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PIM oferece poucas vagas para PCDs

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Alegando falta de estrutura e de pessoas responsáveis para treinamento e acompanhamento de PCDs (Pessoas com Deficiência), as empresas do PIM (Polo Industrial de Manaus) oferecem poucas vagas para esse público, mesmo com a cobrança do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e geração de multas por não contratarem mais PCDs. Apesar das poucas vagas ofertadas, a indústria ainda é o setor mais procurada pelos PCDs, que ainda de acordo com o Sine desprezam vagas no comércio.

De acordo com a gerente de vagas PCD do Sine Manaus, Liliane Corrêa, as poucas vagas ofertadas tornam-se um problema social. “É lamentável, porque a inclusão social dessas pessoas é muito importante para o crescimento de qualquer empresa, seja do PIM, privada ou pública”, lamentou.
Segundo a gerente, as empresas se recusam a seguir as ordens do MTE. “Quando o PIM contrata, a procura maior é por pessoas com uma deficiência leve, além de não contratarem pessoas com problemas de visão severa ou cadeirantes. Às vezes, chegam até ofertar 20 vagas, só para dar satisfação ao MTE, e não contratam”, lamenta Liliane.

Ainda assim, a expectativa para 2018 é que o número de vagas ofertadas dobre em relação aos anos anteriores, disse Liliane. “Haja vista que a nossa gestão tem se empenhado ao máximo em aumentar o vínculo junto às empresas, que já são nossas parceiras. Bem como na busca de novas empresas para se integrarem ao nosso quadro”, espera.

A gerente destacou ainda que, a oferta de vagas no comércio é constante, porém, as pessoas com deficiência têm certa preferência por áreas como auxiliar de linha de produção no PIM, desprezando as vagas oferecidas nas lojas do centro de Manaus. “Um exemplo bem presente, é que estamos com ofertas de vagas para operador de loja e arrumador de vestuário, divulgadas diariamente em grupos de PCDs e na mídia, porém não conseguimos preencher as vagas pelo fato deles não se interessarem”, salientou. Além das vagas para auxiliar de linha de produção e comércio, Liliane disse que o Sine também está oferecendo vagas que exigem mais qualificação das pessoas com deficiência.

Comércio e serviços

Na contramão desse descaso com os PCDs, empresas como o Laboratório Sabin, TIM e a rede de restaurantes McDonald’s, mesmo com o número alarmante de desempregados no país, que hoje alcança mais de 13 milhões, estão apostando cada vez mais na contratação de pessoas com deficiência.
O Laboratório Sabin, emprega uma cota de 4% de PCDs, ou oito funcionários de um total de 172, em 12 unidades em Manaus. O laboratório pretende oferecer mais uma vaga para uma nova unidade que irá abrir ainda em fevereiro.

A colaboração desses funcionários é vantajosa, uma vez que o ambiente de trabalho fica mais amigável e diversificado, melhorando a produtividade e a harmonia no local de trabalho, disse a coordenadora de atendimento do Sabin Manaus, Simone Arruda . “O bom deles, é que trabalham com entusiasmo, motivação e energizam os outros funcionários que não possuem nenhum tipo de deficiência. E tem mais, eles sempre estão buscando se qualificar naquilo que estão se propondo a oferecer para empresa. Acho isso sensacional”, afirmou.

Superação

A qualificação profissional fez com que a funcionária da Sabin, Eridiane Queiroz de Paula superasse as dificuldades de se conseguir emprego por conta de uma má formação congênita no antebraço direito. “No começo sentia dificuldades, pois iniciei já no atendimento ao cliente, mexendo muito com o computador. Mas, como sou canhota, a minha mão esquerda me ajudou a ter um mobilidade e agilidade para realizar meu trabalho com êxito”, disse Eridiane que há dois anos é funcionária do laboratório.

Com um bolsa de 100%, oferecida pelo Sabin, Eridiane cursa Engenharia Ambiental. “Sempre quis ter uma profissão, e como sei que a empresa segue uma política de investimento socioambiental, por meio do uso racional de recursos, evitando desperdícios, resolvi seguir esse curso”, finalizou.

PCDs na telefonia

Outra empresa que aposta na contratação do PCDs, é a TIM. Com 227 colaboradores com deficiência física em todo Brasil, a empresa busca contribuir e dar visibilidade a essa significativa parcela da população, que é imprescindível para que as empresas criem processos de recrutamento abertos e transparentes para todos, indistintamente. Entre os planos da empresa está a criação de 100 vagas para 2018 em Manaus, que também contemplam candidatos deficientes.

Para a gerente de RH da TIM Centro-Norte, Renata Pimentel, a empresa criou um ambiente seguro e empoderador, em que as pessoas com deficiência podem prosperar, independente da sua condição. “Na companhia, todos são tratados de forma igualitária, com profissionalismo. Nos dedicamos para proporcionar a esse público um ambiente de trabalho adequado às suas necessidades e confortável”, afirma.

Segundo Renata, trata-se de funcionários com grandes habilidades e potenciais, por isso existe todo um cuidado de selecionar, avaliar e desenvolver todos eles com foco nas suas competências e nunca na deficiência. “São profissionais dedicados e que se destacam no ambiente profissional. Na TIM, por exemplo, não temos um programa de carreira criado especificamente para as pessoas com deficiência, pois sabemos que eles têm competência para ingressar nos mesmos programas destinados a todos os empregados e o resultado tem nos mostrado que estamos no caminho certo, já que conseguimos revelar grandes talentos”, destacou.

Vagas abertas

A rede de restaurantes mais conhecida do mundo, a McDonald’s está com vagas abertas para PCDs para as unidades de Manaus. Para se candidatar, é preciso ter ensino fundamental completo. Não é exigida experiência anterior e o início é imediato. Para a gerente do restaurante, Soliana Rocha, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho contribui positivamente na vida desses profissionais, nas empresas, gerando o aumento da autoestima, da qualidade de vida e da produtividade dos colaboradores.

As vagas oferecidas pela empresa oferecem seguro de vida, assistência médica e odontológica, alimentação, vale-transporte e plano de carreira. Os interessados devem entregar o currículo em um dos restaurantes McDonald’s da cidade, localizados da avenida Djalma Batista, Amazonas Shopping, Shopping Ponta Negra e Manauara Shopping.

Lei de Cotas

O Brasil é considerado um dos países mais avançados no que diz respeito à legislação para as PCDs (pessoas com deficiência). Antes do estabelecimento da lei 8213/91, em 1991, conhecida como Lei de Cotas para PCD em Empresas, o profissional com deficiência só conseguia ingressar no mercado de trabalho por meio de ações governamentais ou via terceirização, por meio de associações ou Ongs (Organizações Não Governamentais).

A Lei de Cotas trouxe mais esperança a 24% da população brasileira, composta por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. De acordo com RaIS (Relação Anual de Informações Sociais), em 2016, 418 mil trabalhadores PCDs estavam no mercado de trabalho formal. A cota abrange o direito a todos os tipos de deficiência (física, visual, auditiva e intelectual), e torna obrigatório que empresas com 100 ou mais funcionários destinem de 2% a 5% de vagas para PCDs. O Ministério do Trabalho realiza ações de fiscalização periodicamente para garantir que essa cota seja cumprida. Só em 2017 foram feitas mais de dez mil ações desse tipo.

Dados

De acordo com o Sine, o ano de 2017 fechou com menos ofertas e mais vagas ocupadas de empregos para PCDs em Manaus, que o ano anterior. Segundo dados do Sine Manaus, no ano passado foram oferecidas no geral, tanto no PIM quanto no comércio, 2.246 vagas, 1.616 pessoas com algum tipo de deficiência foram inseridas no mercado de trabalho. E em comparação a 2016, o órgão afirma que foram ofertadas mais de 3.674 vagas, mas somente 731 pessoas se fixaram em alguma empresa.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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