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Monitoramento mostra que subida das águas neste ano está mais lenta na comparação com 2023

Diferente do ano passado, a intensidade de subida do nível dos rios Negro, Solimões e Amazonas  devem apresentar ritmo mais lento. O comportamento das águas confirmam as previsões do 1º Alerta de Cheias do Amazonas divulgado em maio pelo SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil), mostrando as previsões considerando as áreas que abrangem os municípios de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins. 

Conforme a pesquisadora em geociências do Serviço Geológico do Brasil, Jussara Cury que, em Manaus, responde pelo SAH (Sistema de Alerta Hidrológico) do Amazonas, para este ano, esperamos que as cotas máximas dos rios do Amazonas fiquem muito próximas às médias históricas em Manaus e Manacapuru. Em Itacoatiara e Parintins, as projeções indicam níveis abaixo do esperado para época e sem ultrapassar a cota de inundação”, explicou a pesquisadora em geociências do SGB Jussara Cury. “Podemos destacar, por meio dos modelos de previsão, que a cheia de 2024 no Amazonas não será de grande magnitude”, completou.

Esse cenário é resultado da seca severa que afetou a região em 2023 e das chuvas abaixo da média, que têm dificultado a recuperação dos rios. “Esse último ano foi um ano de seca severa na Região da Amazônia, com grandes prejuízos para a navegação, o setor produtivo e também para a biota aquática”, ressaltou a diretora de Hidrologia e Gestão Territorial, Alice Castilho.

Segundo as previsões (com 80% de intervalo de confiança), o Rio Negro deve atingir 27,21 m em Manaus, com possibilidade de chegar à máxima de 28,01 m. “O que representa uma cheia dentro da normalidade”, observou a pesquisadora Jussara Cury. A probabilidade de superar a cota de inundação (27,5 m) é de 32%. Para a cota de inundação severa (29 m), essa probabilidade é de 17,03%, e a chance de chegar à cota máxima (30,02 m em 2021), é de 0,02%.

Já em Manacapuru (AM), o Rio Solimões deve ficar na marca de 18,31 m, com possibilidade de variar até 19,01 m. De acordo com o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio alcance a cota de inundação (18,20 m) é de 58%, e a de inundação severa (19,60 m) é de 6,5%. A chance de superar a cota máxima (20,86 m em 2021) é baixa.

Para Itacoatiara (AM), a previsão é que o Rio Amazonas atinja 13,06 m, com possibilidade de chegar à máxima de 13,57 m. A probabilidade de superar a cota de inundação (14 m) é de 29%, e a cota de inundação severa (14,2 m) é de 4,1%. Segundo os modelos de previsão, é muito baixa a probabilidade de superar a cota máxima (15,2 m em 2021).

Em Parintins, o Amazonas deve atingir 7,14 m, com possibilidade de chegar à máxima de 7,58 m. “A probabilidade de superar a inundação (8,43 m) é de 0,46% e mais baixa ainda de superar inundação severa (9,3 m) e a máxima (9,47 m em 2021)”, disse Jussara Cury durante o 1º Alerta de Cheias do Amazonas.

As previsões climatológicas, divulgadas pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), indicam que as chuvas na Região Amazônica podem retornar à normalidade com o fim do El Niño. A chegada do fenômeno climático, em junho do ano passado, alterou os padrões de chuva no país.

“O El Niño está em declínio e cada vez mais fraco. A previsão para o próximo trimestre, de abril a junho, é de chuva dentro da normalidade em boa parte da Amazônia Legal”, afirmou o meteorologista do Censipam Gustavo Ribeiro. No noroeste do Amazonas, na região da Cabeça do Cachorro, no Alto Rio Negro, as projeções indicam chuvas acima da média.

No final do semestre, haverá um período de neutralidade, isto é, sem a presença de fenômenos climáticos. “No segundo semestre do ano, a maioria dos modelos indicam uma possível chance de termos La Niña, que é o inverso do El Niño e intensifica as chuvas na Amazônia”.

Por dentro

Em 2023, o 1º Alerta de Cheias do Amazonas de 2023 indicava que os níveis dos rios  nos referidos municípios, onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas, chegariam às cotas de inundação durante o pico, que ocorre entre maio e junho. 

O SGB previu que Manaus registraria uma cheia de grandes proporções em 2023. A previsão era de que o Rio Negro chegasse a aproximadamente 28,64 metros.

Alívio

A boa notícia traz alívio para os comerciantes do Centro de Manaus, especialmente para quem atua na área em torno da rua Barés, localizada próximo a região da feira da Manaus Moderna, um dos primeiros  locais que sentem o reflexo da subida das águas no período do inverno. As cheias representam perdas de 30%, pois quando atinge o nível de transbordamento impacta o fluxo de clientes, além da atividade de carga e descarga de mercadorias que também são afetadas porque não tem condições de estacionar para abastecer.

A subida das águas, além de ser um custo para os comerciantes e feirantes o movimento diminui de maneira significativa. Os negócios da orla são prejudicados. Quando as intensas chuvas comprometem o comércio em razão da subida do rio, o setor contabiliza perdas entre 50% a 100%, além de muitos empresários suspenderem as atividades em função da cheia.  

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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