% e 3,9% este ano e no próximo.
O Fundo divulgou ontem um relatório em Washington atualizando as estimativas feitas durante sua reunião anual na capital americana em outubro, quando apresentou o documento “Perspectiva Econômica Global.” As projeções anuais para a economia brasileira vêm sendo rebaixadas a cada novo relatório do FMI desde meados de 2012, por conta de fatores como os gargalos na infraestrutura.
No documento de ontem, o Fundo alerta que países emergentes com contas externas mais fragilizadas e fraquezas internas, como é o caso do Brasil, estão “particularmente expostos” ao risco de fugas de capital em meio à mudança da política monetária dos Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que começaram este mês. A recomendação do Fundo é de que os governos deixem as moedas desvalorizarem e fiquem atentos para gerenciar uma piora da fuga de recursos.
Crescente volatilidade no mercado financeiro e nos fluxos internacionais de capital está entre os principais riscos que os mercados emergentes terão que enfrentar este ano, destaca o relatório do FMI. “A combinação de mudanças nas carteiras dos agentes e fraquezas domésticas pode resultar em fugas mais acentuadas de capital e ajustes nas taxas de câmbio”, alerta o documento
Mercado mundial
A economia mundial deve se recuperar, puxada por uma maior expansão dos países desenvolvidos, e crescer 3,7% este ano, prevê o FMI (Fundo Monetário Internacional). A estimativa divulgada hoje é um pouco maior do que os 3,6% previstos no relatório de projeções divulgado em outubro e maior que os 3% estimados para o ano de 2013. Mas o FMI alerta que riscos importantes para minar este crescimento persistem e cita a baixa inflação nos países desenvolvidos, maior volatilidade nos fluxos internacionais de capital, demanda interna fraca nos mercados emergentes e estagnação na zona do euro.
Depois de patinar, sobretudo, na primeira metade de 2013, a economia mundial deve acelerar em 2014 a recuperação econômica que começou a ganhar força mais para o final do ano passado, destaca o FMI. A atividade mais aquecida em países como Estados Unidos deve estimular a demanda pelas exportações dos países emergentes. Assim, as vendas externas podem ajudar a estimular o crescimento nestes mercados e compensar a demanda interna mais fraca. A estimativa é de que o comércio mundial cresça 4,5% este ano, abaixo dos 5% previstos em outubro. Mas nos emergentes a expansão deve ser maior, de 5,9%
Apesar da recuperação, as projeções divulgadas hoje indicam que a economia global deve seguir crescendo abaixo de seu potencial, estimado em 4% ao ano. Na semana passada, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, já havia chamado atenção para este fato, embora sem citar previsões.