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Comércio aposta nas vendas de última hora

O comércio de Manaus seguiu aquecido na reta final para o Natal, sustentando as projeções de alta de dois dígitos para as vendas. Lojistas ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio apontam que, apesar dos entraves e oscilações na economia, o consumidor não deixou de comparecer ao varejo local para comprar presentes e homenagear entes queridos, em mais um Natal sob a sombra da pandemia da covid-19. O movimento, no entanto, não superou as expectativas, seguindo dentro do esperado até esta quinta (23), tanto nas lojas de rua, quanto nos shoppings. 

Os segmentos que vem desempenhando melhor são os tradicionais: vestuário, calçados, perfumes, bebidas e alimentação, confirmando estimativas apontadas nas pesquisas da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus) e da (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas). A má notícia é que parte significativa dos manauenses aproveitou a Black Friday – que não alcançou o crescimento projetado pelo setor – para antecipar as compras, ajudando a esvaziar os resultados da mais forte data comemorativa do comércio. Estudo da Fecomercio-AM já havia antecipado que 61% dos consumidores pretendia fazer isso.

O presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, conta que havia uma expectativa de um movimento maior nesta quinta (23), na antevéspera do Natal, especialmente em virtude da injeção extra de R$ 482 milhões de liquidez no mercado, proporcionada pelo pagamento do abono do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação). O dirigente assinalou, entretanto, que o movimento seguiu “normal” e “dentro do esperado”, embora não descartasse a possibilidade de um fluxo mais forte no dia seguinte.

“A chuva atrapalhou. A cidade teve um fluxo muito forte de carros pela tarde e o trânsito do começo da noite ainda estava insuportável. A tendência é de termos um movimento forte ainda nesta sexta [24], na véspera de Natal. De qualquer forma, o fluxo foi bom e eclético, incluindo não apenas Centro e shoppings, mas também lojas de bairros e supermercados. Vestuário e calçados estão vendendo bem, especialmente nos magazines, que estão fazendo muitas promoções. Não sei prever se bateremos a meta [de crescimento de 13%], mas certamente o Natal deste ano será melhor do que o de 2020, embora talvez não seja suficiente para superar 2019”, avaliou.

“Lojas cheias”

O presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, disse à reportagem do Jornal do Commercio que as lojas do Centro estão “cheias” e que o fluxo de pessoas por lá é “muito grande”. O dirigente acrescenta que, nos shoppings, a situação não é diferente, o que pode ser percebido pela dificuldade do cliente de encontrar uma vaga para estacionar. E, segundo o comerciante, o movimento no varejo não se limita a visitas descompromissadas aos estabelecimentos.

“As pessoas estão comprando mesmo. É claro que a situação poderia ser melhor, se não tivéssemos essa escalada da inflação, pelo aumento do custo da energia e dos combustíveis, assim como a alta dos juros e os problemas logísticos e de abastecimento. O setor está mais otimista do que pessimista. A maior parte dos lojistas com quem conversei me disse que a clientela está respondendo e que as vendas estão dentro do esperado. Nossa previsão ainda é de termos uma alta de 8% a 10%”, ponderou. 

Segundo o presidente em exercício da Fecomercio-AM, os relatos dos comerciantes ouvidos indicam que a o consumidor de Manaus está confirmando as estimativas da mais recente pesquisa da entidade. A sondagem da entidade apontava a primazia de itens de vestuário (62,50%, para os entrevistados pela CDL-Manaus, e 47% para as pessoas ouvidas pela Fecomercio-AM) e calçados (36,30% e 39%, respectivamente), além de eletrodomésticos e eletroportáteis (8,9% e 19%, na ordem), na lista de compras para o Natal deste ano.

“Os segmentos que costumam registrar maiores vendas nesta época são os de alimentos e bebida, além de vestuário e calçados. A diferença deste ano é que os eletrodomésticos estão saindo mais do que os eletroeletrônicos. As pessoas estão preferindo dar de presente um liquidificador, do que um celular, por exemplo”, comentou, acrescentando que “os preços estão muito altos” e que a mudança na tendência de consumo não deixa de ser um reflexo do atual panorama de restrições orçamentarias ao consumidor. 

“Natal morno”

Como era de se esperar, a resposta do consumidor de Manaus ao apelo do Natal foi heterogênea, levando-se em com conta os resultados por segmento. Lojas que trabalham com portfolio de produtos de maior valor agregado e dependentes de crédito, incluindo moveis e eletroeletrônicos, sinalizavam alcança números mais tímidos na reta final deste Natal, em função não apenas das dificuldades impostas pela economia, mas também pela “canibalização” da data comemorativa pela Black Friday.

“No nosso ramo, após o advento da Black Friday, o Natal ficou mais morno, não tendo um grande crescimento. Já as empresas dos segmentos de vestuário, calçados, perfumes, bebidas, alimentação e afins, com toda certeza, tiveram um substancial aumento na demanda e nas vendas”, lamentou o diretor do grupo TVLar, Johnny Azevedo, acrescentando que a “a atual situação econômica” contribuiu para uma “certa diminuição” e mais nos tradicionais investimentos da empresa para as festas de fim de ano.

Segundo o empresário, a empresa teve crescimento médio de 15% a 20% nas vendas para a Black Friday, mas já refez as contas para o Natal e cortou a projeção pela metade a projeção de alta, que era de 10%, e agora passou a ser de 5%. Os produtos mais fortes oferecidos pela rede de lojas para a época são os de telefonia, informática e games. Vários deles, conforme Azevedo, estavam em promoção e empresa oferecia planos de pagamentos em até 12 vezes sem juros, nos cartões, e em até 18  parcelas om juros, no crediário. “Neste momento, estamos entrando com uma nova campanha promocional”, completou 

“Diferente do ocorrido em outros segmentos, não tivemos constratações temporárias na empresa e o fluxo de vendas está dentro do esperado, com uma pequena variação para menos”, estimou. “Esse ano foi desafiador e impulsionou cada um de nós a nos reinventarmos, com pouca margem, embora nos últimos meses tenha se dado uma excelente melhora. O ano de 2022 é um grande enigma. Estamos muito cautelosos pela incerteza econômica do país, mas confiantes e esperançosos que a economia venha a crescer”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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