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Rebanho bovino do AM avança acima da média nacional, segundo o IBGE

Reportagem: Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori

O Amazonas registrou novo avanço nos rebanhos de grande porte, no ano passado, apesar da pandemia e da cheia recorde. A alta foi de 3,9%, elevando o total para 1,50 milhão de cabeças. Foi um crescimento acima da média nacional, que bateu recorde e somou 224,60 milhões de cabeças, subindo 3,1%. O salto do Estado foi ainda maior no efetivo de bubalinos ou búfalos, que escalou 20,8%, somou 109.72 cabeças e já aparece como o quarto maior do Brasil. Mas, o efetivo de equinos (29.348 cabeças) manteve estabilidade.

A tendência geral também foi de estagnação para a produção leiteira. Quarto maior produtor de leite no país, o Amazonas contou com 91.787 vacas ordenhadas e 43,77 milhões de litros de leite, gerando produtividade de 476,80 litros/vaca/ano e R$ 75,65 milhões em valores de produção. O mesmo pode ser dito de rebanhos de médio porte, como suínos (81.413 cabeças) e caprinos (15.233), embora o efetivo ovino (38.858) tenha encolhido 4,82%. É o que revelam os dados da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), do IBGE.

O valor de produção da  pecuária chegou a R$ 91,40 bilhões em todo o país, sendo que a produção de leite concentrou 74,5% dessa soma. O rebanho bovino brasileiro cresceu pelo terceiro ano consecutivo e alcançou número recorde da série histórica. O Centro-Oeste (75,4 milhões) se manteve com o maior plantel e foi responsável por 33,6% do rebanho nacional, com Mato Grosso (14,4%) e Goiás (10,8%) nas primeiras posições..  

O Norte (55,7 milhões) segue em expansão e teve o maior aumento quantitativo, correspondendo a 24,8% do total nacional. Foi sustentando principalmente pelo Pará, tanto que o ranking municipal foi encabeçado por São Félix do Xingu (PA), com 2,5 milhões de cabeças. Embora tenha crescido acima da média nacional, o Amazonas ficou à frente apenas de Roraima (937.989) e Amapá (52.768), em termos absolutos. Os efetivos amazonenses estão principalmente em Lábrea (328.300), Boca do Acre (235.000), Apuí (168.000), Manicoré (133.250) e Parintins (50.200), todos com altas anuais.

O Estado escalou mesmo no efetivo de bubalinos (+20,8%), atingindo 109.720 (2021) cabeças, e ficando atrás apenas de Pará (619.993) e Amapá (312.189). A produção se concentrou em Autazes, Itacoatiara, Careiro da Várzea, Barreirinha e Borba. O rebanho de equinos (29.348), por outro lado, estacionou e ganhou apenas do Amapá.

Suínos e leite

A estabilidade também marcou o desempenho do gado de médio porte. Foram contabilizadas 81.413 cabeças de suínos no Amazonas, número próximo ao de 2020 (81.877). Em contraste, a média nacional (42,5 milhões) cresceu 3,2%. Os maiores efetivos estaduais se concentraram em Rio Preto da Eva (7.892), Apuí (7.300), Parintins (6.100), Envira (6.100) e Autazes (4.700). O Estado aparece no antepenúltimo lugar do ranking do Norte, ganhando apenas de Roraima (79.590) e Amapá (28.919). 

A quantidade de caprinos (15.355) também se manteve igual, embora o Amazonas mantenha a vice-liderança no Norte – atrás apenas do Pará (77.707). O pior desempenho veio do rebanho ovino (38.858), que retraiu 4,82%, para 38.858 (2021), e ficou atrás dos plantéis de Roraima (27.336) e Amapá (2.644). 

Já a produção leiteira do Amazonas (43,77 milhões de litros) acompanhou o dado brasileiro (35,30 bilhões), ao também empatar com 2020. O preço médio nacional pago ao produtor por litro (R$ 1,93) subiu 21%, fazendo o valor global da produção chegar a R$ 68,20 bilhões. O leite produzido no Amazonas somou R$ 75,65 milhões e representou 0,1% do total do país, colocando o Estado na quarta posição do ranking regional. A oferta veio principalmente de Autazes (12 milhões e R$ 20,4 milhões), Careiro da Várzea (7,90 milhões e R$ 12,60 milhões), Apuí (5,50 milhões e R$ 6,60 milhões), Parintins (3,43 milhões e R$ 7,2 milhões) e Boca do Acre (2,54 milhões e R$ 4,70 milhões).

“Fator logístico”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça à reportagem do Jornal do Commercio que, embora ainda apareça como apenas o quinto maior produtor da região Norte, o Amazonas registra crescimento em seu rebanho bovino desde 2015. “Os municípios do Sul do Estado mantêm seus plantéis em ascensão, voltados para a produção de carne. Os fatores vizinhança e logístico têm sido preponderantes para o desempenho da região que, com o tempo desbancou o Baixo Amazonas – quando outrora Parintins liderava o rebanho estadual”, observou. 

O pesquisador ressalta que a criação de búfalos também vem aumentando e alcançou o maior número desde 2010. Nas demais categorias, a demanda teria contribuído para a estabilização. “Os municípios da Região Metropolitana de Manaus lideram a criação, favorecidos pela extensão de seus campos de várzea. Equinos e suínos não tiveram grandes alterações, indicando que esses animais ainda não tiveram abertura de mercado para alavancar sua criação”, analisou.

“Cenário desafiador”

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, a analista da pesquisa, Mariana Oliveira, 2021 foi marcado pela retenção de fêmeas para produção de bezerros em todo o país, após a queda no abate de bovino pela falta de animais disponíveis. A pesquisadora explica que o aumento na casa de dois dígitos no valor de produção do leite foi uma tentativa dos pecuaristas brasileiros de acompanhar o aumento dos custos de produção.

Mariana Oliveira acrescenta que a produção nacional de suínos atingiu recorde, mesmo diante dos “aumentos históricos” nos preços dos insumos “Foi um cenário desafiador aos produtores, principalmente os independentes. Mas, o abate cresceu, e as exportações seguiram aquecidas, atingindo recordes em volume e faturamento”, ressaltou.

“Livre de aftosa”

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, assinalou à reportagem do Jornal do Commercio que os números do IBGE estão dentro do esperado. “O aumento do rebanho bovino ocorreu principalmente na pecuária de corte e sobretudo em decorrência da obtenção do status sanitário de livre de aftosa sem vacinação, para 14 municípios amazonenses”, destacou.

De acordo com o dirigente, a pandemia e as cheias têm sido fatores negativos para a pecuária, pressionando o custo de produção e diminuindo a receitas. Ele lembra que a atividade se ressente também de dificuldades para a ampliar o rebanho, em virtude da “legislação ambiental restritiva”, e de carências na regularização fundiária e de infraestrutura. Mas ressalva que o segmento ainda mostra potencial para crescer.

“A produção ainda fica toda no Amazonas, apesar de recentemente um frigorífico de Boca do Acre ter obtido o selo Sisbi [Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal] que permitirá a venda a outros Estados. A expectativa é que noss pecuária possa continuar crescendo. Sobretudo para que o Estado diminua sua dependência de importação de carne e, com isso, a atividade possa ter mais participação econômica e na geração de emprego e renda”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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