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Necessidade puxa procura por penhora

Em janeiro, as operações de penhor da Caixa Econômica no Amazonas somaram 27,2 mil contratos (empréstimos) no valor de R$ 13,4 milhões. O valor representa um acréscimo de 14,5% ante os R$ 11,7 milhões obtidos em igual mês de 2008. A concessão do crédito é feito mediante joias em ouro como cordão, anel, pulseira, relógio, brinco, pingente, entre outros artigos.
No ano passado, a média das operações mensais dessa modalidade de empréstimo somaram R$ 9,07 milhões, decorrentes de 17 mil aplicações, ante R$ 9,3 milhões, resultado de um somatório de 20 mil operações mensais.
As mulheres são as principais usuárias do penhor, conhecido como uma linha de crédito ágil, sem burocracia com uma das menores taxas de juros do mercado. Além disso, o empréstimo pode ser renovado diversas vezes, desde que haja o pagamento dos encargos. No entanto, o avaliador de jóias da Caixa, que preferiu não ter o nome revelado, disse que atualmente tem crescido o número de homens que têm se valido deste tipo de empréstimo para resolver assuntos diversos como contas pendentes.
Walter da Silva Siqueira, por exemplo, esteve no setor de penhor da Caixa na última sexta-feira para pagar os juros e com isso assegurar suas jóias como cordão, pulseira e anéis. Ele contou que há 15 anos atua com penhor, porém desde o ano passado não consegue resgatar as 23 gramas de ouro que lhe propiciaram um emprestimo de R$ 734, por falta de dinheiro. “A alternativa é pagar os juros mensais e renovar o contrato para evitar que minhas joias sejam leiloadas na próxima semana”, comentou, ressaltando que os artigos preciosos são produtos de investimentos realizados há vários anos.

Atrativos apontados

A liberação imediata do empréstimo que pode ser pago em 30, 60, 90 ou 180 dias, renováveis, somado as demais atrativos apontados leva uma gama de pessoas a utilizar o serviço feito em Manaus pela Caixa, em sete agências espalhadas na cidade. A viúva Terezinha de Jesus disse que há dez anos é usuária do penhor para manter o padrão de vida dos filhos. “Quando meu marido era vivo tínhamos uma boa conta bancária que encolheu nos últimos anos e, para manter meus filhos com o mesmo padrão, empenho minhas joias para manter as contas em dia”, contou. A reclamação da usuária com relação a essa modalidade de negócio é a taxa do valor de avaliação que ela considera baixo. “O grama de ouro está sendo pago na faixa de R$ 26 o que na minha opinião é pouco”, disse. Cleide Marinho de Souza também esteve na última sexta-feira na Caixa para resgatar 13,70 gramas de joias incluindo pulseira, anel e brincos, que havia deixado penhorados no mês passado. Por este valor ela recebeu a quantia de R$ 253. “Penhorei minhas joias porque a minha mãe foi roubada e precisou viajar em seguida”, confidenciou, ressaltando que esta foi a terceira vez que usou o penhor e que irá utilizá-lo sempre que houver necessidade porque é melhor do que emprestar a juros.

Motivos são os mais variados, diz consultor

Na avaliação do consultor econômico Raimundo Feitosa, que é ex-bancário e atualmente atua como operador do comércio exterior e representante de instituições financeiras internacionais, entre os motivos da procura pelo penhor estão problemas de saúde, dívidas contraídas, compra de bens em promoção, realização de negócio oportuno, entre outros. “Isso porque as taxas de juros são baixas”, comentou. Conforme a Caixa, na renovação, por exemplo, a taxa de juros varia de 1,9% a 2,25% ao mês.
O penhor, conforme o especialista, é uma das linhas de crédito mais tradicionais que existe; uma modalidade segura com liquidez imediata. O único problema nesta modalidade de empréstimo apontado por Feitosa é o fato da Caixa não exigir do cliente um comprovante, como nota fiscal, ou documento que identifique a propriedade da joia. “A metodologia da avaliação em torno de 10% do bem é pouca na minha avaliação”, disse.

Primeiro leilão

Para quem está pendurado com empréstimos do penhor, é bom ficar atento. A Caixa avisa que está programando um leilão –o primeiro do ano– para o próximo dia 17, na agência Vitória Régia, da rua Barrroso. Pelos cálculos do avaliador de joias da Caixa, são mais de 1,2 mil lotes de joias em ouro. O último leilão ocorreu em setembro do ano passado.
Vale ressaltar que o cliente do penhor tem prioridade em resgatar as joias até o início do leilão. Caso contrário, após o leilão, a Caixa abate do valor arrematado o débito e devolve a diferença ao cliente.
O assessor de comunicação da superintendência da Caixa Econômica em Manaus, Robert Roger, disse que normalmente no fim do ano é comum as pessoas resgatarem suas joias por conta do pagamento do 13º salário e das férias.
“Em março normalmente há uma maior demanda”, disse. Ele lembrou que a Caixa faz também o resgate do bem dado como garantia que poderá ser antecipado, com direito a desconto proporcional nos juros.
Segundo a Caixa, atrelada à facilidade de acesso ao crédito, a rapidez e os juros baixos, a atração pelo empréstimo do penhor de joias está no fato de não exigir avalista nem cadastro, já que a joia é a garantia do crédito. Basta levar a joia, documentos pessoais (carteira de identidade, CPF e um comprovante de residência –todos originais), fazer a avaliação e sair com o dinheiro.
O contrato do empréstimo pode ser renovado indefinidamente, apenas com o pagamento dos juros, que são apontados como um dos mais baixos do mercado.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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