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Mercado da música é bom negócio

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Notícia boa logo no início do ano. O mercado de instrumentos musicais, especificamente o de fabricação de instrumentos musicais, está em alta em Manaus. E já faz algum tempo. Que o digam os luthiers surgidos nos últimos anos na capital amazonense.

Márcio Costa é músico. Toca cavaquinho, samba e choro, há mais de 20 anos, desde que tinha 15 anos de idade. De músico ele se tornou luthier. “A grande dificuldade, até hoje, em Manaus, é encontrar bons instrumentos. Imagine há 20 anos. O músico, aquele que tem ouvido absoluto, sabe muito bem disso. Foi por isso que resolvi me tornar luthier, para eu mesmo fazer meus instrumentos, do jeito que eu achar melhor”, contou.

Márcio deu aulas de cavaquinho na Escala Escola de Música por mais de dez anos. “Um dia, em 2001, apareceram lá algumas pessoas da Oela (Oficina Escola de Luheria da Amazônia) atrás de professores interessados em dar aulas na ONG. Eu fui, mas em troca do pagamento, queria aprender a arte da lutheria, e eles concordaram. Me formei em 2003 e continuei na Oela, como professor”, recordou.

Os cursos de lutheria na Oela demoram, em média, um ano e meio a dois anos, e ensinam a fabricar instrumentos musicais de cordas dedilhadas e caixa de ressonância, com uso de madeiras amazônicas manejadas e certificadas.

“Dei aulas no Oela até 2007, e continuei dando aulas na Escala até 2011. A produção de instrumentos eu comecei na minha casa, desde que me formei, e lá fiquei até 2014 quando abri a luthieria Márcio Costa aqui na Leonardo Malcher”, falou.

“Antes eu era bastante conhecido entre os músicos de Manaus, apesar de não pertencer a nenhum grupo. Era chamado por eles quando precisavam de alguém pra tocar cavaquinho. Agora, também, sou conhecido como luthier. O segredo desse reconhecimento é você se dedicar e gostar do que faz, atitudes que pratico com as duas artes: ser músico e luthier”, destacou.

Madeiras amazônicas

Márcio confirma que o mercado de instrumentos está indo muito bem em Manaus. “Surgiram faculdades de música, além dos conservatórios e escolas, todas produzindo novos músicos, sem falar dos que já são músicos. Os alunos que se formam criam bandas, orquestras de câmara, a UEA tem uma orquestra, o Estado tem a filarmônica, e o músico profissional sempre está atrás do instrumento perfeito”, disse.

“Uma pessoa que não tenha ouvido absoluto, e que está começando na música porque acha bonito, vai comprar um instrumento pela beleza. Já quem tem ouvido absoluto, compra pelo som que o instrumento produz. Se eu fizer dez violões, por exemplo, nenhum vai ter o mesmo som do outro”, afirmou.

Márcio disse ser capaz de fazer qualquer instrumento de corda, desde que tenha as especificações, mas na sua luthieria os mais pedidos são o violão, a guitarra, o cavaquinho e o baixo. “Destes, o mais fácil de fazer é a guitarra, diria porque é um ‘pau’ com cordas do qual você aprende a tirar o som, agora o mais difícil é o violão, porque o que dá a boa sonoridade nesse instrumento são as madeiras especiais do qual é feito”, ensinou.

O luthier usa madeiras de outras regiões do país, e até do exterior, na confecção dos instrumentos, mas afirmou que existem diversas madeiras amazônicas excelentes para tal. “Tem a macacaúba, o pau-rainha e o tauari, usados na lateral e no fundo dos instrumentos; o cedro, para o braço; e o marupá, para a tampa”, listou.

Quanto aos preços, Márcio falou que um violão saído de suas mãos custa a partir de R$ 4.000. “Na loja podem ser encontrados a partir de R$ 1.500, mas é aquilo que falei antes. Na maioria das vezes só tem beleza, principalmente os chineses”, alertou.

Sobre a frequente procura pelos seus instrumentos, Márcio explicou. “O músico profissional sempre quer um novo instrumento. Tenho um cliente, o mais profícuo entre todos, que já me comprou 16 cavaquinhos. O mais recente aprontei há pouco. É aquilo que falei sobre o ouvido absoluto. Cada um dos cavaquinhos tem uma sonoridade, que ele deve perceber muito bem. Mas tenho outros clientes que já encomendaram três, quatro violões, sem falar dos clientes novos. Sempre tem cliente novo aqui na loja, comprando seu instrumento artesanal pela primeira vez”, garantiu. Uma curiosidade na luthieria de Márcio é um cavaquinho feito por Rochinha e levado até ele para ser restaurado.

Rochinha foi o luthier mais famoso de Manaus durante as décadas de 1950 e 1980, quando teve um AVC e parou de produzir instrumentos. “Não conheci o Rochinha pessoalmente, mas ouvia falar dele. Já restaurei três violões e agora esse cavaquinho, feitos por esse mestre”, recordou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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