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Entrevista: Oscip quer ajudar municípios do interior do Estado

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Inserir o jovem do interior do Amazonas no mundo tecnológico, rapidamente mutável, no qual vivemos já há alguns anos. Esse é o objetivo principal do projeto ‘Amazonas sem Fronteiras’ proposto pela Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) amazonense Sister Special idealizado e efetivado pela psicóloga Vania Leime Fernandes e pelo professor André Ricardo Nascimento. Em entrevista ao Jornal do Commercio, Vania Leime Fernandes, presidente da Oscip, detalhou melhor o andamento do projeto.

Jornal do Commercio – Fale sobre a Sister Special e por que resolveu atuar no Amazonas?

Vania Leime Fernandes – A Sister Special foi pensada e nasceu no Amazonas. O que está acontecendo é que ela está indo de Manaus para o interior e para outros Estados do Brasil, como São Paulo e Minas Gerais. A Sister Special é uma Oscip de Manaus, que foi sistematizada para formar e capacitar pessoas com deficiência e jovens em vulnerabilidade social para conseguirem empregos formais nas empresas do PIM (Polo Industrial de Manaus) e/ou empreender na área da tecnologia. Acreditamos que somente a tecnologia eleva as oportunidades e traz a possibilidade dessas pessoas serem incluídas por competência, que inclusive é o nosso lema: ‘inclusão por competência’.

JC – Quando teve início o projeto ‘Amazonas sem Fronteiras’?

VLF – O ‘Amazonas sem Fronteiras’ acabou de ser lançado e a primeira turma vai iniciar com 40 alunos, em março de 2018, no município de Juruá. Iremos iniciar a primeira turma daqui a dois meses, e temos certeza que ele será uma grande conquista para o interior do Amazonas. Sabemos que ainda temos muito a trabalhar, mas diversas parcerias internacionais e nacionais, com instituições de ponta em tecnologia, serão agregadas ao mesmo, o que será de grande importância para o projeto.

JC – Atualmente o projeto está sendo desenvolvido em quais municípios e já atinge quantos jovens?

VLF – A Sister Special atua com o projeto Academia Sister com dois cursos: Técnico em Meio Ambiente e Técnico em Análise de Sistemas, e os alunos são aprendizes pagos pelas empresas do PIM, de acordo com a Lei de Aprendizagem. Além de Manaus, a Academia Sister funciona em São Paulo e Belo Horizonte e já formou 105 pessoas com deficiência. Manaus vai iniciar as próximas turmas em parceria com a Adcam (Associação para o Desenvolvimento Coesivo da Amazônia).

JC – De que forma esses jovens são apoiados pelo projeto?

VLF – Eles recebem apoio logístico e de aulas presenciais. As aulas presenciais, com mestres e especialistas, serão filmadas e os monitores acompanharão individualmente os alunos, além de estarem presentes no suporte, no momento da interatividade. Além da formação técnica e tecnológica, os alunos aprenderão o que denominamos Inteligência Social e Ética e Cidadania, reforço de português, matemática, e empreendedorismo.

JC – Por que o projeto teve início em Juruá?

VLF – O município de Juruá foi um dos primeiros procurados, e logo se interessou, apoiou e entendeu a grande oportunidade que o projeto representaria para a população. No entanto outros oito municípios também mostraram interesse e, com certeza irão ser bons parceiros.

JC – Quais as maiores dificuldades encontradas por vocês para desenvolver o ‘Amazonas sem Fronteiras’?

VLF – A enorme distância de Juruá a Manaus e dos outros municípios envolvidos é a principal dificuldade, mas o interior do Amazonas tem aproximadamente 300 mil pessoas com deficiência e quase 1 milhão delas vivendo distante das oportunidades de ensino formal e de empregos formais ou renda continuada, completando com a falta de estrutura logística e de conhecimento tecnológico. Mas, tudo bem. Essas dificuldades serão os grandes balizadores dos índices indicativos das conquistas no final desse ano, e daqui a dez anos. O desafio é que nos move. Esta é a grande beleza.

Investindo no futuro

A cidade sede de Juruá tem realidade comum aos demais municípios abrangidos pelo projeto. Ao todo, cerca de 100 mil pessoas deverão ser impactadas diretamente. Devido à vastidão territorial do Amazonas, o projeto vai chegar a municípios que distam 551 km em linha reta da cidade de Juruá, a qual fica a 672 km de Manaus.

Há municípios que demoram até 20 dias para chegar a Manaus, de barco. Quando falamos do Amazonas, estamos falando de distâncias enormes que mesmo de carro levaria horas de viagem para atravessar tamanha extensão.

O 1º Centro de Educação Tecnológica será instalado em um prédio de 600 m², já construído no município de Juruá e em fase de acabamento, que irá abrigar o hub central do projeto. Este centro ligará as comunidades por meio dos oito subpolos, formando assim um Corredor de TI em pleno Amazonas.

Os cursos irão suprir uma demanda existente no mercado de trabalho por profissionais especializados nas referidas áreas e que podem trabalhar à distância, vivendo em suas próprias regiões e comunidades. O amplo campo de atuação do Técnico em Análise e Desenvolvimento de Sistemas envolve a prestação de serviços como Consultor Estratégico em Tecnologia da Informação, Gestor de Segurança em TI e Projetista de Soluções em TI. Os cursos terão a duração de 24 meses e 2.920 horas-aula, autorizados pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

No final do curso, estes alunos estarão aptos a atuarem com consultoria e gestão de TI, desenvolvimento de sistemas, softwares, aplicativos, serviços e soluções, com visão de IoT (Internet das Coisas), área crucial ao desenvolvimento dos países nos próximos anos. Além de gerenciamento, segurança e implantação de redes, sites dentre outras soluções tecnológicas e áreas de atuação possíveis com esta formação técnica.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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