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Oscip ‘Bem Fazer’ ajuda mães do bairro São Jorge em vulnerabilidade social

Um olhar mais atento de Israel Dias para as mulheres começou quando ele foi trabalhar como encarregado de serviços gerais, no Hospital 28 de Agosto, há cinco anos, e tinha 42 delas sob suas ordens. Ali o rapaz percebeu que a maioria delas tinha histórias de vida bem parecidas. Eram solteiras, com filhos, sem maridos, pouco ou nenhum estudo. O baixo salário que ganhavam era exclusivamente para pagar o aluguel de onde moravam e comprar alimentos para os filhos.

A partir dali cresceu o interesse de Israel, acadêmico de administração, em trabalhar com assistencialismo social e começou a atuar no Mazon (Movimento Amigos da Zona Norte), Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) coordenada pela sua amiga contadora e administradora hospitalar Nizia Barroso que, a partir do Manoa, promove ações nos bairros da região junto a famílias em vulnerabilidade social. A principal ação do Mazon é a distribuição de ranchos exatamente para aquelas famílias onde as mães são as chefas da casa, com maridos ausentes e alguns filhos para criar, na mesma situação daquelas encontradas por Israel no Hospital 28 de Agosto.

Mulheres também são foco do Movimento Amigos da Zona Norte
Foto: Divulgação

“Sempre gostei de ser proativo. No Mazon procuro ajudar a Nizia de diversas formas, decorando a sede do Movimento quando ela organiza festas, me fantasiando nos eventos para as crianças e o que mais ela precisar de ajuda sabe que pode contar comigo. Acho que essa qualidade começou a se desenvolver em mim quando eu fui escoteiro, aos 13 anos. Lá aprendemos a praticar boas ações”, lembrou.

Israel Dias atentou para as mulheres quando ele foi trabalhar como encarregado de serviços gerais, no Hospital 28 de Agosto. Foto: Divulgação

Morando no bairro de São Jorge, Israel observou que no local também existem muitas famílias carentes, e mais uma vez com mulheres à frente enfrentando toda forma de dificuldades.

Restaurando a sede

“Falei para a Nizia que gostaria de criar minha própria Oscip para operar no São Jorge e ela, como é contadora, rapidamente documentou a instituição que começou a atuar no início de fevereiro com o nome de ‘Bem Fazer’. Continuo ajudando no Mazon, mas agora divido as atenções com a ‘Bem Fazer’, que já deu início às ações de assistencialismo distribuindo ranchos”, destacou.

Como precisava de uma sede para a ‘Bem Fazer’, Israel pediu ajuda ao presidente da associação de moradores do São Jorge, e este prontamente lhe cedeu o pequeno galpão que servia à associação, abandonado há oito anos. Desde então Israel vem restaurando o local, primeiro emassando as paredes, e agora pintando. Para retribuir a ajuda que sempre recebeu de Israel, não raro Nizia vai ao galpão e, junto com o rapaz, ajuda na pintura do espaço.    

Os ranchos que a Mazon recebe vêm de doações feitas pela Prefeitura de Manaus e pelo Governo do Estado, além do Mesa Brasil, do Sesc, que comparece com frutas e verduras. Quando acontecem sobras de ranchos, de pessoas que não foram pegá-los, Nizia os direciona para a Oscip de Israel, e assim ele vem promovendo suas ações.

“Atualmente temos feito o acompanhamento de 20 famílias, no São Jorge, depois de realizar uma busca ativa e cadastrá-las, sem falar que como nasci no bairro, conheço bem os moradores e sei onde estão os mais carentes”, esclareceu.

Nessa busca ativa se buscam as famílias realmente necessitadas, porque, como lembrou Israel, entre a grande massa de famílias carentes, se encontram todos os tipos de situações: assim como têm as mães que trabalham muito para, sozinhas, sustentarem vários filhos, existem aquelas, também com vários filhos, que não trabalham e nem fazem questão de trabalhar, e querem ficar recebendo doações de roupas e alimentos, e muitas vezes ainda colocam os filhos pequenos para pedir esmola, ou até mesmo roubar. Outras se prostituem e chegam até a vender drogas.

Grávidas e idosos

“Estou dando atenção para uma adolescente de 16 anos, que está grávida, e foi deixada pelo pai de seu filho, um adolescente de 16 anos. Histórias como essas são comuns nesses bairros carentes”, afirmou.

Assim como no Mazon, as ações da ‘Bem Fazer’ se estendem às mulheres grávidas, também abandonadas pelos pais de seus filhos, e aos idosos que com a aposentadoria mínima que recebem, sustentam a família com filhos e netos.

“O cidadão trabalhou a vida toda e, quando se aposenta, precisa continuar mantendo filhos, que geralmente não trabalham porque não querem, e ainda enchem a casa de netos”, lamentou.

Confirmando que quem faz assistencialismo social, faz porque gosta, Israel ainda atua como voluntário na Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Manaus. A principal ação da Pastoral é visitar idosos e enfermos nos hospitais levando palavras de esperança, e ranchos. Os voluntários se reúnem em igrejas da cidade e discutem onde serão realizadas suas ações.

Por enquanto Israel, com a ajuda de Nizia, está atuando sozinho na ‘Bem Fazer’ e solicita a quem quiser se engajar na causa do assistencialismo social, pode procurá-lo na sede provisória da Oscip, rua Barão de Rio Branco, 185 – São Jorge, fone: 9 9363-6631.

“Voluntários e doações serão bem-vindos”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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