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Produção de bicicletas ainda em queda

A indústria de bicicletas do PIM ganhou algum impulso em março, mas seguiu abaixo da velocidade do ano anterior. O Polo Industrial de Manaus fabricou 32.309 unidades em março, gerando um acréscimo de 11,9% em relação a fevereiro (28.879), que teve a mesma quantidade de dias úteis. Mas, na comparação com o mesmo mês do ano passado (56.492), o segmento despencou 42,8%. Com isso, o saldo do trimestre (86.228) ficou 36,1% menor. É o que revelam os dados mais recentes da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

Durante a coletiva de imprensa deste mês, a entidade destaca que o resultado ainda segue em linha com o que foi projetado pelas fabricantes para 2024, que se preparam para um terceiro ano consecutivo de queda de produção. A entidade reforça a projeção de queda de produção de 21,2% para este ano, e apenas 360.000 unidades. Caso confirmado, será o patamar mais baixo desde 1992 (135.355). O polo de bicicletas já havia encolhido 23,7% em 2023 (456.917) e 17,25% em 2022 (599.044). A última vez em que o subsetor fechou no azul foi em 2021 (+15,7% e 723.950) –o segundo ano da pandemia.

“Ao longo dos últimos anos, essa queda se deu por um ajuste, após a bolha da pandemia. [A projeção deste ano] é o patamar de base para reconstruirmos a indústria de bicicleta no Brasil. O cenário atual ainda não é positivo para o segmento, mundo afora. A gente ainda vê muito ajuste de estoques e muitas empresas com fluxo de caixa apertado. Isso ocorreu bastante em 2023. Mas, já é possível vislumbrar o finzinho desse ajuste, para que neste ano ocorra já um momento de crescimento novamente para a indústria de bicicletas”, amenizou o vice-presidente do Segmento de Bicicletas da Abraciclo, Fernando Rocha.

Qualidade e fornecedores

De acordo com o dirigente, desta vez os números estão em linha com a meta projetada e também com a intenção do segmento de apostar mais em produtos de maior valor agregado e de melhor qualidade –e que conferem faturamento maior. “A gente continua investindo fortemente na qualidade de nossos produtos, que são certificados e homologados, seguindo os mais rigorosos padrões mundiais de processo e qualidade. As associadas participaram da Copa do Mundo de Mountain Bike e isso mostra o quanto estamos preparados para competir com marcas globais. Vale ressaltar que duas delas têm atletas disputando vagas para as Olimpíadas de Paris 2024”, asseverou.

O vice-presidente do Segmento de Bicicletas da Abraciclo contou que, nos últimos meses, a Abraciclo esteve envolvida em ações de promoção da mobilidade urbana, participando de reuniões com representantes do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana de Manaus. Sem entrar em detalhes, o executivo mencionou também que, dependendo do incentivo ou falta dele para políticas do gênero, a mobilidade urbana pode ser um fator que estimule ou desestimule o uso da bicicleta.

Ao responder perguntas dos repórteres, Fernando Rocha garantiu que a pandemia ficou para trás também no sentido de fornecimento de partes e peças para o segmento. “Os lead times com os fornecedores estão bem reduzidos e voltando ao normal. O que a gente entende é que mundialmente ainda tem uma demanda por bicicleta de estrada, que é um pouco maior do que a capacidade maior de alguns fornecedores. Então, o prazo para estes componentes específicos está um pouquinho mais longo. Mas, nada comparado à pandemia. Já temos toda a cadeia equilibrada e pronta para o crescimento do setor nos próximos anos”, afiançou.

MTB x Elétricas

O PIM reúne quatro fábricas do segmento –Caloi, Sense Bike, Oggi Bikes e Houston/Audax Bike –e responde por quase 40% da oferta brasileira do produto. Assim como nos meses e anos anteriores, a MTB liderou o ranking de produção de março, com 64,1% da oferta e 20.718 unidades. Foi seguida pelas categorias Urbana/Lazer (21,9% e 7.081), Infanto-Juvenil (6,3% e 2.037), Estrada (4,6% e 1.489) e Elétrica (3% e 984). Mas, apenas as bicicletas de modelo Estrada conseguiram avançar em todas as comparações.

“A categoria de mountain bike continua com a relevância de anos anteriores. Mas, vale um ponto de atenção para a bicicleta elétrica, que vem aumentando participação e provando que veio para ficar. Em 2018, eram menos de 1.000 unidades sendo produzidas e a projeção para 2024 já é de 12.500”, apontou, acrescentando que a categoria cresceu 289% no Brasil, nos últimos cinco anos, e hoje as associadas da Abraciclo já oferecem 25 modelos elétricos.

O Sudeste recebeu o maior volume de bicicletas fabricadas no PIM, respondendo por 59% (19.056) da demanda do mês passado. O segundo lugar do ranking ficou com o Sul, para onde foram enviadas 4.229 unidades (13,1%). Na sequência, vieram o Nordeste (11,3% e 3.651), o Centro-Oeste (9,2% e 2.966) e o Norte (7,4% e 2.407). As posições foram mantidas no ranking do trimestre, sendo que todas as regiões aparecem em declínio nessa comparação, com destaque para o Sul (-40,4%).

“O varejo especializado em bikes está bem estocado, embora também já conte com um giro melhor [de mercadorias]. A gente entende que o aquecimento geral já começa no segundo semestre desse ano, com um escoamento melhor dos estoques. Consequentemente, para a indústria de bicicletas, isso se reflete mais no finalzinho do ano. Neste ano, já assentamos a base de 360 mil unidades, mas a perspectiva é já termos um crescimento em 2025 e, daí para frente, retomarmos”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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