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Monitoramento vai evitar abusos

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O monitoramento das tarifas hoteleiras durante os megaeventos esportivos no Brasil é tema recorrente nas discussões entre o setor e as autoridades responsáveis. Com a assinatura do termo de compromisso entre representantes da hotelaria e o MTur (Ministério do Turismo), a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) realiza ações conjuntas com o Ministério da Justiça para evitar a prática de preços abusivos. A intenção é que a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça) trabalhe para garantir a competitividade das tarifas praticadas pelos hotéis e que os serviços prestados atendam às exigências do Direito do Consumidor. O objetivo é alinhar as procedências entre diversos setores e áreas relacionadas ao turismo.
Segundo o presidente da Embratur, Flávio Dino os casos de abuso por parte de alguns hotéis e outros comércios similares, estão sendo relatados ao Procon, Cade e Ministério da Justiça. “Esse trabalho deve ser reforçado até a Copa de 2014”, avisou.
De acordo com a ABIH-AM (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Amazonas) não há motivos para preocupação com a ocupação dos apartamentos disponíveis na capital, nem com a cobrança de tarifa abusiva aos turistas que virão para o megaevento, por ser regulada pelo Ministério do Turismo e controlada pela FIFA (Federação Internacional de Futebol e Associados) neste período.
O presidente da ABIH-AM, Roberto Bulbol afirma que o setor não vai aproveitar esse momento para aumentar a tarifa de forma abusiva o aumento acontece naturalmente e com a anuência do Ministério do Turismo e da FIFA. “Vamos dar graças a Deus que vai ter movimento e que vai lotar nossos hotéis, o que já é grande motivo para comemorar e causar boa impressão aos turistas”, afirmou.
Agora é hora de aguardar a distribuição de apartamentos que são negociadas separadamente entre cada hotel credenciado para hospedar durante a Copa 2014 e a Match Services AG, companhia suíça contratada pela FIFA, responsável pela fixação dos preços. A empresa revende os quartos por meio de contratos confidenciais, firmados separadamente com 805 hotéis espalhados pelas 12 cidades-sedes e recebe uma comissão. O valor do repasse é sigiloso. Segundo o ministério do Turismo a variação de preços oscila 376% em um mesmo hotel.
Segundo a ABIH-AM o setor hoteleiro está vivendo um momento de comemoração após a definição do grupo mais cobiçado da 1ª Fase da Copa do Mundo 2014 vir disputar em Manaus. A nata do futebol mundial vai jogar na Arena da Amazônia Vivaldo Lima localizada na zona Centro-Sul da cidade-sede amazonense. Bulbol lembrou que existia anteriormente uma preocupação de quem vem jogar em Manaus. “Hoje nós temos a melhor chave da Copa com as seleções da Itália, Inglaterra, Portugal e Estados Unidos. Qual é o Estado que não que ia querer receber essa chave?”, comemorou. Para ele essa já é uma grande conquista e vai atrair movimento, os hotéis vão lotar nesse período.
Na opinião da presidente da ABAV-AM (Associação Brasileira das Agências de Viagem no Amazonas), Maria Helena Fonseca o momento é de discutir a questão de tarifas e disponibilidades de pacotes turísticos das agências que trabalham com a demanda do receptivo –turistas que pretendem vir a Manaus e do emissivo, também, quando os turistas residentes na capital amazonense procuram pacotes para assistir aos jogos da Copa 2014 em outras capitais que vão sediar o evento. “Estamos em reunião de fechamento para discutir a demanda do receptivo e emissivo de Manaus para as cidades-sedes”, informou.

Preocupação com efeito cascata em outros serviços

Flávio Dino ainda relatou que o governo tem duas principais preocupações em relação à explosão das diárias cobradas na rede hoteleira nacional. A primeira está no risco de um efeito dominó inflacionário em outros setores da cadeia produtiva do turismo. Ele teme que os hotéis que não estão no acordo de adesão com a Match Services, podem se sentir autorizados a reajustar tarifas em proporção semelhante. O mesmo poderia ocorrer com restaurantes e bares, por exemplo. “Seria um absurdo o país sediar um evento como esse e ficar como legado uma escalada inflacionária”, disse em agosto.
A segunda preocupação do governo é com o comprometimento do turismo. O receio é que o Brasil fique marcado internacionalmente como um destino turístico caro. “Essa situação compromete a sustentabilidade do turismo brasileiro”, alertou. Ele fez a comparação e concluiu que enquanto a tarifa média cobrada pela Match Services na final da Copa do Mundo na África do Sul foi de US$ 200 e na Alemanha US$ 300, já no Rio de Janeiro girava em torno de US$ 461 no site da empresa.
O MTur informou que acompanha a variação de valores da hotelaria nacional, com o objetivo de checar a oscilação de mercado. Assim, esse monitoramento permite o constante diálogo com o setor. A verificação de possíveis abusos contra o consumidor e a criação de alternativas para os turistas, como a indicação de meios não convencionais de hospedagem, como as disponíveis no site do órgão.
O MTur convidou as secretárias de Estado envolvidas na questão de hospedagem para a Copa 2014, para discutir o comportamento das tarifas durante a realização do evento. O encontro é uma prévia para avaliação do preço médio praticado em cada cidade-sede, foi agendado para acontecer nesta segunda-feira (16), contando com a presença da presidente da Amazonastur, Oreni Braga. Ao todo, serão ofertados 19 mil quartos a mais na rede hoteleira para atender a demanda do megaevento, nas cidades-sede do mundial.
Para o economista Alex Del Gíglio é normal que os preços das tarifas e de outros serviços afins, subam durante eventos específicos como a Copa do Mundo e as altas estações de férias, por exemplo, “quando a oferta é menor que a demanda os preços tendem a subir dentro de um patamar predeterminado e depois volta naturalmente a baixar, este é um momento pontual onde o aumento no preço não vai ser absorvido pela economia”, explicou.
Gíglio avalia o atual cenário econômico com cautela, para que o excesso de otimismo com a proximidade de um grande evento internacional, não venha a causar um desequilíbrio no mercado interno resultando em descontrole na cobrança dos serviços e produtos básicos, que poderá causar má impressão aos turistas, que neste caso, deixaram de voltar em outras ocasiões e ainda agravar mais, propagando de forma negativa as cidades-sedes brasileiras. “No Brasil, e aí não é um problema de Manaus, é um país que não tem um turismo relevante dentro do PIB (Produto Interno Bruto), ao contrário da Alemanha e da França, por exemplo, depois de sediar a Copa do Mundo soube aproveitar a rede hoteleira, e tudo que foi criado em infraestrutura. Provavelmente no Brasil vão se criar alguns elefantes brancos, infelizmente”, analisou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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