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Mais 1.655 empregos no AM

Serviços e comércio puxaram os números de empregos com carteira assinada para cima, segundo o “Novo Caged”

O Amazonas criou 1.655 empregos com carteira assinada, em março. As admissões (+18.049) superaram as demissões (-16.394), permitindo acréscimo de 0,37% sobre o estoque anterior. Foi, contudo, um desempenho mais fraco do que o de fevereiro de 2021 (+0,72% e +3.217) e de março de 2021 (+1.824) –quando o Estado ainda emergia da segunda onda. Serviços e comércio puxaram os números para cima. Mas, em sintonia com a crise do IPI e o desabastecimento de insumos, a indústria de transformação (-253) concentrou a maior parte das perdas de vagas, seguida pela agropecuária (-87). 

A maior parte dos novos postos de trabalho vieram de Manaus (+0,33% e +1.370). O Estado também se manteve no azul no trimestre (+1,22% e +5.427 vagas) e no acumulado dos 12 meses (+9,56% e +39.254). O estoque –que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos –caiu para 411.866 ocupações formais. O desempenho proporcional do Amazonas, desta vez, superou a média nacional (+0,33%), embora tenha ficado devendo na comparação com a região Norte (+0,48%). É o que revelam os números do “Novo Caged”, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta quinta (28).

O Brasil gerou 136.189 empregos celetistas, no mês passado, com 1.953.071 contratações e 1.816.882 desligamentos. O número ficou aquém das marcas de fevereiro de 2021 (+328.507) e de 12 meses atrás (+153.431). Quatro das cinco atividades econômicas fecharam março no campo positivo, sendo que a alta foi puxada por serviços (+111.513). O dado negativo veio da agropecuária (15.995). No acumulado do ano, já foram criados 615.173 postos de trabalho. O estoque contabilizou 41.298.229 vínculos empregatícios em todo o país.

Serviços e comércio

Diferente do mês anterior, apenas três dos cinco setores econômicos conseguiram saldos positivos no Amazonas, na variação entre fevereiro e março. Os serviços se mantiveram no topo do ranking de geração de empregos no Estado, respondendo por nada menos do que 87,43% do total do período. O número de novas vagas celetistas para a atividade chegou a 1.447, gerando acréscimo mensal de 0,72%. Em termos absolutos, os destaques vieram dos segmentos de educação (+303), atividades profissionais, científicas e técnicas (+265) e alimentação (+118), entre outras. 

Às vésperas da Páscoa, e depois de passar por um Carnaval atípico, o comércio do Amazonas emendou um segundo mês de crescimento, ao criar 409 postos de trabalho formais, com alta de 0,39% sobre o estoque. O desempenho, no entanto, ficou aquém do de fevereiro (+610). O principal impulso continuou vindo do varejo (+180), seguido pelo atacado (+148) segmento de reparação de veículos (+81).

A construção (+0,48% e +115) veio na terceira posição, sendo favorecida pela construção de edifícios (+81) e serviços especializados (+42), mas não pelas obras de infraestrutura (-8). Na outra ponta, a indústria em geral (-0,20% e -229) respondeu pela maior parte dos cortes, sendo impactada principalmente pelas indústrias de transformação (+253) e, em menor grau, pelo subsetor de eletricidade e gás (-3). A agropecuária (-2,37%) também eliminou empregos, especialmente na produção de lavouras temporárias (-87) e nas atividades de apoio à agricultura e pecuária (-15).

No acumulado do ano apenas três setores conseguiram saldo positivo no Amazonas. A maior variação no crescimento de empregos gerados veio da construção (+3,07%), que gerou 712 novos postos de trabalho. Os serviços (+2,47%) tiveram, de longe, o maior acréscimo de novas vagas (+4.881). O comércio praticamente não cresceu (+0,16% e +167) e a indústria estagnou (0% e -2). O pior desempenho veio da agropecuária (-8,46% e -331).

“Fatores sazonais”

No entendimento do presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, os números do setor foram mais impactados pela sazonalidade nas linhas de produção do que por fatores conjunturais, como a crise do IPI e do fornecimento de insumos. O dirigente lembrou que o segundo semestre costuma reservar números melhores para o PIM, em função das festas de fim de ano e da mudança de estação no Centro-Sul do país. Mas, preferiu não entrar em detalhes sobre suas expectativas para o curto prazo.

“Acho que é uma flutuação normal. Há uma baixa na demanda por aparelhos de ar- condicionado nesta época, por exemplo. As indústrias fazem seus ajustes neste segmento. Consequentemente, no segundo semestre, com a chegada do verão no Sul e Sudeste, há um aumento. Essa redução pequena não causa preocupação. Ainda não tem ligação com nenhuma medida. Nem pela redução da falta de insumos, que vamos sentir mais adiante, por conta do fechamento na China. E também não em função deste decreto”, comentou. 

Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, avalia que, em virtude da visão de longo prazo do setor, ainda não houve tempo para o decreto do IPI produzir impactos nos empregos industriais. O dirigente lembra que a redução do IPI foi efetivada em 25 de fevereiro, véspera de um feriado prolongado. 

“Desta forma, começou a vigorar efetivamente na segunda semana de março, esse reflexo sobre as indústrias locais poderá começar a ser sentido a partir do início do segundo semestre. As empresas possuem um tempo de avaliação e decisão. Não há como desmobilizar toda uma operação em questão de dias. O problema no fornecimento de insumos e a contínua pressão sobre os preços são fatores mais representativos para essa inflexão negativa branda”, ponderou.

Cheia e investimentos

Na mesma linha, o presidente disse à reportagem do Jornal do Commercio que o corte de empregos no setor primário se deve a fatores circunstanciais, como o aumento “muito forte” dos custos dos insumos para a produção. Principalmente no caso de fertilizantes e adubos, em virtude da guerra na Ucrânia. O dirigente cita ainda, especificamente no caso do Amazonas, o inverno mais rigoroso, com “chuvas acima da normalidade” e a subida dos rios. “Outro fator que nos impactou foi o aumento dos combustíveis Com relação aos próximos meses, ainda há uma situação de muita incerteza”, resumiu.

Já o presidente da assembleia geral da ACA, Ataliba David Antonio Filho, avalia que o principal motor das contratações do setor de serviços foi a melhora nas estatísticas da Covid-19 no Estado, impactando principalmente os eventos, bares e restaurantes. No caso do comércio, o impulso viria da aproximação de datas comemorativas e novos investimentos no setor. “Tivemos uma Páscoa de crescimento e nos aproximamos do Dia das Mães. Há também novos grupos empresariais entrando no mercado e fazendo novas contratações, o que contribui também para geração de renda e consumo”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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