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Luso faz 100 anos retomando agenda de festas

Depois de ficar dois anos sem comemorar seu aniversário, por conta da pandemia, o Luso Sporting Club retorna com suas memoráveis festas exatamente quando completará uma data muito especial, 110 anos de existência, no próximo dia 1º de maio. O jantar de aniversário acontecerá no sábado, dia 30, com muitos quitutes portugueses e fado. Nesse mais de século de existência, o Luso nunca havia deixado de comemorar seu aniversário, por isso esse retorno será bastante festejado pela comunidade portuguesa e os manauaras que admiram esse povo irmão e sua rica cultura.

Flávio Grillo, presidente do clube, acrescentou que na realidade foram três anos sem festas, o primeiro, 2019, devido a problemas financeiros, agora totalmente resolvidos desde que ele assumiu a presidência e tem se empenhado em colocar o Luso em evidência, da mesma forma como foi em suas primeiras décadas de existência.

Flávio é filho e neto de portugueses, associado ao Luso desde 1976. Seu maior orgulho é repetir o feito de seu tio, Américo Grillo, que também presidiu o clube de 1964 a 1968. Reeleito em março, por aclamação, para ocupar a presidência até o final de 2024, seu trabalho, desde então, tem sido resgatar os descendentes dos fundadores do clube.

“Nesses dois anos em que a sede ficou praticamente fechada, pesquisei onde estavam os descendentes dos onze fundadores do clube de futebol, que originou esse prédio e descobri doze netos de dois desses fundadores: João dos Santos Braga e Francisco Gomes Rodrigues”, disse Flávio.

Os netos de Francisco Gomes moravam em Porto Velho e desconheciam o passado do avô. Eles estarão presentes durante o jantar de aniversário.

Netos muito bem vindos

A história de João dos Santos Braga é bem interessante. Ele era marceneiro e morava em Santarém. Um amigo dele morava em Manaus e o indicou para trabalhar na parte das madeiras, durante a construção do prédio do Luso. João veio e construiu as janelas, as esquadrias e a escadaria central do clube, em 1936, e aqui ficou. Flávio Grillo descobriu que Rodolfo Braga, proprietário da Splash Pizza, é neto de João dos Santos e desconhecia o fato.

Outra história ainda mais interessante é a do tenor carioca Fernando Portari, que veio a Manaus para cantar no Festival Amazonas de Ópera. Os cantores que irão se apresentar no Festival estão ensaiando nas dependências do Luso. Numa conversa de Flávio com Portari, ele descobriu ser o tenor neto de uma portuguesa assídua frequentadora das festas do Luso há mais de 60 anos. Fernando também desconhecia o passado da avó no Amazonas.    

Nesse seu segundo mandato, Flávio Grillo está empenhado em que os velhos portugueses, com mais de 70, 80 anos, tragam seus netos para o clube e adianta as novidades.

“Vamos inaugurar a rádio e TV web Luso Manaus, além de, com o apoio da Secretaria de Cultura, reinaugurar o Museu do Luso. Em 10 de junho, Dia de Portugal, vamos lançar, no Teatro Amazonas, o selo comemorativo dos 110 anos do Luso, além do hino do clube, que será apresentado pelo Coral do Amazonas e Amazonas Filarmônica. O Luso era o único clube português, no Brasil, que não tinha hino. O hino foi composto pelo desembargador Vicente Malheiros, que trabalha em Belém”, adiantou.

“No nosso balneário tinha a imagem de uma N. Sra. de Fátima. Eu a trouxe para cá. Os portugueses quando chegam aqui choram e se ajoelham diante da imagem. Estou preparando uma sala para ser a capela onde os portugueses e demais católicos poderão fazer suas orações”, informou.

Flávio ainda mandou fazer camisas dos times de futebol e vôlei, dos primórdios, para eternizar os 110 anos do clube.

“As pessoas estão tão ávidas pelo nosso retorno, que os 100 ingressos para o jantar se esgotaram em menos de uma semana. Cada uma das mesas homenageará uma cidade portuguesa, contendo seu histórico”, finalizou.

Anos de glória

Fundado em 1º de maio de 1912, um ano após a Amazônia perder para a Ásia a hegemonia na produção e comércio da borracha, o que fez com que a economia de Manaus e Belém entrasse numa recessão, que durou décadas, o Luso resistiu a essa situação.

O prédio surgiu em função de um time de futebol criado por um grupo de onze comerciantes portugueses sem muitos recursos, mas amantes desse esporte. A sede era a casa de Francisco Gomes Rodrigues, e lá continua até hoje. Em 1934 o time deixou de existir, mas o clube, enquanto espaço de diversão, se manteve, ampliando suas atividades.

O historiador Abrahim Baze, organizador do Museu do Luso, lembra que nas décadas de 1940, 50, 60 e 70, os bailes de Carnaval ‘Viva o Zé Pereira’, nas dependências do clube, eram dos mais concorridos na cidade.

“Sempre estaremos aqui para receber os portugueses de braços abertos, da mesma forma que quem é associado do Luso, recebe uma atenção especial dos nossos irmãos quando viaja para aquele país”, lembrou Flávio.

A sede do Luso fica na rua Monsenhor Coutinho, e o clube ainda possui um balneário, na BR 174, km 2. Além de 1º de maio, também são comemorados no local o 10 de junho e, em dezembro, ocorre o jantar de confraternização da comunidade portuguesa. Quando o embaixador português visita Manaus, também é recebido com honras no Luso.

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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