Especialista defende menos barreiras para maior produtividade das pequenas empresas
Empresas brasileiras modelares no que se refere à gestão e produtividade, casos da Natura e da AB Inbev, só poderão ser copiadas pelas pequenas quando o país vencer os desafios na economia. É necessário, primeiro, fazer o ajuste fiscal e resgatar a estabilidade. É o que diz o carioca José Alexandre Scheinkman, professor de economia na Universidade Columbia.
Na sequência, será preciso investir em infraestrutura, retirar barreiras ao comércio internacional, acabar com o protecionismo e fazer a reforma tributária. São medidas que requerem tempo e esforço político -mas, sem elas, as pequenas empresas não conseguirão ter condições para aumentar a produtividade.
Segundo ele, o próprio ajuste fiscal -que faz o governo ter menos recursos para proteger setores -pode acabar ajudando a melhorar a produtividade no Brasil. O especialista foi um dos palestrantes do 7º Congresso Internacional dos Mercados Financeiro e de Capitais da BM&FBovespa, que aconteceu no fim de agosto em Campos do Jordão (SP).
No evento, Scheinkman também se mostrou preocupado com os rumos da economia brasileira. “O Brasil já tem 50% de chances de perder o grau de investimento”, disse. “É uma situação na qual não dá para ficar tranquilo. Vários investidores institucionais, que têm papéis brasileiros, já começam a se desfazer deles. Hoje, qualquer empresa brasileira que precisa levantar capital lá fora encontra certa relutância”, disse.
A produtividade é medida pela fabricação de um produto por unidade de insumo. Outra forma de medir é a quantidade de produto por trabalhador. “A cultura de gestão no Brasil é muito forte, mas infelizmente ainda não baixou para as firmas menores. E isso não é culpa dessas empresas, mas do ambiente em que elas trabalham, que não é condutivo a práticas de gestão. O que falta ao brasileiro é ter um ambiente econômico melhor. Quando isso melhorar, naturalmente as firmas pequenas serão bem geridas”, disse.