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Petróleo atrai ao Oriente Médio

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Tema de livros do historiador amazonense Mario Ypiranga Monteiro e do romancista Milton Hatoum, a vinda de imigrantes do Oriente Médio ao Amazonas tem registros incontestáveis, o que não é visto nos dias atuais, quando pouco se estuda sobre a volta à terra ancestral de jovens amazonenses de origem árabe. O Jornal do Commercio conversou com árabes, descendentes e brasileiros sobre o caminho de volta e novas rotas migratórias.
A escolha de brasileiros pelo Oriente Médio é impulsionada por bons salários e por uma vida cosmopolita, pelo menos em países mais ‘ocidentalizados’ conta o estudante de medicina, Kassem Mohammed. “Muitos preferem ficar no Brasil e poucos descendentes voltam, confiando na estabilidade conseguida aqui com muito trabalho. A maior procura fica por conta de brasileiros que não tem nenhuma familiaridade com o mundo árabe e fazem o que fizeram os nossos, buscam vencer na vida em países diferentes”, afirma o amazonense de origem palestina.
De acordo com Mohammed, daqueles primeiros que vieram comerciar miudezas de porta em porta ou nos regatões há mais de 70 anos, poucos estão vivos, a segunda geração já estabelecida e a terceira e quarta prontas para receber novos imigrantes. “As tradições são mantidas, a comida árabe é servida a todos em reuniões de família, com isso os que chegam agora não têm as mesmas dificuldades de adaptação dos primeiros. Estamos prontos para recebê-los”, comenta.
Aguardando o embarque
Atraído pelos bons salários prometidos com a exploração de petróleo em Bahrein, o amazonense Enoque Santana aprimorou estudos em petróleo e gás. “Os cursos técnicos e superiores na área foram introduzidos após a descoberta do gás natural em Coari e a cidade foi o destino escolhido até entrar em contato com empresas do Oriente Médio. Foi inevitável mudar os planos”, conta.
Segundo o amazonense, que aguarda a resolução de entraves diplomáticos para o embarque, alguns amigos demoram a se adaptar a nova realidade. “São meses longe de casa e da família, em um país de que pouco se tem notícias e com muito trabalho a se fazer. Isso pode parecer cansativo e estressante, mas o salário tem um grande poder de convencimento”, disse Enoque.

Engenharia e Jiu-jitsu

Engenheiro químico e professor de BJJ (‘Brazilian Jiu-jitsu’ ou Jiu-jitsu Brasileiro) nas horas vagas, Carlos Ribeiro é um dos milhares de brasileiros que optou por trabalhar no Oriente Médio, morando no Bahrein e trabalhando na Arábia Saudita. “Há dois anos vim à Arábia Saudita com uma proposta para trabalhar com uma empresa prestadora de servidos da SAUDI ARAMCO (companhia petrolífera estatal saudita) e moro no Bahrein por este ser um país mais aberto, mais ocidentalizado”, conta Ribeiro.
Segundo o engenheiro, natural de São Gonçalo (RJ), os salários fazem valer a pena a mudança de ares. “O salário é compatível com a realidade da região e da profissão, mas muito melhor que no Brasil e que me permite levar uma vida confortável. Minha dificuldade inicial foi quanto a religião e cultura, no que diz respeito à limites. Mas nada impossível de ser superado”, ressalta Ribeiro.
Para o engenheiro, o Jiu-jitsu une paixão e uma alternativa de vida. “São duas equipes que participo, a Lauredo/Gtt e a Bahrain-Brazil Fight, treinando alguns poucos brasileiros. Além de mim, ainda existem outros brasileiros, faixas pretas, lecionando a arte marcial no Bahrein, como John Aguiar que dá aulas para as forças armadas, Júnior Madruga e uma filha que têm turmas em academias”, disse.
Sendo o Bahrein um país que paga bem e a região ter apostado nos esportes, alguns problemas do Brasil têm se repetido por lá. “Já existem muitos professores e alguns ‘professores’ falsos. Fora do Brasil existem muitos que se aproveitam da falta de informação das pessoas. Com toda essa crise, o mercado de artes marciais está menos aquecido. As pessoas deixam o Jiu-jítsu como algo supérfluo”, conta o lutador.
Mas o antigo fluxo migratório ainda se mantém e os patrícios ainda procuram o Amazonas. Aiman Ramadan que veio ao Brasil trabalhar no consulado da Síria, há 15 anos é proprietário de uma loja para gestantes e atesta a chegada de parentes do país de origem. “As condições não são boas para alguns parentes na Síria, principalmente para os que moram nas zonas de conflito e com isso, os que podem vêm ao Brasil para trabalhar no comércio, o que é uma vocação quase natural de nosso povo”, disse o comerciante.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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