Pesquisar
Close this search box.

Micro e pequenas mantêm liderança na geração de empregos com carteira assinada no AM

As micro e pequenas empresas começaram 2024 novamente na liderança de geração de empregos com carteira assinada no Amazonas. Em janeiro, as MPEs responderam por 76,89% da oferta de oportunidades profissionais em âmbito local, ao abrirem 812 de um total de 1.056 vagas. O resultado veio após um dezembro de cortes generalizados – e sazonais – no Estado. Desta vez, o impulso veio dos serviços e da construção, em um mês negativo para o comércio. Embora tenha sido a segunda maior empregadora, a indústria teve a maior parte de sua oferta oriunda das MGEs (médias e grandes empresas).

Mas, a quantidade de postos de trabalho formais gerada pelos pequenos negócios do Amazonas em janeiro de 2024, foi a mais baixa dos últimos 13 meses. O saldo não foi suficiente para suprir a perda de vagas amargada em dezembro (-1.812). Também veio praticamente estagnado (-0,85%) na comparação com o primeiro mês de 2023 (+819). Foi o pior número da série histórica dos últimos 13 meses, superando setembro de 2023 (+1.203). É o que revelam os dados extraídos do boletim do Sebrae elaborado a partir dos números do Novo Caged.

A mesma base de dados aponta que a performance per capta das MPEs locais melhorou na virada de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, com 5,28 empregos celetistas a cada mil gerados. Com isso, o Estado conseguiu subir da 17ª para a 15ª posição do ranking brasileiro, mas ficou atrás das médias nacional (5,87 p/mil) e da região Norte (5,36 p/mil). Mato Grosso (17,07 p/mil) e Rio de Janeiro (0,35 p/mil) ficaram nos extremos da lista. A performance mais amena veio após o Amazonas emplacar o quarto melhor resultado do país em 2023 (103,37 p/mil) – mas, já oscilando sob o peso dos juros e da crise da vazante. 

Em janeiro, o conjunto da economia brasileira somou 180.395 postos de trabalho. As pessoas jurídicas de pequeno porte geraram 62,31% desse total (+112.398) e, diferente do ocorrido no Amazonas, experimentaram uma escalada de 51,71% na comparação com o primeiro mês de 2023 (74.087). A oferta veio principalmente dos serviços (+53.218), da construção (+36.579) e da indústria da transformação (+33.181). As mesmas atividades também alimentaram o sado das MGEs, com acréscimos respectivos de 21.848, 12.752 e 32.896 vagas.

Serviços e construção

Assim como ocorrido nos números globais do Estado, os serviços responderam pela maior parte dos empregos com carteira assinada gerados pelas MPEs amazonenses, em janeiro. Foram criadas 643 ocupações formais, compensando as 475 vagas fechadas em dezembro. Os resultados foram pulverizados por diversas CNAEs, com destaque para locação de mão de obra temporária (+15) e principalmente serviços derivados de outros setores, como abate de reses” (+234) e “serviços combinados para apoio a edifícios, exceto condomínios prediais” (+66). 

A construção contribuiu com 94 novos postos de trabalho no Amazonas, sendo que todos foram gerados a partir de pessoas jurídicas de pequeno porte. A principal contribuição veio da atividade de construção de edifícios (+108). A indústria de transformação (+350) compareceu com a segunda maior oferta das MPEs, graças às linhas de produção de componentes eletrônicos (+16), de motocicletas (+9) e de aparelhos de ar condicionado (+2), entre outras. A geração de empregos do setor, entretanto, foi duas vezes maior entre as companhias amazonenses de maior porte (+759). 

Em janeiro, a lista dos segmentos que demitiram mais do que contrataram foi encabeçada pelo comércio (-255) – que também ficou no vermelho no lado das MGEs (-484). Na contramão, a atividade de “comércio varejista de produtos alimentícios” (+225) teve saldo positivo. Os desligamentos predominaram também nos setores de indústria extrativa mineral (-10), SIUP/Serviços Industriais de Utilidade Pública (-3) e agropecuária (-7).

“Novos mercados”

Em texto postado no site da Agência de Notícias Sebrae, o presidente do Sebrae, Décio Lima, disse que os números de janeiro confirmam o papel de destaque dos pequenos negócios para e “os acertos extraordinários da política do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin”. O dirigente ressaltou também que o setor precisa contar com o apoio de políticas públicas, seja no crédito, seja no desenvolvimento dos seus negócios. 

“É a confirmação daquela frase que o presidente tem destacado permanentemente: ‘incluir o povo no orçamento’. A atuação das MPE está permitindo que o Brasil possa sair rapidamente do mapa da fome”, declarou. “Para todos os países do continente americano, o Brasil é o gigante, o bom exemplo e o Sebrae está trabalhando junto à OEA [Organização dos Estados Americanos] e a outros organismos para abrir novos mercados”, emendou. 

“Situação preocupante”

A gerente da unidade de Gestão e Estratégia do Sebrae-AM, Socorro Correa, destacou à reportagem do Jornal do Commercio que os dados do levantamento apontam para uma “situação é preocupante”. “O Amazonas teve uma recuperação em relação à dezembro de 2023, mas foi inferior ao saldo do Amapá, por exemplo. Não temos dados para afirmar com certeza quais são os fatores determinantes. Mas, podemos citar endividamento das empresas e falta de investimentos, que estão relacionados aos juros altos. A expectativa é que haja uma melhora a partir de março e abril”, ponderou.

O coordenador de Acesso a Crédito pelo Sebrae-AM, Evanildo Pantoja, se mostra mais otimista relação ao papel do empreendedorismo na economia nacional. “As contratações em nossa economia, em sua maioria, são realizadas pelas MPE’s e continuarão sendo assim, cada vez mais. Nos últimos anos, vem havendo um crescimento na atuação dos pequenos negócios em todas as áreas, incluindo indústria e comercio, mas principalmente em serviços”, avaliou.

O executivo lembrou que janeiro e fevereiro normalmente são meses sazonalmente fracos para o comercio, por exemplo, que é um dos setores que costumam carrear a oferta de empregos nas MPEs do Amazonas. Ele enfatiza, contudo, que as vendas do varejo já saíram de um patamar abaixo do esperado no final de ano, gerando um “sentimento de frustação” entre os empresários, apesar de a economia estar apresentando bons números, “segundo o governo”.

“O consumo das famílias ainda está tímido e o mercado continua cauteloso, o que justifica o comércio não estar tendo grandes números de contratações. Já a indústria teve um leve aumento, e vem apostando no retorno deste crescimento com a queda dos juros da Selic. O investimento em infraestrutura deve ter um aumento real de 7% segundo dados da FGV o que, na minha opinião, justifica as contratações realizadas pelo setor de serviços”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar