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Prévia do PIB confirma aquecimento na economia local

Depois de oscilar e cair no levantamento anterior, a prévia do PIB do Amazonas voltou a aquecer em outubro e subiu 0,92% ante setembro. Desta vez, o Estado seguiu na trajetória inversa à da média nacional, embora o resultado não tenha sido suficiente para anular toda a perda anterior (-1,79%). O indicador encolheu 0,36% em relação ao mesmo mês de 2020. No acumulado do ano, a economia amazonense se manteve positiva em 5,77%, sendo fortalecida por uma fraca base de comparação.

O Amazonas registrou 166,74 pontos, após o resultado mais fraco de setembro (165,22 pontos), conforme a base de dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). Foi o quarto melhor número do ano, que teve seu nível mais baixo, em janeiro (157,29), e seu apogeu, em junho (173,42). O Estado tombou 1,11% na média móvel trimestral, mas se manteve positivo ante o mesmo trimestre de 2020 (+0,34%). Já o PIB anualizado fechou com 5,47% de elevação. Vale notar que essas são as comparações que costumam ser apontadas por especialistas como melhor forma de captar tendências. 

O Estado só ficou à frente da economia brasileira nas variações acumuladas. Em âmbito nacional, o indicador (136,87 pontos) apontou decréscimo de 0,40% entre setembro e outubro. Foi o terceiro mês seguido de queda nesse tipo de comparação, em resultado pior do que o esperado pelo mercado. No confronto com outubro de 2020, o tombo foi de 1,48%, enquanto o acumulado do ano ficou positivo em 4,99%. Houve baixa de 0,94%, na média móvel trimestral, e alta de 1,06%, diante do mesmo trimestre do ano passado. Em 12 meses, o IBC-Br brasileiro ficou positivo em 4,19%.

O IBC-Br é um indicador criado para antecipar o resultado do PIB e ajudar a autoridade monetária na definição da taxa Selic). Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do Banco Central também é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro – e cuja próxima divulgação nacional está prevista para a primeira semana de março de 2022.

Setores e arrecadação

O cálculo do IBC-Br leva em conta estimativas para as atividades econômicas no Estado, acrescidas das arrecadações de impostos. Mas, sua divulgação não inclui o desempenho de cada rubrica. Em sintonia com a apreciação do indicador, números do IBGE apontaram aquecimento na indústria e comércio durante o período assinalado, contrastando com uma oscilação negativa nos serviços. Os recolhimentos de tributos da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) e da Receita Federal também tiveram comportamentos opostos.

A produção industrial do Estado subiu 0,4%, na passagem de setembro para outubro. O Estado foi um dos dez a conseguir retomar o crescimento do setor, na contramão da média nacional (-0,6%), amenizando uma pequena parcela das perdas do mês anterior (-4,1%). O confronto com outubro de 2020, entretanto, manteve decréscimo de dois dígitos (-11,9%), pelo segundo mês consecutivo. Ainda assim, o Amazonas conseguiu permanecer no azul nas comparações dos aglutinados do ano e dos 12 últimos meses (ambos pontuando +9,4%). 

O setor terciário da economia amazonense apontou desempenhos divergentes novamente, mas com sinais trocados. No mês do dia das Crianças, o varejo amazonense avançou 0,6%, na variação mensal, após os tropeços seguidos de junho (-3,7%), julho (-2,8%), agosto (-1,6%) e setembro (-0,6%). Em relação a outubro do ano passado, o comércio local sofreu decréscimo de 9,4% no volume de vendas. O acumulado do ano (-0,8%) entrou no campo negativo, após seis meses seguidos de alta. Em 12 meses, o setor avançou apenas 1,2% em âmbito estadual, e continua tendo seus resultados erodidos mês a mês.

Em contraste, o setor de serviços do Amazonas voltou a oscilar em outubro recuou 2,2% ante setembro de 2021, em resultado oposto ao anterior (+1,3%). Depois de avançar no mês anterior, a atividade retrocedeu em ritmo mais acelerado do que o da média nacional (-1,2%), acompanhando outras 21 unidades federativas. No confronto com outubro do ano passado, ainda houve elevação de 7%, índice que também ficou aquém ao do mês passado (+9,8%). Foi suficiente para segurar a atividade no campo positivo, nos aglutinados do ano (+13,4%) e de 12 meses (+12,1%).

Os números da Sefaz indicam que o recolhimento estadual desacelerou 4,41% nominais, na passagem de setembro (R$ 1,36 bilhão) para outubro (R$ 1,30 bilhão). O confronto com o décimo mês de 2020 (R$ 1,16 bilhão) rendeu elevação de 12,14%, encorpando o acumulado do ano (R$ 11,71 bilhões) em 19,74% – as altas reais foram de 1,32% e de 0,92%. Já a arrecadação federal reaqueceu (+11,54%) entre setembro (R$ 1,56 bilhão) e outubro (R$ 1,74 bilhão). Mas, caiu 5,79% ante a marca de 12 meses atrás (R$ 1,85 bilhão). Em dez meses, os cofres da União recolheram R$ 16,07 bilhões no Estado, registrando expansão de 21,64%. Descontada a inflação do IPCA, a variação anual foi negativa em 14,88%, enquanto a acumulada aumentou 12,91%.  

Pandemia e incertezas

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Junior, avaliou que, a despeito das oscilações, a sazonalidade seria mais forte para determinar o rumo da economia amazonense até dezembro. O economista lembrou que o papel preponderante do Polo Industrial de Manaus e seu portfólio de produtos de consumo voltados para as festas de fim de ano seria decisivo para o aquecimento.

Indagado a respeito de um prazo mais longo, Francisco de Assis Mourão Junior lembra que, pressionada pela descalibragem na inflação, juros e câmbio, além da desaceleração no mercado de trabalho e do crescimento das incertezas, a economia já dá sinais de recessão técnica, com dois PIBs trimestrais negativos seguidos. O economista lembra ainda que, diante da chegada da variante ômicron, o país passa pela “incerteza de uma terceira onda” da pandemia, o que poderia contribuir para novas restrições na circulação de pessoas e mais um freio no PIB, no pior cenário.

O conselheiro do Corecon-AM lembra que a atual conjuntura macroeconômica aponta para um “2022 difícil”, especialmente com o enfraquecimento das expectativas dos agentes econômicos, após a divulgação do número negativo do PIB brasileiro do terceiro trimestre. O economista considera que o próximo dado – relativo aos três meses finais de 2021 – será positivo, mas deve vir abaixo do aguardado pelo mercado e “bem modesto”. Sua expectativa para o desempenho da economia nacional no primeiro trimestre do próximo ano, entretanto, é menos otimista: “Vamos ter um PIB negativo”, encerrou.v

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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