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Onde o peixe foi parar?

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O peixe tem sido a melhor alternativa na mesa dos brasileiros que buscam diminuir as despesas na hora do supermercado. Ironicamente, a afirmativa não se encaixa para as famílias amazonenses. Na contramão da tendência nacional -segundo dados divulgados nesta semana pelo IPCA/IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo/ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) -, Manaus esbarra em pescados mais caros e, segundo o presidente do Sindpesca-AM (Sindicato dos Pescadores no Estado do Amazonas), Ronildo Palmere, os preços só devem diminuir em julho.
O peixe mais tradicional do prato baré é o jaraqui e o cento custa, atualmente, entre R$ 40 e R$ 50. Já o quilo do tambaqui fica entre R$ 6,50 e R$ 7,50, dependendo do horário e da feira -o representante dá a dica: quanto mais cedo, mais barato. O quilo do surubim e do bagre sai por R$ 10 e R$ 12, e o cento do pacu e da sardinha custam R$ 75 e R$ 45, respectivamente.
De acordo com pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), no mês de maio, o custo da cesta básica de Manaus custou R$ 386,08. Com o aumento do valor da cesta, Manaus passou a ocupar a 13° colocação no ranking das cestas mais caras, dentre as 27 capitais onde é realizado o estudo.
Enquanto o país consome mais peixe, por aqui, é a carne que ficou mais barata. Com queda de 2,78%, o produto foi o segundo alimento que apresentou maior queda no último mês, perdendo apenas para a manteiga (-6,89%). “Por causa dos fenômenos naturais enfrentados pelas águas dos rios, já era esperado que nessa época do ano os pescadores tivessem menos acesso a variedade e quantidade de peixes. Como a cheia não alcançou os índices esperados, muitas espécies não conseguiram migrar e se reproduzir”, explica Palmere.
Segundo gerente de economia e pesquisas do IBGE, Rodrigo Mariano, a troca de produtos por outros mais em conta é uma das estratégias que o consumidor pode adotar e que trazem mais resultados para o bolso. “O consumidor tem a tendência de pesquisar preços e substituir aqueles produtos que possam impactar no orçamento familiar. Já percebemos em outras ocasiões a troca da carne bovina pela de aves ou até suína. Com as quedas no preço da carne no Amazonas, o peixe deixa de ser a primeira opção”, diz ele.
Assim, a banda de tambaqui fica apenas para os domingos. “Costumamos consumir peixe pelo menos três vezes por semana, mas com esse aumento, temos optado pela alcatra, patinho e até filé”, adianta a administradora Letícia Farias Damasceno.

Ruim para o bolso e bom para a saúde

De acordo com a nutricionista especialista em nutrição clínica e doenças crônicas não transmissíveis, Manoela Ramalho, substituir a carne vermelha por peixe ou mesmo inclui-la com mais frequência no cardápio seria mais benéfico para a saúde. “A carne de peixe é rica em vitaminas, tem muito menos gordura saturada e possui ácidos graxos tipo w3 e w6 que funcionam como protetores para o sistema cardiovascular, isso a torna mais saudável que carne vermelha”, explica.
A chefe de cozinha Sandy Salum não consome carne vermelha e tem sentido no bolso o preço da decisão. “Os clientes não entendem quando cobramos mais caro por uma refeição com peixe, mas quem vai à feira e vê a realidade, percebe o quanto custa caro se alimentar bem”, lamenta ela.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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