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Memórias do Clube da Madrugada

Sessenta anos não são sessenta dias. Ainda assim o Clube da Madrugada permanece vivo, senão através dos últimos remanescentes daquele movimento iniciado em 22 de novembro de 1954 por alguns jovens amantes da literatura, bem como por trabalhos publicados ao longo dos anos, contando a história do Clube, como agora o CD- Livro Lira da Madrugada, de autoria de Zemaria Pinto e Mauri Mrq, que será lançado no dia 14, sábado, às 10 horas, na Academia Amazonense de Letras.
Depois de 15 anos sendo gestado como um projeto de união entre poesia e música, finalmente o CD-Livro materializou-se, produzido pelo artista e compositor Mauri Mrq com a colaboração do escritor Zemaria Pinto e mais um time de especialistas, como o maestro Joca Costa, além dos músicos envolvidos no projeto. Até a data do lançamento foi especialmente escolhida para o evento: 14 de março, Dia Nacional da Poesia, marcado pelo 168° aniversário de nascimento do poeta Castro Alves.
Pode-se dizer que Lira da Madrugada é um três em um, pois reúne o CD, com 16 canções criadas a partir do trabalho de 15 poetas, todos eles ligados de alguma maneira ao Clube da Madrugada; o livro com a história do projeto e a trajetória de Mauri Mrq, além das cifras das músicas que estão no CD; e um segundo livro, contendo uma análise da formação histórica do Clube da Madrugada, mais a reprodução integral, pela primeira vez em livro, do “Manifesto Madrugada”, de 1955, e uma análise didática dos poemas musicados. O projeto gráfico de Rômulo Nascimento junta os três produtos num só objeto.
A escolha dos poemas foi do próprio Mauri Mrq, para quem “cada poema já tem sua música própria, imaginada pelo poeta. Cabe ao compositor descobri-la”. Thiago de Mello, que não participou da fundação do Clube, pois já se radicara no Rio de Janeiro, é o mais velho dos poetas enfocados. O mais jovem é Max Carphentier, da terceira geração do Clube, que começou a publicar na década de 1970. Entre eles estão os já falecidos Anísio Mello, Luiz Bacellar, Antísthenes Pinto, Farias de Carvalho, Alencar e Silva, L. Ruas, Alcides Werk e Ernesto Penafort. Dos remanescentes do Clube, além dos dois primeiros citados, estão Moacir Andrade, Almir Diniz, Jorge Tufic, Elson Farias e Astrid Cabral.

Já ficou pra história
Para Zemaria Pinto, o Clube da Madrugada já ficou para a história. “Os remanescentes, como Jorge Tufic, Elson Farias, Astrid Cabral e Max Carphentier continuam produtivos. Há até um movimento, ainda tímido, para reativar o Clube. Mas é algo que deve ser discutido. Na minha opinião, o Clube da Madrugada cumpriu sua função histórica”.
Zemaria é mestre em Estudos Literários e especialista em Literatura Brasileira, já tendo publicado 18 livros em gêneros diversos e explica porque fica difícil o retorno do Clube da Madrugada. “Os tempos são outros. Naquela época, o jovem só tinha duas saídas: o porto e o aeroporto. Ficar em Manaus, significava entregar-se à modorra intelectual, abdicando de qualquer futuro. Muita gente do Clube foi embora, como Thiago de Mello, Anísio Mello, Antísthenes Pinto, Luiz Bacellar. Outros, como Jorge Tufic, Farias de Carvalho, Alencar e Silva, viajaram para conhecer outras realidades, mas voltaram logo. Quando o Clube foi fundado, a motivação era mudar o Amazonas pelo conhecimento – fortalecer as artes, a literatura, mas também a economia e os estudos sociais. Hoje, temos duas grandes universidades e muitos cursos universitários particulares. Há muitos grupos de jovens também, com espírito parecido com o do Clube, atuando, porém, cada um no seu segmento específico”, concluiu.
E explicou o porque Lira da Madrugada é importante para a história do Clube da Madrugada. “Em primeiro lugar porque ele busca manter viva a memória desse que foi o maior movimento cultural do Amazonas. Em segundo lugar, porque traz para as novas gerações a produção de parte do grupo (os poetas), mostrando que, sobretudo, eles tinham qualidade. A maior marca do artista, além da sua habilidade e conhecimento, é o talento. Isso o pessoal do Clube tinha de sobra”.

Serviço
O quê? Lançamento do CD Livro Lira da Madrugada
Onde? Academia Amazonense de Letras
Quando? Dia 14, sábado, a partir das 10 horas
Informações: (92) 3234-0584

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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